Pré-Tribulacionismo: Uma Interpretação do Arrebatamento, da Grande Tribulação e do Apocalipse.

Pré-Tribulacionismo: Uma Interpretação do Arrebatamento, da Grande Tribulação e do Apocalipse.

O pré-tribulacionismo é uma visão escatológica que tem sido amplamente debatida e adotada por muitos cristãos ao redor do mundo, especialmente dentro das igrejas evangélicas. Mas o que exatamente significa pré-tribulacionismo? Qual é sua base bíblica e como ele se relaciona com a interpretação do livro do Apocalipse e outras profecias bíblicas?

Segundo o pré-tribulacionismo o arrebatamento da Igreja ocorrerá antes do período conhecido como a Grande Tribulação. Esse período é descrito na Bíblia como um tempo de intensos julgamentos e sofrimento que precederá a segunda vinda de Cristo. Os pré-tribulacionistas acreditam que os crentes em Jesus serão arrebatados, ou seja, levados ao céu antes do início da Tribulação, poupando-os da ira divina que será derramada sobre a Terra.

É importante lembramos que o pré-tribulacionismo é uma interpretação teológica sobre a ordem dos eventos finais narrados no livro do Apocalipse e em outros textos bíblicos. Além desta visão teológica existem várias outras, como por exemplo: Meso-tribulacionismo, Pós-tribulacionismo, Pré-Tribulacionismo Parcial, Pré-milenarismo Histórico, Amilenarismo e Pós-milenarismo.

De todas estas teorias sobre os eventos finais, as mais consideradas e debatidas no entanto são realmente o Pré-Tribulacionismo (a ideia de que o Arrebatamento vai acontecer antes do início da Grande Tribulação), o Mesotribulacionismo (a ideia de que o Arrebatamento vai acontecer no meio da Grande Tribulação) e o Pós-Tribulacionismo (a ideia de que o Arrebatamento vai acontecer no final da Grande Tribulação).

Temos que salientar que estas intepretações não devem ser vistas como confusas ou necessariamente como certas ou erradas. É importante termos várias visões e interpretações no que se refere a temas escatológicos pois assim nós podemos ver, e tentarmos desvendar as profecias bíblicas, partindo de vários pontos de vista diferentes. Um bom estudante do “Estudo das Ultima Coisas” deve tentar conhecer todas as visões e interpretações teológicas sobre estes acontecimentos finais e nunca se envolver em debates ou discussões desnecessárias em relação a estes temas.

Neste estudo iremos falar primeiramente sobre o pré-tribulacionismo, sobre suas bases, como surgiu e o que defende. Em estudos posteriores abordaremos todas as outras visões teológicas relacionadas a este assunto. Você pode conferir todas as nossas publicações relacionadas a Escatologia e Profecias nos seguintes links:

 

Como e quando surgiu o pré-tribulacionismo?

O pré-tribulacionismo é uma visão escatológica dentro do cristianismo que afirma que Jesus Cristo retornará para buscar os crentes (um evento conhecido como o arrebatamento) antes de um período de tribulação de sete anos que precederá seu retorno físico à Terra. Este período de tribulação é visto como um tempo de grande sofrimento e julgamento divino sobre a Terra.

O pré-tribulacionismo é uma visão teológica relativamente recente na história da igreja, desenvolvida no século XIX e popularizada através de movimentos dispensacionalistas e figuras influentes como John Nelson Darby.

A visão pré-tribulacionista não foi amplamente defendida na igreja primitiva ou na Idade Média. As primeiras interpretações escatológicas frequentemente seguiam um modelo amilenista ou pós-milenista. No entanto o fato de ser algo moderno não significa necessariamente que deva ser considerado como errado. Hoje temos uma visão teológica bem mais abrangente da Escatologia que os Cristãos Primitivos tinham.

Durante a Reforma Protestante, as questões escatológicas começaram a receber mais atenção, mas as visões pré-tribulacionistas ainda eram raras.

John Nelson Darby, (18-11- 1800 a 29-04-1882)
John Nelson Darby, (18-11- 1800 a 29-04-1882)

O surgimento do pré-tribulacionismo moderno é geralmente atribuído a John Nelson Darby (1800-1882), um líder dos Irmãos de Plymouth, um movimento protestante. Darby desenvolveu a ideia de que o arrebatamento ocorreria antes da tribulação, separando claramente a Igreja de Israel e as promessas de Deus para cada um. Portanto, o pré-tribulacionismo também é uma parte central da teologia dispensacionalista, que vê a história da salvação dividida em diferentes dispensações ou períodos de tempo, cada um com uma forma distinta de Deus lidar com a humanidade.

No final do século XIX e início do século XX, conferências bíblicas, como as Conferências de Profecia Bíblica de Niagara, ajudaram a popularizar o pré-tribulacionismo nos Estados Unidos. Líderes como C.I. Scofield também foram influentes, com a Scofield Reference Bible (1909) disseminando amplamente essa visão.

A visão pré-tribulacionista tornou-se particularmente influente entre os evangélicos e fundamentalistas nos séculos XX e XXI. Ela é amplamente ensinada em muitas igrejas, seminários e através de mídias populares, como livros e filmes (por exemplo, a série “Left Behind” de Tim LaHaye e Jerry Jenkins).

Filmes, livros e conferências continuam a promover o pré-tribulacionismo, tornando-o uma das visões escatológicas mais reconhecíveis entre os cristãos hoje.

 

O que o Pré-Tribulacionismo defende e quais suas bases bíblicas?

Bases Bíblicas do Pre-Tribulacionismo

O pré-tribulacionismo oferece uma interpretação específica do Apocalipse e outros textos proféticos, posicionando o arrebatamento da Igreja antes da Tribulação. Essa visão é fundamentada em várias passagens bíblicas e se distingue por uma interpretação literal das Escrituras e a separação entre Israel e a Igreja. A relação entre o pré-tribulacionismo e o Apocalipse é central para a compreensão dessa visão escatológica, moldando a expectativa e a esperança dos crentes em relação ao futuro.

Vários versículos bíblicos são usados para apoiar a visão pré-tribulacionista, dentre estes versículos temos os seguintes textos biblicos:

1. Bases Bíblicas sobre o Arrebatamento da Igreja:

“Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.”  (1Tessalonicenses 4:16-17)

Este versículo é fundamental para a doutrina do arrebatamento. Os pré-tribulacionistas acreditam que descreve um evento distinto do retorno físico de Cristo à Terra que é chamado de Segunda Vinda. Eles argumentam que este arrebatamento dos crentes ocorrerá antes da tribulação, com os crentes sendo levados ao céu para escapar da ira futura.

Este evento seria um Arrebatamento onde Jesus virá apenas nas nuvens e dará ordem aos seus anjos para recolher os seus escolhidos dos quatro cantos da Terra. Este evento também é apoiado por outros textos bíblicos segundo os pré-tribulacionistas:

“Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu teria dito a vocês. Vou preparar lugar para vocês. E, quando eu for e preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver. (João 14:1-3)

“Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir”. (Atos1:9-11)

“Mas naqueles dias, após aquela tribulação, ‘o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes celestes serão abalados’. Então se verá o Filho do homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. E ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, dos confins da terra até os confins do céu.” (Marcos 13:24-27)

“Eis que eu digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados.” (1 Coríntios 15:51-52)

“Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, mas unicamente meu Pai. […] Então, estando dois no campo, será levado um e deixado o outro; estando duas moendo no moinho, será levada uma e deixada outra. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.”(Mateus 24:36-42)

“Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor. Mas entendam isto: se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Assim, também vocês precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam. (Mateus 24:42-44)

2. Base Bíblica do por que a Igreja não passará pela Grande Tribulação:

“Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Tessalonicenses 5:9)

“Porque guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” (Apocalipse 3:10)

Os pré-tribulacionistas argumentam que a “ira e a tentação” mencionadas aqui se refere aos julgamentos da Tribulação, dos quais a Igreja será poupada pois segundo os mesmos não parece logico que Cristo faria a sua Igreja ou sua Noiva experimentar da ira de Deus que será derramada no período do Apocalipse durante a Grande Tribulação. Trataremos especificamente sobre este tema de maneira mais aprofundada em outro estudo.

“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” (João 14:2-3)

Os pré-tribulacionistas veem esta passagem de João como uma promessa de Jesus de levar os crentes para estar com Ele antes de retornar à Terra para o julgamento.

3. A Grande Tribulação: Definição e Bases Bíblicas segundo o Pré-tribulacionismo:

A Grande Tribulação é um período de sete anos de intensos julgamentos e sofrimento descrito na Bíblia. Este período é frequentemente dividido em duas metades de três anos e meio cada, com a última metade sendo a mais severa. As bases bíblicas para a Grande Tribulação incluem:

“E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”(Apocalipse 7:14)

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade… Ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares…”(Daniel 9:24-27)

“Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tão-pouco haverá jamais.”(Mateus 24:21)

“Ah! Porque aquele dia é tão grande, que não há outro semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela.”(Jeremias 30:7)

A interpretação pré-tribulacionista sobre os eventos do livro de Apocalipse vê os capítulos 4-18 como descrevendo os eventos da Tribulação, durante os quais a ira de Deus é derramada sobre um mundo incrédulo. A visão do céu em Apocalipse 4-5, onde João é chamado a subir ao céu, é frequentemente vista como uma imagem simbólica do arrebatamento da Igreja.

“Depois destas coisas olhei, e vi uma porta aberta no céu, e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.”(Apocalipse 4:1)

O pré-tribulacionismo associado ao dispensacionalismo, vê a história da redenção dividida em diferentes períodos ou dispensações. Segundo esta visão, a Tribulação faz parte da dispensação da Lei e das promessas a Israel, enquanto o arrebatamento encerra a dispensação da Graça ou da Igreja. Portanto, segundo esta visão, a Igreja não pode vir a sofrer uma punição, ou período reservado apenas ao povo de Israel.

 

Quais os pontos fortes do Pré-Tribulacionismo em relação as outras interpretações?

Os pontos fortes do Pre-Tribulacionismo

Como mencionamos no inicio deste estudo, devemos levar em conta todas as interpretações escatológicas sobre qualquer tema e termos um conhecimento abrangente de cada visão teológica, já que todas estas teorias trazem pontos fortes e pontos fracos. Isso não significa dizer que devemos abraçar heresias ou doutrinas antibíblicas.

No caso do pré-tribulacionismo, ele concorda em vários aspectos com outras interpretações bíblicas, pois quase todos os grupos cristãos acreditam em 3 acontecimentos muito importantes: Arrebatamento da Igreja, Grande Tribulação e a Segunda Vinda ou a Volta de Cristo para estabelecer seu reinado na Terra. (João 14:1-3; 1 Coríntios 15:51-52; 1 Tessalonicenses 4:16-17).

O que difere basicamente uma visão da outra é quando o Arrebatamento vai acontecer em relação a Grande Tribulação e outros pequenos pontos que abordaremos aqui.

A separação da Volta de Cristo em duas etapas:

Como o pré-tribulacionismo ensina que o Arrebatamento vai ocorrer antes da Grande Tribulação isso acaba separando o Arrebatamento e a Segunda Vinda de Cristo por um período de sete anos o que não é observado em outras intepretações onde estes eventos acontecem basicamente ao mesmo tempo. Além do mais a Igreja não passará por nenhuma tribulação ou sofrerá os martírios e sofrimentos referidos aos santos. conforme acreditam outras correntes teológicas.

Muitos pós-tribulacionistas criticam esta visão afirmando que ela torna o Arrebatamento uma espécie de evento “V.I.P” muito conveniente para cristãos que não querem se submeter ao sofrimento.

Contra este argumento a visão pré-tribulacional responde que a igreja não está designada para a ira (1Tessalonicenses 1:9-10, 5:9), e que é correto de um ponto de vista bíblico que e os cristãos não serão surpreendidos pelo Dia do Senhor (1 Tessalonicenses 5:1-9).

Também é usada a ideia dispensacionalista de que foi prometido a igreja de Filadélfia que ela seria guardada da “hora da provação que virá sobre o mundo inteiro” (Apocalipse 3:10).

A distinção entre o povo de Israel e a Igreja de Cristo no cumprimento das profecias e da Grande Tribulação:

O pré-tribulacionismo baseado no Dispensacionalismo defende a ideia da distinção entre a Igreja de Cristo e o povo de Israel, afirmando que existe um tratamento especifico de Deus para cada um deles. Logo, este grupo acredita que existem profecias especificas para o povo judeu e profecias especificas só para a Igreja de Cristo.

Um exemplo disso são as profecias das Setenta Semanas de Daniel (Daniel 9:24) onde os setenta “setes” são decretados sobre o povo de Daniel (os judeus) e a cidade santa de Daniel (Jerusalém).

Nesta profecia temos a “Grande Tribulação” representada pela septuagésima semana como um “tempo de purificação para Israel e Jerusalém,” não especificamente para a Igreja de Cristo. Partindo dessa premissa os pré-tribulacionistas afirmam que a Igreja não faz parte dessa profecia, portanto não poderá passar pela a Grande Tribulação descrita no Livro de Apocalipse. Esta linha de raciocínio vai exigir então que a Igreja seja retirada da Terra para que Israel possa ser purificado. Neste intervalo eles adicionam o Arrebatamento que solucionaria esta questão.

A palavra “igreja” não aparece quando o Livro de Apocalipse menciona a Grande Tribulação:

No livro de Apocalipse podemos encontrar a palavra “igreja” nos três capítulos iniciais cerca de 19 vezes, mas após estes capítulos ela só vai aparecer novamente depois do capitulo 22. Ou seja, a palavra “igreja” não aparece no contexto da Grande Tribulação e este é também um dos principais argumentos usados para embasar a ideia de que a Igreja de Cristo não viverá este momento.

O uso do contexto bíblico para justificar um Arrebatamento precoce:

Outra diferença usada para justificar o pré-tribulacionismo pelos pré-tribulacionistas é o contexto bíblico de vários personagens da Bíblia que foram retirados de suas cidades ou locais onde viviam antes de Deus mandar uma grande destruição ou punir os ímpios com sua justiça divina.

Como exemplo disso temos Ló, que foi alertado por anjos antes da destruição de Sodoma e Gomorra e ordenado a sair da terra onde vivia (Gênesis 19). Noé, que sob as ordens de Deus construiu uma arca para que se salvasse juntamente com seus familiares e animais escolhidos por Deus e iniciarem uma nova civilização (Gênesis 6:13–9:29). Raabe que foi retirada de Jericó antes da destruição (2 Pedro 2:6-9).

Visão parecida com a da Igreja Primitiva:

Embora o pré-tribulacionismo seja uma teoria relativamente jovem, ainda podemos encontrar muitas semelhanças com o que a Igreja Primitiva acreditava. Os cristãos primitivos também acreditavam na eminente volta de Jesus, tanto que ainda o esperavam para os seus dias. Esta ideia é incompatível com outras teorias e interpretações teológicas, mas no pré-tribulacionismo é um princípio fundamental.

 

Por que a grande maioria das igrejas brasileiras são Pré-Tribulacionistas?

A prevalência do pré-tribulacionismo nas igrejas brasileiras é o resultado de uma combinação de influências históricas, teológicas, culturais e práticas. Desde a influência dos missionários americanos e a literatura cristã até a formação teológica em instituições que promovem essa visão, o pré-tribulacionismo se estabeleceu como uma doutrina dominante. Além disso, a mensagem de esperança e conforto oferecida por essa perspectiva escatológica contribui para sua contínua aceitação e promoção entre os cristãos brasileiros:

1. Influência dos Missionários e Movimentos Americanos:

No final do século XIX e início do século XX, muitos missionários americanos vieram ao Brasil para evangelizar e plantar igrejas. Estes missionários, em sua maioria, pertenciam a denominações que já tinham adotado o dispensacionalismo e o pré-tribulacionismo.

Movimentos como o pentecostalismo, que ganharam força no Brasil no início do século XX, foram fortemente influenciados pelo dispensacionalismo pré-tribulacionista. A Assembleia de Deus, uma das maiores denominações pentecostais no Brasil, é um exemplo significativo dessa influência.

2. Literatura e Mídia Cristã:

Publicações como a Bíblia de Referência Scofield, que promove o dispensacionalismo pré-tribulacionista, foram amplamente distribuídas e utilizadas no Brasil. Este tipo de literatura ajudou a disseminar a visão pré-tribulacionista entre os pastores e líderes eclesiásticos.

Obras populares como a série “Deixados para Trás” (Left Behind) de Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins, bem como filmes baseados na mesma, contribuíram para popularizar a visão pré-tribulacionista entre os cristãos brasileiros.

3. Instituições Teológicas:

Muitos seminários e instituições teológicas evangélicas no Brasil adotaram currículos influenciados pelo dispensacionalismo pré-tribulacionista, formando pastores e líderes que perpetuaram essa visão em suas congregações.

A formação teológica de muitos pastores brasileiros em seminários internacionais, especialmente nos Estados Unidos, reforçou a disseminação do pré-tribulacionismo.

4. Conveniência Pastoral e Esperança Escatológica:

A visão pré-tribulacionista oferece uma perspectiva de esperança e consolo, pois promete que os crentes serão poupados do período de tribulação. Esta mensagem é frequentemente mais atraente e reconfortante para os fiéis.

A pregação sobre o arrebatamento iminente pode incentivar a vigilância e a santidade entre os crentes, reforçando práticas devocionais e um estilo de vida comprometido com os ensinamentos bíblicos.

5.Tradição e Continuidade:

Muitas igrejas brasileiras seguem tradições teológicas estabelecidas por suas denominações fundadoras. Como o pré-tribulacionismo foi a visão inicial adotada por muitas dessas denominações, ele continua a ser promovido e ensinado.

Uma vez estabelecida, a doutrina do pré-tribulacionismo se manteve forte, sendo passada de geração em geração como parte integral do ensino eclesiástico.

6. Resistência a Mudanças:

Mudanças doutrinárias significativas podem ser difíceis de implementar e podem encontrar resistência entre os membros da igreja. Muitas congregações preferem manter a conformidade com as doutrinas estabelecidas.

As igrejas frequentemente valorizam a unidade doutrinária e podem evitar questões que poderiam causar divisão, como a escatologia. Assim, mantêm a visão pré-tribulacionista para preservar a coesão interna.

 

Conclusão:

Ainda que o pré-tribulacionismo seja uma interpretação escatológica muito nova dos acontecimentos apocalípticos, mais especificamente sobre Arrebatamento, Grande Tribulação e Milênio, isso não o desqualifica em relação as outras interpretações bíblicas. Sabemos que muito do conteúdo teológico que temos hoje não era debatido nas primeiras comunidades cristãs e boa parte da teologia protestante surgiu após a Reforma.

Apesar das várias interpretações escatológicas, o pré-tribulacionismo é valorizado por sua abordagem clara e esperançosa dos eventos finais. Ele apresenta uma leitura coerente das Escrituras, mantendo a promessa de proteção divina e a distinção entre Israel e a Igreja. Além disso, oferece uma visão que sustenta a expectativa de uma volta iminente de Cristo, proporcionando conforto e encorajamento aos crentes.

Essa visão também se alinha com o ensino de Jesus em João 14:2-3, onde Ele promete voltar e levar Seus seguidores para estar com Ele, interpretado como uma referência ao arrebatamento antes da Tribulação. Além disso, o pré-tribulacionismo oferece uma esperança constante e imediata para a Igreja, mantendo a expectativa de que o arrebatamento pode ocorrer a qualquer momento, sem necessidade de outros eventos precedentes. Esta perspectiva é sustentada por passagens como Tito 2:13, que encorajam os crentes a aguardarem “a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo”.

Picture of Monteiro Junior

Monteiro Junior

Pastor e estudante das Escrituras, idealizador do Projeto "O Pesquisador Cristão." Estudou Teologia e Sistemas de Informação. Atualmente dedica-se a pesquisas relacionadas a História do Cristianismo, Novo e Antigo Testamento. Acredita e defende a "busca e compartilhamento do conhecimento nos tempos modernos..."

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Pastor e estudante das Escrituras, idealizador do Projeto "O Pesquisador Cristão." Estudou Teologia e Sistemas de Informação. Atualmente dedica-se a pesquisas relacionadas a História do Cristianismo, Novo e Antigo Testamento. Acredita e defende a "busca e compartilhamento do conhecimento nos tempos modernos..."