Pós-Tribulacionismo: A Igreja de Cristo que passará pela Grande Tribulação.

Pós-Tribulacionismo: A Igreja de Cristo que passará pela Grande Tribulação.

O Pós-Tribulacionismo é uma visão teológica dentro da Escatologia Bíblica que se diferencia do Pré-Tribulacionismo e do Mesotribulacionismo, principalmente por afirmar que a Igreja de Cristo passará por todo o período de tribulação, incluindo a Grande Tribulação.

Nesta visão, os crentes estarão presentes durante todo o período de Tribulação, passando por sofrimentos e provações, mas sendo sustentados por Deus em meio às dificuldades. Somente no fim desse período, a Igreja será arrebatada para encontrar Jesus nos ares, seguido pelo retorno visível de Cristo para estabelecer o Seu Reino milenar.

O Pós-Tribulacionismo oferece uma perspectiva robusta, alinhada com a história da Igreja e com o padrão bíblico de provações. Ele desafia os crentes a confiar no poder de Deus para preservá-los, mesmo em tempos de extrema dificuldade.

A visão pós-tribulacionista pode ser considerada a mais antiga a ser proposta para o período apocalíptico descrito e profetizado na Bíblia, pois ela remonta possivelmente o tempo dos primeiros cristãos.

A maioria dos estudiosos concorda que os cristãos primitivos eram, em sua maioria, pós-tribulacionistas em sua visão escatológica. Isso se baseia em textos históricos, escritos dos Pais da Igreja e na interpretação predominante das Escrituras durante os primeiros séculos do cristianismo. A seguir, explicaremos por que isso é amplamente aceito e quais são os fundamentos para tal afirmação.

Você também pode estudar a fundo todas as visões escatológicas sobre o fim dos tempos em nossa coletânea de Estudos Bíblicos nos links a seguir:

 

Pós-Tribulacionismo, a escatologia dos primeiros cristãos.

Os primeiros cristãos enfrentaram severas perseguições sob o Império Romano, como as promovidas por Nero e Domiciano. Para eles, essas perseguições eram uma antecipação da Grande Tribulação. Eles viam o sofrimento como parte de sua jornada cristã e esperavam passar por tribulações maiores antes do retorno de Cristo.

A ideia de um Arrebatamento pré-tribulacional não aparece nos escritos dos cristãos primitivos. A separação entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda foi introduzida muito mais tarde, no século XIX, por John Nelson Darby, fundador do dispensacionalismo.

Os cristãos primitivos interpretavam passagens como Mateus 24 e Apocalipse 13 de maneira literal, acreditando que os santos estariam presentes durante o governo do Anticristo e o período de tribulação.

Essa visão moldou a teologia da Igreja nos primeiros séculos, destacando a perseverança e o testemunho dos crentes em tempos difíceis.

1. Evidências da visão pós-tribulacionista nos Pais da Igreja.

Justino Mártir (100–165 d.C.)

Justino escreveu que os cristãos esperavam passar por um período de grande tribulação antes do retorno de Cristo. Em seu “Diálogo com Trifão,” ele afirmou que o Anticristo surgiria antes do retorno de Cristo, e os santos enfrentariam esse período.

Ireneu de Lyon (130–202 d.C.)

Ireneu, em sua obra “Contra as Heresias,” ensinava que o Anticristo apareceria e que a Igreja passaria por tribulações antes da Segunda Vinda de Cristo. Ele via o surgimento do Anticristo como parte de um cenário necessário antes da consumação final.

Tertuliano (155–240 d.C.)

Tertuliano reconhecia a necessidade de resistência contra o Anticristo e a perseverança dos santos durante tempos de perseguição e tribulação. Ele não mencionava um livramento da Igreja antes desse período.

Hipólito de Roma (170–235 d.C.)

Hipólito, em seus escritos, elaborou sobre os eventos do fim, afirmando que os cristãos deveriam permanecer firmes durante o governo do Anticristo e esperar pelo retorno visível de Cristo após esse tempo.

2. A Perspectiva Bíblica dos Cristãos Primitivos.

Os cristãos primitivos baseavam sua interpretação em textos bíblicos que pareciam indicar que a Igreja enfrentaria tribulações antes da volta de Cristo. Entre os textos mais citados estavam:

Mateus 24:29-31: A sequência dos eventos (tribulação, sinais celestes, retorno de Cristo e reunião dos santos) reforçava a visão pós-tribulacionista.

2 Tessalonicenses 2:1-4: A necessidade de apostasia e da revelação do Anticristo antes da volta de Cristo sugeria que a Igreja estaria presente durante esses eventos.

João 16:33: A promessa de Jesus de que os crentes enfrentariam aflições no mundo era vista como uma preparação para enfrentar tribulações futuras.

Apocalipse 13:7: A guerra do Anticristo contra os santos era interpretada como um sinal claro de que os cristãos estariam presentes durante a Tribulação.

As visões escatológicas modernas, como o Pré-Tribulacionismo e Mesotribulacionismo, introduziram conceitos como a separação entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda, o que não era comum entre os cristãos primitivos. Esses primeiros cristãos esperavam que Cristo retornasse após a Tribulação e viam sua fidelidade durante esse período como uma demonstração de sua perseverança.

 

O que o Pós-Tribulacionismo defende e quais as suas bases bíblicas?

O Pós-Tribulacionismo não só afirma que a Igreja de Cristo passará por todo o período da tribulação, mas também defende que a Igreja estará presente como uma espécie de testemunha de Cristo em meio às adversidades.

Na visão pós-tribulacionista o Arrebatamento da Igreja ocorre simultaneamente ou imediatamente antes do retorno visível de Cristo à Terra, ao final da Tribulação.

O retorno de Cristo e o Arrebatamento são um único evento, não duas fases separadas conforme as outras interpretações afirmam.

As bases bíblicas do Pós-Tribulacionismo.

O Pós-Tribulacionismo se apoia em passagens bíblicas que enfatizam a perseverança dos santos, a sequência cronológica dos eventos escatológicos e a promessa de Cristo de que sua Igreja enfrentará tribulações antes de sua Segunda Vinda. A interpretação literal e contextual dessas passagens sustenta a visão de que o Arrebatamento ocorre no final da Tribulação, simultaneamente ao retorno de Cristo.

Uma das principais base bíblicas usadas pelo Pré-Tribulacionismo é o capítulo 24 do livro de Mateus:

“Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. E todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória. Ele enviará os seus anjos com grande som de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.” (Mateus 24:29-31)

Aqui os pós-tribulacionistas afirmam que o texto estabelece uma sequência clara dos acontecimentos: primeiro a tribulação, depois o retorno de Cristo e o Arrebatamento (reunião dos escolhidos), e que o uso de termos como “os seus escolhidos” aponta para a Igreja como estando presente durante a Tribulação, sendo arrebatada apenas após esses eventos.

Portanto, se os eventos narrados em Mateus seguirem a ordem proposta, a visão pós-tribulacionista seria a correta.

Também são usado textos bíblicos como os de João para defender a ideia de que a Igreja passaria pela Tribulação:

“Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. No mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.” (João 16:33),

Jesus promete aflições aos seus seguidores no mundo, indicando que os crentes não seriam poupados de dificuldades e perseguições, incluindo a Grande Tribulação. A promessa de vitória está em Cristo, não na isenção de sofrimentos.

Paulo ensina que o retorno de Cristo não ocorrerá antes da apostasia e da revelação do Anticristo. Isso também comprovaria que a Igreja estará presente durante esses eventos, que fazem parte da Grande Tribulação.

“Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso encontro com ele, pedimos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente, quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós, como se o dia do Senhor já tivesse chegado. Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes desse dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição. Este se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de se assentar no santuário de Deus, proclamando que ele mesmo é Deus.” (2 Tessalonicenses 2:1-4)

A visão pós-tribulacionista defende que os santos mencionados são claramente identificados como aqueles que passaram pela Grande Tribulação, reforçando a ideia de que os crentes estarão presentes durante esse período. O fato de lavarem suas vestes no sangue do Cordeiro aponta para a fidelidade e perseverança da Igreja mesmo em meio às provações.

“Então um dos anciãos me perguntou: ‘Quem são e de onde vieram estes que estão vestidos de branco?’ Respondi: ‘Senhor, tu o sabes’. E ele disse: ‘Estes são os que vieram da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro.’”(Apocalipse 7:13-14)

O Anticristo fará guerra contra os santos, o que sugere que os cristãos estarão na Terra durante o seu governo.

“Foi-lhe permitido fazer guerra contra os santos e vencê-los. Também lhe foi dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação.” (Apocalipse 13:7)

A expressão “vencê-los” indica perseguição severa, mas não derrota espiritual, reforçando a necessidade de perseverança.

Os pós-tribulacionistas defendem que o evento descrito como “primeira ressurreição” mencionado no livro de Apocalipse que inclui os mártires da Grande Tribulação, aponta para um único evento no final desse período.

A ressurreição dos mortos e o reinado com Cristo são descritos como simultâneos, alinhando-se à visão pós-tribulacionista de um Arrebatamento no final da Tribulação.

“Vi tronos em que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para julgar. Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e por causa da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos. O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurados e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele durante mil anos.” (Apocalipse 20:4-6)

Outro texto bíblico que reforça a visão pós-tribulacionista é a passagem de Romanos 8:18-23, onde são mencionados os sofrimentos da Tribulação:

“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. A criação aguarda com grande expectativa a manifestação dos filhos de Deus. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação seja libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a criação geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, aguardando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo.”(Romanos 8:18-23)

Os “sofrimentos atuais” incluem perseguições e tribulações que os cristãos enfrentam como parte de sua caminhada até a redenção final.

A manifestação dos filhos de Deus, que se dá na ressurreição e glorificação, ocorre no contexto da restauração de toda a criação, o que é esperado no final da Tribulação.

Versículos como Apocalipse 14:12 (“Aqui está a perseverança dos santos, que obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus”) reforçam que a Igreja deve perseverar até o fim, enfrentando a Tribulação como um testemunho de sua fidelidade.

 

Quais os pontos fortes do Pós-Tribulacionismo em relação as outras interpretações?

O Pós-Tribulacionismo apresenta diversos pontos fortes em relação ao Pré-Tribulacionismo e ao Mesotribulacionismo, sendo uma interpretação consistente com a visão histórica da Igreja e as Escrituras. Aqui estão os principais argumentos e vantagens dessa perspectiva:

1. Coerência com a narrativa bíblica.

O Pós-Tribulacionismo argumenta que as Escrituras frequentemente apresentam a Grande Tribulação seguida pela Segunda Vinda de Cristo e o Arrebatamento, sem a necessidade de dividir esses eventos em momentos distintos.

Mateus 24:29-31 descreve a Segunda Vinda e o Arrebatamento como ocorrendo “logo em seguida à tribulação daqueles dias”, sem mencionar um arrebatamento anterior.

2. Ênfase na perseverança da Igreja.

O Pós-Tribulacionismo destaca o chamado bíblico à perseverança dos santos em meio às tribulações. Textos como João 16:33 e Apocalipse 14:12 ensinam que os crentes devem enfrentar adversidades até o retorno de Cristo, fortalecendo a ideia de que a Igreja não será removida do mundo antes desse período.

Essa visão evita a ideia de que os cristãos seriam isentados de sofrimentos, o que poderia gerar falsas expectativas.

3. Consistência histórica.

Muitos dos primeiros cristãos acreditavam que a Igreja passaria pela tribulação antes do retorno de Cristo. Pais da Igreja, como Irineu e Justino Mártir, escreveram sobre a necessidade de enfrentar perseguições, o que sugere uma interpretação pós-tribulacionista.

As outras visões surgiram apenas a partir do século XIX, enquanto o Pós-Tribulacionismo está mais alinhado à tradição cristã primitiva.

4. Unidade entre Segunda Vinda e Arrebatamento.

O Pós-Tribulacionismo evita a necessidade de dividir o retorno de Cristo em dois eventos distintos (Arrebatamento antes da Tribulação e Segunda Vinda após). Ele interpreta que ambos ocorrem simultaneamente.

O texto de 1 Tessalonicenses 4:16-17 descreve os crentes sendo arrebatados ao encontro do Senhor nos ares, mas não menciona uma retirada anterior à Tribulação, enquanto Apocalipse 19 descreve Cristo vindo em glória ao final da Tribulação.

5. Harmonia com o sofrimento cristão.

A Bíblia frequentemente apresenta o sofrimento como parte do discipulado cristão. O Pós-Tribulacionismo reconhece que a Grande Tribulação é um período de purificação e testemunho da Igreja, alinhando-se à mensagem de passagens como Romanos 8:17-18 e 1 Pedro 4:12-13.

Ele refuta a ideia de que os crentes seriam poupados de dificuldades, algo que muitos consideram desconectado da realidade histórica e bíblica.

6. Simplicidade interpretativa.

O Pós-Tribulacionismo não requer uma cronologia complexa ou lacunas temporais significativas. Ele interpreta os textos escatológicos como parte de um fluxo contínuo: A Grande Tribulação → Segunda Vinda → Arrebatamento → Reino Milenar. Já o Mesotribulacionismo, por exemplo, depende de uma interpretação específica sobre o momento em que “a ira de Deus” começa, enquanto o Pós-Tribulacionismo trata toda a Tribulação como um único período de juízo divino.

7. Fortalece o senso de missão e testemunho.

Enfatiza que a Igreja estará presente durante os tempos mais difíceis da história humana para cumprir seu papel como testemunha de Cristo. Isso está de acordo com textos como Mateus 28:19-20, que garantem a presença de Cristo com a Igreja “até o fim dos tempos”.

Em relação ao Pré-Tribulacionismo: Este pode ser criticado por minimizar o papel da Igreja durante a Grande Tribulação.

8. Rejeição do “escapismo.”

Ao contrário do Pré-Tribulacionismo, o Pós-Tribulacionismo rejeita a ideia de que os crentes seriam “escapados” da Tribulação, mas os encoraja a confiar no sustento de Deus em meio ao sofrimento.

Passagens como Daniel 3 (a preservação dos amigos de Daniel na fornalha) e João 17:15 (“Não peço que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno”) reforçam a ideia de proteção divina durante períodos de adversidade.

Os pontos fortes do Pós-Tribulacionismo incluem sua coerência bíblica, base histórica e foco na perseverança e missão da Igreja. Ele oferece uma interpretação robusta e direta das Escrituras, destacando o papel da Igreja como testemunha fiel até o fim e rejeitando a ideia de uma remoção antecipada das tribulações. Por isso, muitos o consideram uma visão que reflete com precisão o ensino bíblico sobre os tempos finais.

 

Quais os pontos fracos do Pós-Tribulacionismo?

Embora o Pós-Trubulacionismo seja uma visão histórica bem consolidada e aceita por milhares de estudiosos durante todo o período da existência da Igreja Cristã, como toda visão escatológica existem pontos fracos e questões difíceis de serem respondidas. Abaixo estão reunidos os principais pontos fracos que conseguimos levantar:

1. Confusão entre Igreja e Israel.

O Pós-Tribulacionismo não distingue claramente entre o papel da Igreja e o papel de Israel nas profecias. Os pré-tribulacionistas, por exemplo, argumentam que a Tribulação é um período focado principalmente no cumprimento das promessas a Israel (Daniel 9:24-27) e que a Igreja não está envolvida nesse momento.

A ausência dessa distinção pode gerar interpretações que misturam os planos de Deus para a Igreja e para Israel, o que não é totalmente aceito por todos os estudiosos.

2. Promessas de livramento para os crentes ignoradas.

Textos como 1 Tessalonicenses 1:10 e Apocalipse 3:10 sugerem que os crentes serão “livrados da ira vindoura”. O Pós-Tribulacionismo interpreta essa “ira” como sendo a condenação final, mas outros argumentam que ela se refere à Tribulação como um todo.

Se Deus promete proteger Seu povo da “ira”, por que a Igreja seria deixada para passar por todo o período da Grande Tribulação?

3. Incompatibilidade com a “imprevisibilidade” da vinda de Cristo.

Passagens como Mateus 24:36-44 e 1 Tessalonicenses 5:2-3 enfatizam que o retorno de Cristo será inesperado, como um “ladrão de noite”. No Pós-Tribulacionismo, se o Arrebatamento ocorre ao final da Tribulação, ele poderia ser previsível, já que a duração dos eventos da Tribulação é claramente descrita como sete anos (Daniel 9:27; Apocalipse 11:2-3).

O Pós-Tribulacionismo parece dificultar a aplicação da imprevisibilidade da volta de Cristo, já que os eventos finais dariam pistas claras de sua proximidade.

4. Dificuldade de explicar o Arrebatamento e a Segunda Vinda como eventos distintos.

No Pós-Tribulacionismo, o Arrebatamento ocorre simultaneamente à Segunda Vinda de Cristo. Contudo, passagens como 1 Tessalonicenses 4:16-17 e Apocalipse 19:11-21 descrevem o Arrebatamento e a Segunda Vinda com detalhes que parecem diferentes (ex.: no Arrebatamento, os crentes são levados às nuvens; na Segunda Vinda, Cristo pisa na terra para reinar).

A fusão desses eventos levanta questões sobre a sequência dos acontecimentos e a natureza da transformação dos crentes.

5. Problema com o povo que entra no Milênio.

Se todos os crentes vivos são arrebatados no final da Tribulação e os ímpios são julgados, quem resta para entrar no Reino Milenar (Apocalipse 20:1-6) e repovoar a terra? A lógica pré-tribulacionista é que os sobreviventes da Tribulação (não arrebatados) cumpririam esse papel.

O Pós-Tribulacionismo tem dificuldade em explicar como haverá pessoas não glorificadas no Milênio, caso todos sejam transformados ou julgados na Segunda Vinda.

6. Intensa perseguição à Igreja.

O Pós-Tribulacionismo sustenta que a Igreja será severamente perseguida durante a Grande Tribulação, enfrentando o Anticristo, a ira de Deus e o caos global. Isso parece contradizer passagens como Romanos 8:1 (“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”), que sugerem uma proteção espiritual especial para os crentes.

Muitos argumentam que Deus não permitiria que Sua Igreja fosse submetida a um período de sofrimento tão intenso.

7. Complexidade na interpretação dos textos escatológicos.

Para sustentar o Pós-Tribulacionismo, é necessário interpretar várias passagens escatológicas de forma simbólica, como os juízos, o papel de Israel e os tempos proféticos. Por exemplo, os 144.000 selados em Apocalipse 7 são frequentemente vistos como judeus literais no Pré-Tribulacionismo, mas como um símbolo da Igreja no Pós-Tribulacionismo.

Essa abordagem simbólica pode ser vista como uma forçação de significado, em vez de uma leitura natural e literal do texto.

Os pontos fracos do Pós-Tribulacionismo estão relacionados principalmente à dificuldade em conciliar suas interpretações com textos que sugerem livramento, a imprevisibilidade da volta de Cristo e a sequência dos eventos escatológicos. No entanto, esses desafios não anulam os méritos dessa visão, que valoriza a perseverança e a preparação da Igreja para enfrentar tempos difíceis, mas podem levar alguns estudiosos a adotar outras posições como o Pré ou Meso-Tribulacionismo.

 

Conclusão:

O Pós-tribulacionismo apresenta uma visão escatológica em que o arrebatamento da Igreja ocorre no final da Grande Tribulação, pouco antes do retorno visível de Cristo para estabelecer o Seu Reino milenar. Essa interpretação baseia-se em uma leitura literal e cronológica de textos como Mateus 24, João 6 e Apocalipse 19, argumentando que a Igreja está presente na Terra durante a Tribulação e experimenta as provações descritas, mas é preservada espiritualmente por Deus. Os pós-tribulacionistas destacam o exemplo dos cristãos primitivos, que enfrentaram perseguições e martírios, e a promessa de que os crentes devem estar preparados para suportar tribulações até a vinda de Cristo. Um dos principais pontos fortes dessa visão é o seu foco na perseverança e na vitória de Cristo, enfatizando que o arrebatamento não é uma fuga, mas parte do triunfo final. Contudo, desafios incluem explicar a aparente contradição entre o arrebatamento e a subsequente descida com Cristo e a ausência de referência explícita a dois eventos separados no texto bíblico. Apesar das controvérsias, o Pós-tribulacionismo reforça a importância da fidelidade e da vigilância da Igreja em meio às adversidades, confiando na redenção definitiva que será consumada na segunda vinda de Cristo.

 

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Monteiro Junior

Pastor e estudante das Escrituras, idealizador do Projeto "O Pesquisador Cristão." Estudou Teologia e Sistemas de Informação. Atualmente dedica-se a pesquisas relacionadas a História do Cristianismo, Novo e Antigo Testamento. Acredita e defende a "busca e compartilhamento do conhecimento nos tempos modernos..."

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Pastor e estudante das Escrituras, idealizador do Projeto "O Pesquisador Cristão." Estudou Teologia e Sistemas de Informação. Atualmente dedica-se a pesquisas relacionadas a História do Cristianismo, Novo e Antigo Testamento. Acredita e defende a "busca e compartilhamento do conhecimento nos tempos modernos..."