Quando falamos da crucificação e principalmente da ressurreição de Jesus Cristo, estamos nos referindo a uma doutrina central do cristianismo, pois, sem a ressurreição de Jesus, simplesmente não existiria o cristianismo. A própria Bíblia afirma que a ressurreição é o que confirma a nossa justificação. Sem a ressurreição, a obra da redenção não estaria completa, nenhum pecador seria justificado e, portanto, ninguém seria salvo. A Bíblia nos deixa isso bem claro quando afirma:
“ mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação .” (Romanos 4: 24,25)
O Novo Testamento também menciona, nos textos do apóstolo Paulo, que, sem a ressurreição de Jesus Cristo, a fé e a pregação seriam inúteis, e até mesmo os seus discípulos seriam considerados falsas testemunhas.
“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação , e vã , a vossa fé ; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus , porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam.” (1 Coríntios 15:14,15)
Portanto, sem a certeza da ressurreição de Cristo após sua crucificação, toda a fé cristã não passaria de um grande engano.
Mas e se a ressurreição de Cristo for uma mentira? Ou se não pudermos saber com certeza se ela realmente aconteceu?
É claro que não é fácil obter provas concretas de que um judeu chamado Jesus, que viveu há mais de dois mil anos, não apenas foi uma figura extraordinária, mas também morreu em uma cruz e, após três dias, ressuscitou. No entanto, ainda que essa ideia pareça difícil de aceitar, ou até mesmo absurda para alguns, há diversas evidências que apontam para esse acontecimento.
Vários estudiosos, tanto crentes quanto céticos, têm analisado registros históricos, textos antigos e evidências indiretas para determinar se há fundamentos sólidos para a crença na ressurreição. Este estudo explora as evidências documentais, arqueológicas e históricas que podem sustentar ou refutar a ressurreição de Jesus.
Neste artigo em especial vamos analisar o panorama histórico. Mostraremos evidências da afirmação da ressurreição, para posteriormente, em outras publicações explicarmos o porquê podemos crer que Jesus realmente ressuscitou dos mortos.
A Crucificação de Jesus e sua ressurreição mencionados em documentos não cristãos.
Embora os Evangelhos e outras porções do Novo Testamento mencionem, em vários momentos, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, existem também fontes extra-bíblicas que fazem referência a esses eventos.
Muitos dos registros históricos utilizados pelos cristãos para comprovar a existência de Jesus também mencionam sua crucificação e a crença em sua ressurreição. Um exemplo claro disso são os escritos do historiador judeu Flávio Josefo.
1. Flávio Josefo (37-100 d.C.) – Historiador judeu.
Em sua obra Antiguidades Judaicas, Josefo menciona a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Esse trecho, conhecido como Testimonium Flavianum, foi preservado em diferentes versões, incluindo a grega, a árabe e a eslava. A seguir, apresentamos a versão grega:
“Por essa época apareceu Jesus, um homem sábio, se é que devemos chamá-lo de homem. Pois ele era operador de feitos surpreendentes, mestre de pessoas que recebiam a verdade com prazer. Ele conquistou muitos judeus e muitos dos gregos. Ele era o Cristo. Quando Pilatos, por causa de uma acusação feita pelos principais entre nós, o condenou à cruz, aqueles que o haviam amado desde o princípio não deixaram de fazê-lo. Pois ele apareceu a eles no terceiro dia, vivo novamente, como os profetas de Deus haviam predito, junto com mil outras coisas maravilhosas a seu respeito.” (Antiguidades Judaicas 18.3.3 – Testimonium Flavianum)
Nesta versão, Josefo não apenas menciona a morte de Jesus, mas também afirma que ele apareceu vivo após três dias.
A autenticidade desse trecho é debatida, pois há indícios de que tenha sido alterado por escribas cristãos. No entanto, a maioria dos estudiosos aceita que Josefo mencionou Jesus e sua crucificação em uma forma menos cristianizada. Isso pode ser observado na versão árabe do mesmo texto, que transcreveremos a seguir:
“Neste tempo, apareceu um homem sábio chamado Jesus. Sua conduta era boa, e ele era conhecido por sua virtude. Muitos dentre os judeus e outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou à crucificação e à morte. Mas aqueles que haviam se tornado seus discípulos não abandonaram seu discipulado. Eles relataram que ele lhes havia aparecido três dias após sua crucificação e que estava vivo. Por essa razão, ele era talvez o Messias sobre quem os profetas haviam dito maravilhas.” (Versão Árabe do Testimonium Flavianum)
A versão árabe, encontrada em uma tradução da História Universal de Agápio (século X), apresenta um texto menos problemático e ainda preserva a citação sobre a morte e ressurreição de Jesus.
Além disso, as traduções eslavas medievais da obra de Josefo também mencionam a ressurreição de Cristo, conforme podemos conferir também:
“Neste tempo, apareceu um homem, se é que se pode chamá-lo de homem. Seu aparecimento era maior do que o de um homem comum, e seus feitos eram superiores aos dos homens. Suas obras eram divinas. Ele realizou milagres maravilhosos e extraordinários. Alguns diziam que ele era nosso primeiro legislador ressuscitado dos mortos, e que realizava muitas curas. Mas outros pensavam diferentemente sobre ele. Muitos dos judeus e outras nações o seguiram.” (Versão Eslava do Testimonium Flavianum)
Apesar das discussões sobre qual versão é mais autêntica, todas as versões desse texto fazem referência à morte e à ressurreição de Cristo. Portanto, ainda que tenham ocorrido modificações ou interpolações tardias, seria impossível que todos os escritos de Josefo em várias línguas diferentes, e preservadas por vários povos diferentes, tivessem sofrido algum tipo de falsificação para inserir a morte e ressurreição de Jesus Cristo.
2. Tácito (56-120 d.C.) – Historiador romano.
Outro documento histórico que confirma que Jesus foi condenado e crucificado sob Pôncio Pilatos, e que seus seguidores continuaram a pregar sua mensagem após sua morte, é o relato de Tácito:
“Nero lançou a culpa e infligiu as mais refinadas torturas a uma classe odiada por seus abomináveis crimes, chamados cristãos pelo populacho. Cristo, de quem derivam o nome, sofreu a pena máxima durante o reinado de Tibério, pelas mãos de um de nossos procuradores, Pôncio Pilatos. E a superstição perniciosa, reprimida por um tempo, novamente eclodiu, não apenas na Judeia, origem desse mal, mas também em Roma.” (Anais 15.44, c. 116 d.C.)
Embora Tácito não mencione diretamente a crença na ressurreição, ele confirma a morte de Jesus sob Pilatos e a persistência do cristianismo mesmo após sua execução.
3. Luciano de Samósata (125-180 d.C.) – Escritor e satirista grego.
Nos textos de Luciano de Samósata, há referência à crucificação de Jesus e ao impacto de sua mensagem entre seus seguidores:
“Os cristãos ainda adoram aquele sábio que foi crucificado na Palestina por ter introduzido esse novo culto ao mundo. O pobre infeliz ainda convenceu seus seguidores de que eram todos irmãos e deveriam negar os deuses gregos, adorar o seu sábio crucificado e viver segundo suas leis.” (A Morte de Peregrino, c. 165 d.C.)
Aqui, Luciano confirma que Jesus foi crucificado e que seus seguidores continuaram a adorá-lo, sustentando sua mensagem.
4. Mara Bar-Serapião (Após 70 d.C.) – Filósofo sírio.
A carta de Mara Bar-Serapião, embora não mencione “Jesus” diretamente, parece aludir a Ele ao falar de um “rei sábio” morto pelos judeus e à destruição subsequente de Jerusalém em 70 d.C.:
“Que vantagem tiveram os judeus ao matar seu sábio rei? Depois desse evento, seu reino foi destruído. Deus, com justiça, os puniu. O sábio rei continuou vivo nos ensinamentos que deixou.” (Carta de Mara Bar-Serapião a seu filho, manuscrito no British Museum)
Essas fontes não cristãs confirmam a existência de Jesus, sua crucificação sob Pôncio Pilatos e o impacto de sua morte na história, levando à formação do cristianismo. Enquanto algumas delas mencionam diretamente a crença na ressurreição, outras destacam a persistência da fé de seus seguidores, evidenciando que algo extraordinário os fez continuar a proclamar sua mensagem naquele tempo. Para entender melhor esse assunto e a importância dos escritos de Flávio Josefo na comprovação da existência de Jesus Cristo sugerimos a leitura de dois artigos aqui em nosso site: As provas da existência de Jesus Cristo e as polêmicas citações de Flavio Josefo e também Os escritos de Flávio Josefo podem comprovar a existência de Jesus Cristo?
Evidências históricas da escuridão durante a crucificação de Jesus Cristo.
Embora o cenário da crucificação de Jesus Cristo narrado na Bíblia seja algo fantástico e sobrenatural, mencionando escuridão, terremotos e até outras ressurreições, ainda existem registros históricos fora da Bíblia que parecem evidenciar que isso realmente aconteceu.
Os Evangelhos Sinóticos mencionam a escuridão que ocorreu durante a crucificação de Jesus em várias passagens:
“E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.” (Mateus 27:45)
“E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona.” (Marcos 15:33)
“E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora nona, escurecendo-se o sol; e rasgou-se ao meio o véu do templo.” (Lucas 23:44-45)
Esses versículos indicam que a escuridão ocorreu ao meio-dia (“hora sexta”) e durou até as 15h (“hora nona”), cobrindo toda a terra.
Curiosamente temos alguns relatos históricos sobre este mesmo acontecimento feitos por escritores diferentes e outros relatos que colaboram com seus escritos.
Talo e Flégon de Trales por exemplo, mencionaram um evento de escuridão incomum, que alguns associam à crucificação de Jesus. No entanto, esses registros não foram preservados diretamente, mas são citados por escritores posteriores.
Talo. (século I d.C.)
Talo foi um historiador samaritano que escreveu uma cronologia da história do mundo por volta do ano 52 d.C.. Sua obra foi perdida, mas um trecho é citado por Júlio Africano (c. 160–240 d.C.), um escritor cristão do século III.
Júlio Africano menciona que Talo tentou explicar a escuridão como um eclipse solar, mas refuta essa possibilidade, pois a Páscoa judaica ocorre durante a lua cheia, quando eclipses solares não são possíveis.
“Talo, no terceiro dos seus livros que escreveu sobre a história, explica essa escuridão como um eclipse do sol, o que me parece ilógico,” (MACDOWELL, Josh, Evidências que exigem um veredito, Cadeia, 1992, pp.107)
Flégon de Trales. (século II d.C.)
Flégon foi um historiador grego que escreveu as Crônicas Olímpicas, onde supostamente registrou eventos extraordinários. Ele menciona um grande eclipse solar e um terremoto ocorrendo por volta do tempo da crucificação de Cristo. Eusébio de Cesareia e Orígenes citam Flégon como uma testemunha desse evento.
“No quarto ano da 202ª Olimpíada (33 d.C.), houve um grande eclipse do Sol, maior do que qualquer outro já registrado, e se fez noite na sexta hora do dia, de tal forma que se viam as estrelas no céu. Houve também um grande terremoto na Bitínia e muitas coisas foram derrubadas em Nicéia.” (Flégon de Trales, citado por Eusébio em Crônica, e por Orígenes em Contra Celso 2.33)
O comentário de Orígenes sobre este assunto ainda é mais especifico, em duas passagens de seu livro Contra Celso:
“O eclipse ocorrido no tempo de Tibério César sob cujo reinado, ao que parece, Jesus foi crucificado, e os grandes terremotos que então sucederam, também Flégon os registrou no capítulo treze ou quatorze, creio eu, de suas Crônicas.” (Orígenes Contra Celso 33, Edição Patrística, volume 20)
“Julga que sejam contos maravilhosos o terremoto e as trevas; eu os defendi acima da melhor forma possível citando Flégon, que relatou que esses fatos aconteceram no tempo da paixão do Salvador. Ele acrescenta, referindo-se a Jesus: Enquanto vivia, ele não se protegeu; morto, ressuscitou e mostrou as marcas de seu suplício e como suas mãos tinham sido perfuradas” (Orígenes Contra Celso 59, Edição Patrística, volume 20)
Tertuliano também menciona a mesma coisa e pode até estar fazendo referência a um destes registros originais quando afirma que haviam registros disso:
“Na mesma hora, também, a luz do dia foi retirada, quando o sol, na mesma hora, estava no seu fulgor meridiano. Os que não sabem que isto foi previsto sobre Cristo, sem dúvida acreditam que se tratou de um eclipse. Vocês próprios tem um relato do augúrio mundial em vossos arquivos”. (“21”. Apologeticum – Tertuliano)
Isso coincide com os relatos bíblicos, que descrevem a escuridão e um terremoto ocorrendo na crucificação (Mateus 27:51-54).
As diferenças entre os relatos.
Flégon fornece um ano específico (33 d.C.), enquanto Talo não fornece data.
Talo pode estar mencionando um evento genérico de escuridão, enquanto Flégon parece descrever um evento mais detalhado e incomum.
A explicação de Talo como “eclipse” é refutada por Júlio Africano, enquanto Flégon afirma um fenômeno astronômico e sísmico simultâneo.
Então, são o mesmo evento?
Possivelmente, sim. Ambos falam de uma escuridão incomum.
Porém, há incertezas. Como Talo escreveu antes de Flégon e sua obra não sobreviveu, não temos como confirmar se ele falava da mesma escuridão ou se era outro evento.
Se ambos estavam falando do mesmo evento, isso indicaria que houve um fenômeno tão impressionante que foi registrado em mais de uma fonte histórica, reforçando o impacto da crucificação de Cristo.
Esse tipo de testemunho histórico, embora não seja conclusivo por si só, oferece mais uma camada de evidência histórica para a narrativa bíblica da crucificação e ressurreição de Jesus, mostrando como eventos sobrenaturais e extraordinários como a escuridão durante a crucificação também eram registrados por autores contemporâneos não cristãos, ainda que de forma indireta.
Possíveis evidências geológicas de terremotos durante a crucificação de Jesus.
A Bíblia menciona que ocorreram terremotos durante o período da crucificação de Jesus. Mateus descreve um terremoto que ocorreu imediatamente após a morte de Cristo, acompanhado de outros eventos sobrenaturais, como a fenda das rochas e o rasgar do véu do templo:
“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas.” (Mateus 27:50-5)
No Evangelho de Mateus também encontramos a referência a um segundo terremoto, que ocorreu na manhã da ressurreição de Jesus, associado à descida de um anjo que removeu a pedra do túmulo.
“E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removeu a pedra e assentou-se sobre ela.” (Mateus 28:2)
Será que conseguimos encontrar alguma evidência geológica de que algo assim teria realmente acontecido nessa época?
Evidências Geológicas.
Pesquisadores analisaram sedimentos do Mar Morto e encontraram registros de atividade sísmica significativa ocorrida entre os anos 26 e 36 d.C. Um estudo publicado por geólogos, incluindo Jefferson Williams, indica que uma das camadas sedimentares corresponde a um terremoto de aproximadamente 30 d.C., compatível com a data tradicionalmente atribuída à morte de Jesus.
Os sedimentos do Mar Morto registram terremotos porque a lama e os depósitos salinos da região sofrem deslocamentos quando ocorrem tremores. As análises estratigráficas mostram uma perturbação na sedimentação que se encaixa no período do governo de Pôncio Pilatos.
Um artigo intitulado “Cristo foi crucificado em 3 de abril de 33 d.C., dizem geólogos” discute a análise de sedimentos do Mar Morto que indicam a ocorrência de um terremoto significativo entre 26 e 36 d.C., período que coincide com a crucificação de Jesus.
Em 2012, um artigo publicado na revista International Geology Review apresentou evidências de um terremoto na Palestina por volta do ano 31 d.C., que poderia estar relacionado aos eventos descritos nos Evangelhos durante a crucificação. Leia o artigo aqui.
Williams, Schwab e Brauer datam provisoriamente o evento sísmico em 31 d.C. com uma precisão de +/- 5 anos.
Entre os estudiosos conservadores do Novo Testamento, há cerca de 2 a 3 datas atribuídas à crucificação de Cristo, e todas elas se encaixam na precisão de 31 d.C. +/- 5 anos do depósito varve do Mar Morto. Portanto é bem possível que este registro geológico seja exatamente a confirmação do que ocorreu naquele tempo, quando Jesus foi crucificado e quando ressuscitou.
É claro que não podemos afirmar isso com total certeza, já que terremotos sempre ocorreram, mas não é no mínimo curioso que a Bíblia mencione 2 terremotos, e encontremos exatamente o registro de dois deles por volta do tempo da crucificação?
Existem evidências arqueológicas da Ressurreição de Jesus Cristo?
Ao contrário de muitos acontecimentos históricos confirmados por descobertas arqueológicas, a ressurreição não deixou para traz um corpo. Se assim fosse, poderíamos afirmar categoricamente que Jesus não ressuscitou, visto que teríamos o seu corpo para comprovar isso.
O que podemos apontar como provas arqueológicas da ressurreição de Cristo são documentos, cenários, tradições, testemunhos e alguns artefatos que servem para reconstruirmos o evento, conforme viemos fazendo até aqui. Praticamente os artefatos arqueológicos que temos se referem a pessoas, lugares, e cenários da crucificação e não necessariamente da ressurreição de Cristo. Isso é de certo modo bem lógico, pois Jesus depois de ressurreto, apareceu a muitas testemunhas e posteriormente subiu aos céus sem nada deixar, a não ser o relato das testemunhas deste fato e seus testemunhos escritos.
Aqui está uma lista resumida de pessoas, lugares, objetos e contextos que possuem respaldo arqueológico, ligados ao contexto da crucificação e da ressurreição de Jesus:
1. Pessoas Envolvidas na Crucificação.
Flávio Josefo (Antiguidades Judaicas 18.3.3), Tácito (Anais 15.44), Suetônio, Plínio, o Jovem e o Talmude mencionam Jesus e Sua execução.
Pôncio Pilatos. (Governador Romano da Judeia)
Josefo, Tácito e Filo de Alexandria confirmam sua existência e governança.
A “Pedra de Pilatos”, descoberta em Cesareia Marítima (1961), traz uma inscrição com o nome de Pôncio Pilatos, confirmando seu título como Prefeito da Judeia.
Caifás. (Sumo Sacerdote Judaico)
Citado nos Evangelhos e por Josefo (Antiguidades Judaicas 18.4.3).
Em 1990, um ossuário (caixa funerária de pedra) com o nome “José, filho de Caifás” foi encontrado em Jerusalém.
Herodes Antipas. (Governante da Galileia, envolvido no julgamento de Jesus)
Evangelhos e Josefo mencionam seu envolvimento na morte de João Batista e no julgamento de Jesus.
Restos de suas construções foram descobertos em Tiberíades, Séforis e na Fortaleza de Maquero.
2. Lugares Relacionados à Crucificação.
Muralhas da cidade de Jerusalém do Século I, ruas, o Tanque de Siloé (onde Jesus curou um cego – João 9:7) e outras estruturas confirmam a topografia da época.
Fortaleza Antônia. (Local da Prisão e Julgamento de Jesus?)
Ruínas da fortaleza, identificadas no bairro muçulmano de Jerusalém, indicam que era um quartel romano próximo ao Templo. É possível que este tenha sido o lugar do julgamento de Jesus.
O Gólgota. (Local da Crucificação)
A Igreja do Santo Sepulcro, tradicionalmente identificada como o local da crucificação e sepultamento de Jesus, foi escavada e sua história remonta ao século IV, sob Constantino.
Outra possibilidade é o chamado “Jardim do Túmulo”, mas há poucos indícios arqueológicos sólidos sobre ele.
O Túmulo de Jesus.
O túmulo dentro da Igreja do Santo Sepulcro foi escavado e apresenta características de um túmulo judaico do século I.
O túmulo foi lacrado por Constantino no século IV, e quando reaberto em 2016, arqueólogos encontraram indícios que podem sustentar a tradição cristã, mas não temos total certeza de que este é o túmulo de Jesus. Todavia desde 136 d.C., os cristãos identificaram este, como o lugar onde acreditavam que Jesus foi crucificado e sepultado em Jerusalém.
Escavações arqueológicas nas imediações descobriram tumbas e cisternas do período romano, confirmando a tradição cristã.
Já o outro túmulo próximo ao jardim, onde hoje existe grande fluxo de turismo religioso, não é o verdadeiro tumulo de Jesus, mas apenas um símbolo ou exemplo de uma sepultura da época.
3. Práticas e Elementos Relacionados à Crucificação.
Josefo, Tácito, Sêneca e outros registram crucificações em massa feitas pelos romanos.
Em 1968, um calcanhar humano perfurado por um cravo foi descoberto em um ossuário judaico em Jerusalém (conhecido como Yehohanan). Isso confirma que os romanos crucificavam pessoas na Judeia.
Flagelação Romana.
Escritores romanos, como Flávio Josefo e Cícero, descrevem o uso do flagrum (um chicote com pedaços de metal ou osso).
Chicotes romanos com pedaços de metal foram encontrados em escavações.
Registro com zombarias.
O Grafite de Alexamenos é uma das primeiras representações conhecidas da crucificação de Jesus e também um dos primeiros exemplos de zombaria contra o cristianismo.
O grafite foi descoberto em Roma, na Colina Palatina, em um prédio que fazia parte do palácio imperial, provavelmente um quartel ou escola de escravos. Ele é datado entre os séculos II e III d.C.
A inscrição em grego diz: “Alexamenos adora seu Deus” (ΑΛΕΞΑΜΕΝΟΣ ΣΕΒΕΤΕ ΘΕΟΝ).
O desenho mostra um homem com as mãos erguidas em adoração diante de uma figura humana crucificada, mas com cabeça de burro, uma sátira ao cristianismo primitivo.
No mundo romano, os cristãos eram ridicularizados por adorarem um homem crucificado, algo considerado vergonhoso.
Vestimentas dos Soldados Romanos.
Descobertas em Masada e outros sítios revelam detalhes sobre armaduras, túnicas e equipamentos de soldados romanos.
O Costume de Lançar Sorte sobre as Vestes.
O costume de lançar sortes entre soldados romanos era comum e é mencionado nos Evangelhos (Mateus 27:35).
Arqueólogos encontraram dados romanos antigos usados para esse tipo de jogo.
O Costume Judaico do Sepultamento Rápido.
Josefo menciona que os judeus tinham o costume de enterrar os mortos rapidamente, algo visto na pressa em sepultar Jesus antes do pôr do sol.
Ossuários de diferentes épocas em Jerusalém indicam a prática de enterrar os mortos em cavernas e depois recolher seus ossos.
Conclusão:
Esta primeira publicação foi apenas o nosso ponto de partida da jornada que pretende demonstrar que Jesus Cristo realmente ressuscitou.
Nos artigos posteriores veremos inúmeras outras evidencias da Ressurreição de Jesus Cristo.
Por enquanto conseguimos evidenciar que os registros bíblicos, os testemunhos dos discípulos e as referências históricas e arqueológicas demonstram que algo extraordinário ocorreu no primeiro século, impactando profundamente o mundo antigo.
Dadas todas estas evidências iniciais podemos perceber que as narrativas bíblicas sobre Jesus não contradizem as fontes históricas e são corroboradas por artefatos arqueológicos.
Fontes pesquisadas:
Flávio Josefo – Antiguidades Judaicas 18.3.3 – Testimonium Flavianum.
Flávio Josefo – Versão Árabe do Testimonium Flavianum.
Flávio Josefo – Versão Eslava do Testimonium Flavianum.
Flávio Josefo – Versão Grega do Testimonium Flavianum.
Tácito – Anais 15.44, c. 116 d.C.
Luciano de Samósta – A Morte de Peregrino, c. 165 d.C.
Carta de Mara Bar-Serapião a seu filho, manuscrito no British Museum.
MACDOWELL, Josh, Evidências que exigem um veredito, Cadeia, 1992, pp.107
Flégon de Trales, citado por Eusébio em Crônica, e por Orígenes em Contra Celso 2.33.
Orígenes Contra Celso 33, Edição Patrística, volume 20.
Orígenes Contra Celso 59, Edição Patrística, volume 20.
“21”. Apologeticum – Tertuliano.
Antiguidades Judaicas 18.3.3.
Tácito – Anais 15.44
Antiguidades Judaicas 18.4.3
Williams, Jefferson B., Markus J Schwab and A. Brauer. “An early first-century earthquake in the Dead Sea” International Geology Review, Volume 54, Issue 10, 2012.
https://gsa.confex.com/gsa/2012AM/webprogram/Paper204688.html?
https://epicarchaeology.org/2023/04/07/and-the-earth-quaked/
Jefferson B. Williams, Markus J. Schwab & A. Brauer, “Um terremoto do início do primeiro século no Mar Morto”, International Geology Review (2011).
https://www.ngdc.noaa.gov/hazel/view/hazards/earthquake/event-more-info/8178
Jack Finegan, Manual de Cronologia Bíblica: Princípios de Cálculo do Tempo no Mundo Antigo e Problemas de Cronologia na Bíblia , Edição Revisada (Peabody, Mass: Hendrickson Publishing, 1998), 362.
Harold W. Hoehner, Aspectos cronológicos da vida de Cristo (Grand Rapids, MI: Academie Books, 1975), 113-114.