Na Escatologia Bíblica, entre os temas mais debatidos estão o retorno de Cristo, o milênio mencionado em Apocalipse 20, o juízo final e o destino da humanidade.
No centro dessas discussões surgiram quatro grandes sistemas interpretativos: Amilenismo, Pós-milenismo, Pré-milenismo Histórico e Dispensacionalismo.
Cada uma dessas visões propõe uma forma diferente de entender as profecias bíblicas, especialmente relacionadas ao “milênio”, o reinado de mil anos mencionado em Apocalipse 20:1-6.
Muitos cristãos não entendem exatamente o que cada uma destas visões do fim dos tempos prega e quais grupos cristãos as seguem. Alguns sequer sabem qual destas visões a igreja que congregam segue.
Neste estudo vamos explorar cada uma delas, suas origens, interpretações bíblicas, principais defensores e críticas.
Não deixe de conferir também os nossos estudos sobre Escatologia, Pré-Tribulacionismo, Mesotribulacionismo e Pós-Tribulacionismo pois eles complementam ainda mais o seu entendimento sobre as visões bíblicas para o final dos tempos. Você pode ler estes conteúdo aqui:
- Escatologia: O Estudo das Últimas Coisas, através da História.
- Pré-Tribulacionismo: Uma Interpretação do Arrebatamento, da Grande Tribulação e do Apocalipse,
- Mesotribulacionismo: O Arrebatamento da Igreja no meio da Tribulação?
- Pós-Tribulacionismo: A Igreja de Cristo que passará pela Grande Tribulação.
O que é o Amilenismo, como surgiu e o que ele defende?
O Amilenismo é uma das principais correntes de interpretação escatológica dentro do Cristianismo, especialmente em relação ao chamado Reino Milenar mencionado no capítulo 20 do livro do Apocalipse. Diferente de outras visões, como o Pré-Milenismo e o Pós-Milenismo, o Amilenismo interpreta o “milênio” de forma simbólica e não literal, entendendo que o reinado de Cristo com os santos já está em curso, espiritualmente, desde a sua primeira vinda até sua segunda.
O que o Amilenismo ensina?
A base do Amilenismo está na crença de que não haverá um reinado literal de mil anos de Cristo na Terra antes do juízo final, como ensina o Pré-Milenismo. Em vez disso, os amilenistas sustentam que o “milênio” descrito em Apocalipse 20:1-6 não representa um período futuro literal de mil anos, mas sim a atual era da Igreja, o tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.
Os principais ensinos do Amilenismo são:
- O milênio é simbólico, representando o reinado espiritual de Cristo a partir do céu, e não um reino físico na Terra.
- Satanás está atualmente limitado em seu poder, como descrito em Apocalipse 20, para que o evangelho possa se espalhar pelo mundo.
- O Reino de Deus não virá em um futuro terreno glorioso, mas já está presente e atuante através da Igreja.
- A ressurreição e o juízo final acontecerão simultaneamente no retorno de Cristo, e não em fases distintas.
- A história humana culminará com a volta de Cristo, seguida da ressurreição geral, julgamento final e a consumação do Reino eterno.
Essa visão rejeita tanto a ideia de um futuro governo mundial messiânico, como ensina o Pós-Milenismo, quanto a expectativa de um reinado milenar terreno de Cristo em Jerusalém, conforme o Pré-Milenismo.
Como e quando surgiu o Amilenismo?
O Amilenismo não surgiu como uma invenção tardia, mas é uma interpretação que remonta aos primeiros séculos da Igreja. Durante os primeiros 300 anos do Cristianismo, muitos cristãos eram pré-milenistas (chamado de quiliasmo), mas essa perspectiva começou a ser questionada por líderes cristãos influentes, como Orígenes (c. 185–254), que aplicava uma interpretação alegórica das Escrituras, e principalmente por Agostinho de Hipona (354–430), um dos mais importantes teólogos da Patrística.
Agostinho inicialmente acreditava no pré-milenismo, mas mais tarde adotou uma visão que se tornou a base do Amilenismo moderno.
Ele ensinava que o milênio era o tempo atual entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, quando Satanás está limitado e a Igreja reina com Cristo espiritualmente.
A influência de Agostinho foi tão significativa que, durante mais de mil anos, o Amilenismo se tornou a posição dominante na teologia cristã, especialmente no Ocidente, moldando o pensamento da Igreja Católica Romana e, mais tarde, da maioria das tradições reformadas.
Portanto, o Amilenismo não é uma “invenção recente” nem uma interpretação minoritária: foi a visão escatológica predominante durante quase toda a Idade Média, atravessando séculos de história e teologia cristã.
Quais igrejas são tradicionalmente amilenistas?
O Amilenismo está profundamente enraizado em tradições cristãs históricas e reformadas, sendo adotado por diversas igrejas e denominações, especialmente aquelas que seguem uma interpretação mais simbólica e teológica das Escrituras proféticas.
As principais igrejas tradicionalmente amilenistas incluem:
- Igreja Católica Romana – A posição oficial da Igreja é essencialmente amilenista, interpretando o milênio como o tempo atual da Igreja na Terra.
- Igreja Ortodoxa – A maioria das tradições ortodoxas rejeita a ideia de um milênio literal, abraçando uma visão amilenista ou simbólica da escatologia.
- Igrejas Reformadas – Incluindo a tradição calvinista, presbiteriana e algumas igrejas batistas reformadas. A Confissão de Fé de Westminster (1646), por exemplo, reflete um pensamento amilenista.
- Luteranos – A Confissão de Augsburgo, documento fundacional do luteranismo, também rejeita a ideia de um milênio literal, o que posiciona as igrejas luteranas como tradicionalmente amilenistas.
- Anglicanos – Embora haja variações dentro do anglicanismo, muitas de suas tradições litúrgicas e teológicas também refletem a visão amilenista.
Além dessas, muitos teólogos contemporâneos, comentaristas bíblicos e estudiosos das Escrituras que seguem uma linha teológica histórica adotam o Amilenismo como a interpretação mais fiel ao todo da revelação bíblica.
O que é o Pós-Milenismo, como surgiu e o que ele defende?
O Pós-Milenismo é uma das três principais visões escatológicas do Cristianismo, ao lado do Pré-Milenismo e do Amilenismo. Seu nome vem do prefixo “pós-” (após), indicando que Cristo retornará após o milênio, um longo período de paz, justiça e domínio cristão no mundo.
Essa visão é reconhecida por seu otimismo em relação ao futuro da história humana e ao progresso do evangelho. Os pós-milenistas acreditam que o mundo será gradualmente transformado pelo poder do evangelho antes da volta de Cristo, culminando em uma era de bênçãos espirituais, paz social e justiça.
O que o Pós-Milenismo ensina?
O Pós-Milenismo ensina que:
- O “milênio” descrito em Apocalipse 20 não é um período literal de mil anos, mas representa uma era de ouro futura, em que os princípios cristãos governarão as nações.
- Essa era virá antes da segunda vinda de Cristo, através do avanço do evangelho e da ação transformadora da Igreja no mundo.
- Durante esse tempo, a maioria das pessoas se converterá a Cristo, e as estruturas sociais, políticas e culturais do mundo serão amplamente influenciadas pelo Cristianismo.
- Cristo voltará no fim dessa era, para ressuscitar os mortos, julgar todas as pessoas e estabelecer definitivamente os novos céus e nova terra.
- O “Reino de Deus” já está presente, mas será visivelmente estabelecido na história, ainda nesta era, antes da volta de Cristo.
O Pós-Milenismo vê a história como progredindo para um clímax glorioso, onde Cristo reinará por meio de Sua Igreja, não apenas nos corações das pessoas, mas nas culturas e nações.
Como e quando surgiu o Pós-Milenismo?
O Pós-Milenismo ganhou forma sistemática nos séculos XVII e XVIII, durante o período da Reforma e especialmente no contexto do Calvinismo Reformado. Contudo, suas raízes teológicas podem ser encontradas em autores patrísticos que já acreditavam na vitória do evangelho no mundo antes da segunda vinda.
O teólogo reformado Daniel Whitby (1638–1726) é frequentemente citado como um dos primeiros a sistematizar a visão pós-milenista em termos claros. Ele foi influenciado por uma interpretação progressiva da história e por uma forte confiança na eficácia do evangelho em transformar o mundo.
Durante o Grande Despertar nos Estados Unidos (século XVIII e XIX), o Pós-Milenismo tornou-se muito popular. Líderes como Jonathan Edwards criam que o mundo seria conquistado para Cristo por meio da pregação do evangelho e do poder do Espírito Santo. Esse otimismo religioso motivou movimentos missionários, reformas sociais e educacionais, influenciando até políticas públicas.
No entanto, as guerras mundiais, o declínio moral e o secularismo no século XX causaram uma redução na popularidade do Pós-Milenismo. Mesmo assim, ele nunca desapareceu totalmente e tem ganhado novo fôlego em círculos reformados contemporâneos.
Quais igrejas são tradicionalmente pós-milenistas?
O Pós-Milenismo foi historicamente mais comum em igrejas protestantes reformadas, especialmente durante os séculos XVIII e XIX. Embora hoje a maioria das igrejas reformadas seja amilenista, algumas denominações e movimentos ainda mantêm ou simpatizam com o Pós-Milenismo.
Igrejas ou tradições onde o Pós-Milenismo teve ou tem influência significativa:
- Igrejas Presbiterianas Reformadas (especialmente nos séculos XVIII e XIX).
- Algumas igrejas calvinistas e puritanas.
- Reconstrucionistas cristãos — movimento surgido no século XX, com teólogos como R.J. Rushdoony e Gary North, que aplicam o pós-milenismo a uma visão teonômica da sociedade.
- Alguns círculos batistas reformados, embora não seja a posição dominante.
- Igrejas dominadas por um pensamento teológico otimista e reformado, especialmente nos EUA.
Hoje, embora o Amilenismo tenha se tornado a visão predominante entre reformados, o Pós-Milenismo vive um renascimento em algumas linhas mais conservadoras, que enfatizam o papel da Igreja em transformar a sociedade por meio da pregação do evangelho e da aplicação da lei de Deus.
O que é o Pré-Milenismo, como surgiu e o que ele defende?
O Pré-Milenismo é uma das mais antigas e difundidas interpretações escatológicas da Bíblia. Seu nome vem da palavra “pré” (antes) e “milênio”, referindo-se à crença de que Jesus Cristo voltará antes de estabelecer um reino literal de mil anos na Terra, conforme descrito em Apocalipse 20:1-6.
É uma visão que entende de forma literal as promessas proféticas de um reinado de Cristo neste mundo e espera uma intervenção dramática e visível de Deus na história, com o retorno físico e glorioso de Jesus para julgar o mundo e instaurar seu reino messiânico.
O que o Pré-Milenismo ensina?
O Pré-Milenismo sustenta as seguintes ideias centrais:
- Cristo voltará pessoalmente e visivelmente à Terra antes do início do milênio.
- O milênio será um reinado literal de mil anos, onde Jesus governará as nações a partir de Jerusalém.
- Durante esse período, Satanás estará preso, e haverá paz, justiça e prosperidade como nunca antes.
- Os santos ressuscitarão para reinar com Cristo durante o milênio (Ap 20:4-6).
- Após o milênio, Satanás será solto por um breve tempo, incitará uma rebelião final, será derrotado, e então virá o juízo final.
- O estado eterno (novos céus e nova terra) começará após o fim do milênio e do juízo final.
Existem duas variações principais dentro do Pré-Milenismo:
- Histórico (ou Clássico): Desenvolvido na Igreja primitiva, vê a Igreja como parte do plano de Deus na história. Espera tribulações, mas acredita que a Igreja passará por elas antes da volta de Cristo.
- Dispensacionalista: Desenvolvido no século XIX, separa Israel da Igreja e ensina que Cristo arrebatará a Igreja antes da tribulação (pré-tribulacionismo), com uma agenda específica de Deus para o povo judeu. É a forma mais popular entre os evangélicos modernos.
Como e quando surgiu o Pré-Milenismo?
O Pré-Milenismo é a mais antiga das três grandes visões escatológicas (ao lado do Amilenismo e do Pós-Milenismo). Era amplamente ensinado pelos primeiros pais da Igreja, como:
- Papias (discípulo de João)
- Justino Mártir (100–165 d.C.)
- Irineu de Lyon (130–202 d.C.)
- Tertuliano (160–220 d.C.)
Essa forma inicial é hoje chamada de Pré-Milenismo Histórico ou Quiliasmo (do grego chilia = mil). Eles criam que, após o retorno visível de Cristo, haveria um reino de mil anos de paz na Terra antes do juízo final.
No entanto, no século IV, com Agostinho de Hipona (354–430), a visão amilenista começou a ganhar predominância, especialmente com a ascensão da teologia alegórica influenciada por Orígenes. O Pré-Milenismo foi gradualmente marginalizado durante a Idade Média, principalmente pela Igreja Católica.
O renascimento do Pré-Milenismo se deu nos séculos XVII e XVIII, mas seu crescimento explosivo ocorreu no século XIX com o surgimento do Dispensacionalismo, por meio dos ensinos de John Nelson Darby e a fundação da escola de interpretação dispensacionalista pré-tribulacionista, popularizada pela Bíblia de Referência de Scofield (1909).
Quais igrejas são tradicionalmente pré-milenistas?
O Pré-Milenismo, especialmente em sua forma dispensacionalista, tornou-se uma visão muito popular entre evangélicos conservadores, particularmente nos Estados Unidos. As igrejas tradicionalmente pré-milenistas incluem:
- Igrejas que seguem o Pré-Milenismo Histórico:
- Algumas igrejas batistas históricas.
- Certos setores reformados não amilenistas.
- Grupos independentes com forte ênfase em escatologia literal.
- Igrejas que seguem o Dispensacionalismo Pré-Milenista:
- Igrejas Batistas (especialmente fundamentalistas).
- Assembleias de Deus e muitas igrejas pentecostais e neopentecostais.
- Igrejas do Evangelho Pleno.
- Igrejas Presbiterianas dispensacionalistas (minoritárias).
- Ministérios independentes com forte ênfase profética e apocalíptica.
- Movimentos escatológicos e missionários americanos do século XX.
O Dispensacionalismo também influenciou profundamente a cultura popular evangélica, especialmente com livros como “Deixados para Trás” (Left Behind) e ensinos de pastores como Tim LaHaye, Hal Lindsey e John MacArthur (que é pré-milenista, mas não dispensacionalista estrito).
O que é o Dispensacionalismo, como surgiu e o que ele defende?
O Dispensacionalismo é um sistema de interpretação bíblica que divide a história da humanidade em períodos distintos chamados de “dispensações”, nos quais Deus se relaciona com a humanidade de maneiras específicas. Ele também é conhecido por sua interpretação literal das profecias bíblicas, especialmente escatológicas, e por sua ênfase na distinção entre Israel e a Igreja.
O Dispensacionalismo é particularmente conhecido por popularizar a doutrina do arrebatamento pré-tribulacionista, o reinado milenar de Cristo na Terra, e por sua influência em movimentos escatológicos e evangélicos modernos.
O que o Dispensacionalismo ensina?
- Dispensações:
O sistema ensina que Deus lida com a humanidade por meio de diferentes dispensações ou administrações. Tradicionalmente, os dispensacionalistas identificam sete dispensações principais:
- Inocência (Adão antes da queda)
- Consciência (da queda até o dilúvio)
- Governo humano (após o dilúvio)
- Promessa (Abraão até Moisés)
- Lei (Moisés até Cristo)
- Graça (era da Igreja)
- Reino (o milênio, ainda futuro)
Cada dispensação tem um teste moral para o homem, uma falha humana e um julgamento divino que leva à próxima fase. Essas fases não representam formas diferentes de salvação (que sempre foi pela fé), mas formas diferentes de administração do relacionamento de Deus com o mundo.
- Distinção entre Israel e a Igreja
Uma das marcas do Dispensacionalismo é a forte separação entre Israel (o povo judeu étnico) e a Igreja (o corpo de Cristo formado por judeus e gentios salvos). Segundo essa visão, as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento ainda se cumprirão literalmente no futuro, e a Igreja não substituiu Israel no plano de Deus.
- Escatologia Literal
O Dispensacionalismo interpreta as profecias bíblicas de maneira literal, a não ser que o contexto claramente indique linguagem simbólica. Assim, acredita-se, por exemplo:
- Em um futuro arrebatamento da Igreja, onde os cristãos serão levados ao céu antes da tribulação (em geral, sete anos).
- Em uma grande tribulação mundial, com o surgimento do Anticristo.
- Na segunda vinda literal de Cristo após a tribulação.
- Em um reino milenar literal de mil anos na Terra, com Cristo reinando a partir de Jerusalém.
- No restabelecimento literal de Israel como nação espiritual e política sob o reinado de Cristo.
- Forte ênfase no Arrebatamento
A doutrina do arrebatamento pré-tribulacionista ensina que Cristo virá secretamente buscar sua Igreja antes do início da grande tribulação, evitando que os salvos passem pelos julgamentos que cairão sobre o mundo. Esse evento é distinto da segunda vinda visível e gloriosa de Cristo, que ocorrerá no fim da tribulação.
Como e quando surgiu o Dispensacionalismo?
Embora a ideia de dispensações já existisse de forma rudimentar em autores antigos, o sistema dispensacionalista como é conhecido hoje surgiu no século XIX, na Inglaterra, com o teólogo John Nelson Darby (1800–1882), um ex-anglicano ligado aos Irmãos de Plymouth.
Darby desenvolveu uma teologia detalhada com base em:
- Interpretação literal da Bíblia
- Separação entre Israel e Igreja
- Cronologia profética com base em Daniel e Apocalipse
Ele influenciou muitos evangelistas, especialmente nos Estados Unidos, onde seu sistema encontrou terreno fértil durante os reavivamentos.
O Dispensacionalismo se tornou extremamente popular nos EUA por meio da:
- Bíblia de Referência de Scofield (1909), de C. I. Scofield — que incluía notas teológicas sistemáticas com a visão dispensacionalista.
- Instituições como o Dallas Theological Seminary, fundado em 1924, que se tornou um centro global do ensino dispensacionalista.
- Autores e pregadores como Lewis Sperry Chafer, Charles Ryrie, Hal Lindsey (autor de The Late Great Planet Earth) e Tim LaHaye (coautor da série Deixados para Trás).
Durante o século XX, o Dispensacionalismo tornou-se a visão escatológica dominante entre evangélicos fundamentalistas e conservadores, especialmente nos Estados Unidos e em países influenciados por seu modelo missionário.
Quais igrejas são tradicionalmente dispensacionalistas?
O Dispensacionalismo é comum em igrejas evangélicas conservadoras e pentecostais. Entre as principais denominações e grupos, destacam-se:
- Batistas independentes fundamentalistas
- Igrejas Pentecostais e Neopentecostais (como a Assembleia de Deus, embora nem todas tenham uma teologia sistematizada)
- Igrejas do Evangelho Pleno
- Igrejas Bíblicas (Bible Churches), especialmente nos EUA
- Algumas igrejas presbiterianas independentes que se distanciam da tradição amilenista
- Ministérios proféticos e escatológicos modernos com ênfase em Israel e no fim dos tempos
- Movimentos de ensino televisivo e evangelistas internacionais com foco no arrebatamento e nas profecias (como os ministérios de John Hagee, David Jeremiah, Perry Stone e outros)
Muitos seminários, faculdades bíblicas e institutos teológicos conservadores adotaram (ou ainda adotam) o sistema dispensacionalista, principalmente os que têm origem nos EUA.
O Dispensacionalismo passou por críticas ao longo do século XX, principalmente por:
- Separar demais Israel e Igreja, o que muitos consideram não bíblico.
- Enfatizar profecias futuristas, às vezes com previsões específicas que falharam.
- Produzir uma teologia escapista, com pouca ênfase na transformação da sociedade.
Por esses e outros motivos, muitos teólogos reformados e amilenistas passaram a rejeitar o sistema. Ainda assim, o Dispensacionalismo continua influente, especialmente entre cristãos que têm um forte interesse em escatologia e Israel.
Conclusão:
Ao observarmos as diferentes visões escatológicas, Pré-Milenismo, Dispensacionalismo, Pós-Milenismo e Amilenismo, percebemos que, embora todas partam das Escrituras, elas seguem caminhos distintos quanto à interpretação das profecias, do milênio, do papel de Israel e da Igreja, e da ordem dos eventos futuros. O Pré-Milenismo destaca um reino literal futuro de Cristo após Sua volta; o Dispensacionalismo, como uma vertente dele, separa rigidamente Israel da Igreja e inclui um arrebatamento pré-tribulacional. O Pós-Milenismo vê o mundo sendo gradualmente transformado pelo Evangelho antes do retorno de Cristo. Já o Amilenismo entende que o milênio é simbólico e já está em curso, com Cristo reinando espiritualmente agora.
Essas visões moldam não apenas a teologia, mas também a esperança cristã e a maneira como os fiéis vivem sua fé no presente. Em meio às diferenças, o ponto comum é a confiança de que Cristo voltará, julgará o mundo e estabelecerá plenamente o Seu Reino, uma esperança viva que une todos os cristãos fiéis à Palavra.