A Igreja Católica Romana afirma ser a única igreja verdadeira, fundada diretamente por Jesus Cristo sobre o apóstolo Pedro.
Essa crença é baseada principalmente na interpretação de Mateus 16:18, onde Jesus diz:
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18).
Mas será que essa afirmação se sustenta biblicamente e historicamente?
Embora esse argumento católico pareça fazer sentido, já que a Igreja Católica Romana é bem antiga, no entanto, essa afirmação não é verdadeira, nem do ponto de vista bíblico e nem do ponto de vista histórico.
Além do mais, lendo as Escrituras e os ensino de Jesus Cristo e dos Apóstolos podemos perceber claramente que Jesus nunca teve por pretensão criar uma instituição religiosa, sua mensagem é bem mais abrangente que isso.
Neste artigo, vamos analisar se Jesus realmente fundou a Igreja Católica Romana e o que a Bíblia e a história nos revelam sobre essa questão.
Jesus fundou a Igreja Católica sobre Pedro? Claro que não!
Os católicos argumentam que Pedro é a pedra sobre a qual Jesus edificou Sua igreja, e que ele foi o primeiro papa. No entanto, essa interpretação apresenta vários problemas quando analisamos o contexto bíblico e a língua original grega.
Diferença entre “Pedro” e “Pedra” no Grego Original.
No texto original em grego, há uma distinção importante entre as palavras usadas:
Pedro (Πέτρος – Petros): Significa “pedrinha” ou “pequena rocha” – algo deslocável.
Pedra (πέτρα – petra): Significa “rocha maciça”, “rochedo”, uma fundação sólida.
Ou seja, Jesus disse:
“Tu és Petros (pedrinha), e sobre esta Petra (grande rocha) edificarei a minha igreja.”
Se Jesus estivesse se referindo a Pedro como a pedra principal da igreja, Ele teria usado a mesma palavra para ambos. No entanto, Ele faz uma distinção clara: Pedro é uma pequena pedra, mas a verdadeira fundação é outra.
Uma análise mais profunda mostra que a “pedra” mencionada por Jesus não é Pedro, mas sim a confissão que ele fez nos versículos anteriores:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mateus 16:16)
Jesus então responde afirmando que essa verdade não foi revelada por carne e sangue, mas pelo próprio Deus. A verdadeira rocha sobre a qual a igreja é edificada não é Pedro, mas a confissão de Pedro de que Jesus é o Cristo.
Isso faz sentido porque em toda a Bíblia, Cristo é a Pedra angular e a fundação da igreja, nunca Pedro:
“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” (1 Coríntios 3:11)
“E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo.” (1 Coríntios 10:4)
“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular.” (Efésios 2:20)
Ou seja, a igreja foi edificada sobre Cristo, não sobre Pedro.
Pedro também reconheceu que Jesus era a pedra.
O próprio Pedro reconheceu que Jesus era a Pedra quando escreveu que Ele era “Pedra Angular que os construtores rejeitaram.” Vejamos o que ele fala sobre Jesus Cristo em sua carta:
“Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, esse veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.” (1 Pedro 2:6-8)
O próprio Pedro nunca reivindicou ser a Pedra da Igreja.
Em Atos dos Apóstolos, vemos Pedro pregando e liderando, mas nunca se colocando como fundamento da igreja. Quando o apóstolo Paulo fala sobre os apóstolos, ele diz claramente que Cristo é o fundamento e que todos os apóstolos (inclusive Pedro) são apenas cooperadores:
“Quem é, pois, Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio dos quais crestes (…). Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.” (1 Coríntios 3:5-7)
Pedro não se considerava superior aos outros apóstolos. Quando Cornélio tentou adorá-lo, ele imediatamente recusou:
“Quando Pedro estava para entrar, Cornélio, indo ao seu encontro, prostrou-se aos seus pés e o adorou. Mas Pedro o ergueu, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem.” (Atos 10:25-26)
Se Pedro fosse o chefe supremo da igreja, não teria recusado essa honra.
Jesus chama Pedro de “Satanás” poucos versos depois.
Outro detalhe importante é que logo após a afirmação de Mateus 16:18, Pedro é repreendido duramente por Jesus:
“Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.” (Mateus 16:23)
Se Pedro fosse a rocha inabalável da igreja, como poderia ser chamado de Satanás e pedra de tropeço logo depois? Isso mostra que Jesus estava edificando Sua igreja não sobre Pedro em si, mas sobre a verdade de que Ele (Jesus) é o Cristo.
Segundo o catolicismo, Pedro foi o primeiro papa, mas isso também não é verdade.
A Igreja Católica Romana usa Mateus 16:18 para sustentar a ideia de que Pedro foi o primeiro papa e que a igreja foi construída sobre ele. Mas a análise bíblica e linguística mostra que isso nunca foi nem perto de ser verdade.
Nos primeiros séculos do Cristianismo, não havia papado, cardeais, doutrinas marianas ou outros dogmas católicos romanos. A liderança da igreja era colegiada, formada por apóstolos e presbíteros (Atos 15:6). O conceito de um Papa como líder supremo só foi se formando com o tempo, especialmente após a ascensão do bispo de Roma ao poder.
“E nomearam presbíteros em cada igreja e, tendo orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.” (Atos 14:23)
O Novo Testamento não menciona Pedro exercendo autoridade suprema sobre os demais apóstolos. Pelo contrário, Paulo, em Gálatas 2:11-14, relata que repreendeu Pedro publicamente por seu comportamento inadequado, algo que seria impensável se Pedro fosse o líder absoluto da igreja:
“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível.” (Gálatas 2:11)
A expansão da doutrina católica.
O sistema papal e muitas doutrinas católicas não surgiram nos tempos apostólicos, mas foram desenvolvidos gradualmente ao longo dos séculos. Entre as principais mudanças, destacam-se:
O primado papal: Somente no século IV, com o Imperador Constantino, começou-se a consolidar um sistema centralizado de autoridade religiosa em Roma.
A infalibilidade papal: Foi proclamada oficialmente apenas no Concílio Vaticano I (1870), mais de 1800 anos após Cristo.
A veneração de Maria e dos santos: As orações aos santos e a mariolatria não têm base bíblica, sendo introduzidas gradualmente ao longo da história.
Essas mudanças demonstram que a Igreja Católica Romana, como a conhecemos hoje, não foi fundada diretamente por Jesus Cristo.
Pedro nunca se estabeleceu em Roma como líder da Igreja.
A Igreja Católica ensina que Pedro foi bispo de Roma por 25 anos e que morreu lá como primeiro papa. Mas não há evidências históricas sólidas que sustentem essa afirmação.
O Novo Testamento nunca menciona Pedro em Roma. Paulo escreve uma carta aos Romanos e, ao saudar os cristãos que estavam lá (Romanos 16), não menciona Pedro, o que seria um grande erro se Pedro fosse o líder da igreja romana.
Quando Paulo escreve suas cartas da prisão em Roma (Filipenses, 2 Timóteo), ele não menciona Pedro como bispo ou líder da igreja romana. Pelo contrário, ele diz:
“Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; todos me abandonaram.” (2 Timóteo 4:16)
Se Pedro estivesse em Roma como líder da igreja, por que ele não foi ajudar Paulo? Isso sugere que Pedro não estava lá nesse período.
Os primeiros registros históricos cristãos não mencionam Pedro como bispo de Roma. Clemente de Roma (c. 95 d.C.), Inácio de Antioquia (c. 110 d.C.) e Irineu (c. 180 d.C.) falam sobre Pedro, mas não dizem que ele foi bispo de Roma por 25 anos ou que fundou a Igreja Romana.
O primeiro a afirmar isso foi Jerônimo, no século IV, mas ele já estava sob influência da estrutura hierárquica que estava se formando na Igreja Romana.
O primeiro bispo de Roma segundo a história não foi Pedro.
Se Pedro fosse o primeiro papa, esperaríamos que os primeiros registros cristãos listassem Pedro como o primeiro bispo de Roma. No entanto, os primeiros escritos cristãos indicam que Lino foi o primeiro bispo de Roma.
Irineu de Lyon (c. 180 d.C.) – Em seu livro Contra as Heresias, Irineu menciona uma lista de bispos de Roma, e o primeiro nome citado não é Pedro, mas Lino.
“Os bem-aventurados apóstolos [Pedro e Paulo], tendo fundado e edificado a Igreja [de Roma], entregaram o episcopado a Lino. Deste Lino, Paulo faz menção nas epístolas a Timóteo.” (Contra as Heresias, 3.3.3)
Eusébio de Cesareia (c. 325 d.C.) – Em sua obra História Eclesiástica, Eusébio também menciona Lino como o primeiro bispo de Roma, e não Pedro.
“Depois do martírio de Paulo e Pedro, o primeiro que recebeu o episcopado da Igreja de Roma foi Lino.” (História Eclesiástica, 3.2)
Isso indica que a ideia de Pedro como primeiro papa foi claramente uma construção posterior e não uma verdade histórica.
Se Pedro tivesse sido papa por 25 anos, como a tradição católica afirma, seria estranho Eusébio ignorar esse fato.
A Bíblia nos mostra que Tiago foi o primeiro líder da Igreja de Cristo e não Pedro.
Enquanto a tradição católica afirma que Pedro era o líder supremo da Igreja, as Escrituras e fontes históricas sugerem que Tiago, o irmão de Jesus, era a principal figura de autoridade em Jerusalém e um dos líderes mais influentes do Cristianismo primitivo. Neste artigo, analisaremos as evidências que apontam Tiago como líder da Igreja e seu papel na expansão do Evangelho.
1. Quem era Tiago, o irmão do Senhor?
Tiago, também chamado de “Tiago, o Justo”, era filho de Maria e José, sendo meio-irmão de Jesus Cristo (Mateus 13:55; Marcos 6:3). Embora inicialmente cético em relação ao ministério de Jesus (João 7:5), ele se tornou um dos líderes centrais da Igreja após a ressurreição, provavelmente após um encontro pessoal com Cristo ressurreto (1 Coríntios 15:7).
2. O Concílio de Jerusalém e a liderança de Tiago.
O episódio mais significativo que aponta para Tiago como líder da Igreja ocorre no Concílio de Jerusalém (Atos 15), que se reuniu para decidir se os gentios convertidos precisavam seguir as leis judaicas, especialmente a circuncisão.
O papel de Pedro e Tiago no Concílio.
Pedro discursa e dá sua opinião, enfatizando que Deus também concedeu o Espírito Santo aos gentios sem exigir a lei mosaica (Atos 15:7-11).
Paulo e Barnabé compartilham testemunhos de milagres entre os gentios (Atos 15:12).
Tiago encerra a discussão e dá a decisão final, dizendo:
“Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus.” (Atos 15:19)
Isso mostra que Tiago tinha a autoridade para tomar a decisão final, e sua palavra foi aceita por todos.
3.Tiago é chamado de “coluna” da Igreja.
Paulo, em Gálatas 2:9, menciona Tiago como um dos “três pilares” da Igreja, ao lado de Pedro e João:
“E, conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados colunas, deram-nos as destras em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles, à circuncisão.” (Gálatas 2:9)
Aqui, Tiago é citado antes de Pedro, o que pode indicar sua posição de destaque na Igreja em Jerusalém.
Além disso, no mesmo capítulo, Paulo diz que quando foi a Jerusalém, o primeiro apóstolo que procurou foi Tiago (Gálatas 1:19), reforçando sua importância na Igreja primitiva.
4.Tiago era a figura central da Igreja de Jerusalém.
Tiago era reconhecido como o líder da Igreja de Jerusalém, algo que até historiadores não cristãos confirmam.
Quando Pedro é milagrosamente liberto da prisão, ele manda que a notícia seja informada a Tiago (Atos 12:17), o que indica sua autoridade.
Em Atos 21:18, Paulo visita Jerusalém e vai diretamente à casa de Tiago para relatar sua missão entre os gentios.
Flávio Josefo, historiador judeu do século I, menciona a morte de Tiago em 62 d.C., destacando sua grande influência na cidade.
Tudo isso demonstra que Tiago era, de fato, a figura central da Igreja em Jerusalém, enquanto Pedro e Paulo estavam mais envolvidos na evangelização fora da Judeia.
5.Tiago não reivindicou supremacia sobre a Igreja.
Diferente da visão de um “papa” supremo, Tiago não se apresentou como governante universal da Igreja. Seu papel era o de um líder local em Jerusalém, respeitado por judeus e gentios, mas sem um governo absoluto sobre toda a cristandade.
Isso contrasta com a visão católica que afirma que Pedro era o líder supremo e “bispo de Roma”. Se isso fosse verdade, seria esperado que Pedro tivesse mais destaque em Jerusalém, o que não ocorre no livro de Atos.
O estudo da liderança de Tiago ajuda a entender melhor a estrutura da Igreja Primitiva e a refutar certas tradições que foram criadas séculos depois.
Escritos históricos confirmam que Tiago era o líder da Igreja e não Pedro.
Existem também evidências extra-bíblicas que apontam Tiago, o irmão de Jesus, como o líder da Igreja Primitiva em Jerusalém. Vários historiadores antigos e Pais da Igreja mencionam sua liderança, sua importância e até sua morte. Aqui estão algumas referências históricas e patrísticas que reforçam essa ideia.
1. Flávio Josefo (c. 93 d.C.) – Historiador judeu.
O historiador judeu Flávio Josefo menciona Tiago em sua obra Antiguidades Judaicas (Livro 20, capítulo 9, parágrafo 1). Ele descreve a execução de Tiago pelas mãos do sumo sacerdote Anano II por volta do ano 62 d.C.:
“Anano, que era de espírito audacioso e pertencente à seita dos saduceus, que são mais severos do que todos os outros judeus quando julgam, reuniu o Sinédrio e trouxe diante dele o irmão de Jesus, chamado Cristo, cujo nome era Tiago, e alguns outros. E, tendo-os acusado de transgredirem a lei, os entregou para serem apedrejados.” (Antiguidades Judaicas 20.9.1)
Este relato indica que Tiago era uma figura importante na comunidade cristã de Jerusalém, a ponto de ser alvo da perseguição das autoridades judaicas.
2. Eusébio de Cesareia (c. 325 d.C.) – Pai da História da Igreja.
Eusébio de Cesareia, no século IV, baseando-se em fontes anteriores, confirma que Tiago era o líder da Igreja em Jerusalém. Ele cita Clemente de Alexandria e Hegésipo, dois escritores cristãos primitivos.
Eusébio citando Hegésipo (c. 180 d.C.) menciona: Hegésipo, um dos primeiros historiadores cristãos, escreveu sobre Tiago:
“Tiago, o irmão do Senhor, recebeu o governo da Igreja juntamente com os apóstolos. Desde os tempos do Senhor até nós, ele foi chamado de ‘o Justo’, pois muitos chamavam Tiago de ‘o Justo’ por causa de sua excelência em piedade.” (História Eclesiástica 2.23.4)
Aqui vemos que Tiago era reconhecido como líder da Igreja de Jerusalém e altamente respeitado por sua justiça e piedade.
Eusébio citando Clemente de Alexandria (c. 200 d.C.) também confirma a liderança de Tiago:
“Pedro e Tiago e João, depois da ascensão do Salvador, não buscaram honrarias, mas escolheram Tiago, o Justo, como bispo de Jerusalém.” (História Eclesiástica 2.1.3)
Este relato é crucial porque mostra que mesmo Pedro e João reconheceram Tiago como líder da Igreja em Jerusalém.
3. Orígenes (c. 250 d.C.) – Teólogo cristão.
Orígenes, um dos principais teólogos da Igreja primitiva, menciona Tiago e sua importância, usando Flávio Josefo como fonte:
“Josefo, que escreveu as Antiguidades dos Judeus em vinte livros, ao procurar a causa da destruição de Jerusalém, culpa a sentença injusta contra Tiago, o Justo, que era irmão de Jesus, chamado Cristo. Ele diz que o povo considerava Tiago tão justo que a destruição veio sobre os judeus por terem matado um homem tão justo.” (Comentário sobre Mateus 10.17)
Isso mostra que Tiago tinha uma posição de destaque não apenas entre os cristãos, mas também era reconhecido pelos próprios judeus como um homem justo e influente.
4. Jerônimo (c. 400 d.C.) – Teólogo e tradutor da Bíblia.
Jerônimo, ao comentar sobre a vida de Tiago, reforça sua liderança em Jerusalém:
“Depois da paixão do Senhor, Tiago foi imediatamente designado bispo de Jerusalém pelos apóstolos.” (De Viris Illustribus 2)
A citação de Jerônimo confirma que Tiago foi reconhecido como o primeiro bispo de Jerusalém e que sua posição foi estabelecida com a bênção dos apóstolos.
5. Epifânio de Salamina (c. 375 d.C.) – Bispo e escritor cristão.
Epifânio também menciona Tiago como líder da Igreja de Jerusalém e destaca que ele manteve costumes judaicos em sua prática cristã:
“Tiago, o irmão do Senhor, governava a Igreja em Jerusalém, que foi fundada pelos apóstolos.” (Panarion 29.4)
Isso sugere que Tiago liderava a igreja de forma conciliadora entre judeus e gentios, o que é consistente com seu papel no Concílio de Jerusalém (Atos 15).
As evidências históricas e patrísticas reforçam que Tiago, o irmão do Senhor, foi o líder principal da Igreja de Jerusalém. Fontes como Flávio Josefo, Hegésipo, Clemente de Alexandria, Eusébio de Cesareia, Orígenes, Jerônimo e Epifânio confirmam isso.
Ainda que o catolicismo tente passar a ideia de que Tiago seria o líder da Igreja apenas em Jerusalém e Pedro por sua vez liderava toda a Igreja direto de Roma, no entanto não é isso que o Novo Testamento nos mostra e nem o que estes registros históricos nos mostram.
Essas informações desafiam a visão tradicional da Igreja Católica Romana de que Pedro era o líder supremo da Igreja primitiva, mostrando que Tiago desempenhou um papel central e era amplamente reconhecido como a principal autoridade da Igreja de Jerusalém.
Se Jesus não fundou a Igreja Católica, quando ela Surgiu?
A Igreja Católica Romana, como instituição hierárquica e centralizada sob a autoridade do Papa, não surgiu imediatamente nos tempos apostólicos, mas se desenvolveu ao longo dos séculos. O que chamamos hoje de “Igreja Católica Romana” tem suas raízes na Igreja Primitiva, mas sua estrutura e doutrina evoluíram ao longo do tempo, especialmente a partir do século IV.
1. A Igreja no Século I: Uma Comunidade Descentralizada.
Nos tempos apostólicos, não havia uma única igreja centralizada em Roma. Em vez disso, havia várias comunidades cristãs espalhadas pelo mundo romano, organizadas de forma regional e descentralizada. Cada cidade importante tinha seus próprios bispos, e Jerusalém, Antioquia, Éfeso, Corinto e Roma eram centros de grande influência, conforme podemos ver na Bíblia.
O líder da Igreja em Jerusalém era Tiago, o irmão de Jesus (Atos 15).
O apóstolo Pedro exerceu influência em várias igrejas, mas nunca foi chamado de “Papa”.
O apóstolo Paulo escreveu cartas a várias igrejas independentes, sem indicar uma única autoridade central.
Ou seja, não havia uma “Igreja Romana” com autoridade universal nos primeiros séculos.
2. O Crescimento da Influência de Roma (Séculos II e III).
Nos séculos II e III, Roma começou a ganhar proeminência dentro do Cristianismo. Isso aconteceu porque:
Era a capital do Império Romano, tornando-se um centro de influência política e religiosa.
Pedro e Paulo foram martirizados em Roma, o que levou alguns a considerarem a cidade como um local especial.
Os bispos de Roma começaram a reivindicar uma primazia honorária, baseando-se na tradição de Pedro.
Entretanto, os outros bispos e igrejas não reconheciam a autoridade suprema do bispo de Roma. Muitos Pais da Igreja do Oriente resistiram à ideia de um papa com poder universal.
Cipriano de Cartago (c. 250 d.C.) rejeitou a ideia de que o bispo de Roma tivesse autoridade sobre todos os cristãos.
Irineu de Lyon (c. 180 d.C.) reconhecia Roma como importante, mas não como governante da Igreja.
Ou seja, ainda não existia uma “Igreja Católica Romana” como conhecemos hoje.
3. O Marco Decisivo: Constantino e o Concílio de Niceia (325 d.C.).
O imperador Constantino (306-337 d.C.) foi um divisor de águas para o Cristianismo. Antes dele, os cristãos eram perseguidos pelo Império Romano, mas isso mudou com o Édito de Milão (313 d.C.), que garantiu liberdade religiosa.
Em 325 d.C., Constantino convocou o Concílio de Niceia, que estabeleceu doutrinas centrais do Cristianismo e fortaleceu a influência do bispo de Roma. Embora o Papa não tenha presidido o Concílio, a posição de Roma como uma das igrejas mais importantes foi confirmada.
No entanto, ainda existiam outras grandes igrejas, como Constantinopla, Antioquia, Jerusalém e Alexandria, e Roma não tinha controle absoluto sobre todas elas.
4. O Surgimento do Papado (Século V em diante).
O título de “Papa” (do latim papa, que significa “pai”) começou a ser usado de forma mais frequente para o bispo de Roma a partir do século V.
O Papel do Papa Leão I (440-461 d.C.). O Papa Leão I (Leão Magno) foi um dos primeiros a afirmar que o bispo de Roma tinha autoridade suprema sobre toda a Igreja. Ele usou Mateus 16:18 para argumentar que Pedro era a “pedra” da Igreja e que sua autoridade era transmitida aos bispos de Roma.
Seu argumento começou a ganhar força no Ocidente, mas ainda era rejeitado no Oriente, onde as igrejas mantinham autonomia.
5. A Separação Final: O Cisma entre Oriente e Ocidente (1054 d.C.).
Durante séculos, as igrejas do Oriente e do Ocidente cresceram de formas diferentes. Em 1054 d.C., ocorreu o Grande Cisma, quando a Igreja de Roma (Ocidente) e a Igreja Ortodoxa (Oriente) se separaram definitivamente.
As principais razões do Cisma foram:
- A insistência do Papa em ter autoridade sobre todas as igrejas.
- Diferenças doutrinárias, como o Filioque (a questão da Trindade).
- Diferenças culturais e políticas entre o Império Romano do Ocidente e do Oriente.
Após esse evento, a Igreja Católica Romana se consolidou como uma instituição separada, com o Papa como líder supremo.
Portanto, a Igreja Católica Romana, como conhecemos hoje, não foi fundada por Jesus, mas se desenvolveu ao longo dos séculos, consolidando-se após o Cisma de 1054.
Conclusão:
A palavra “católica” significa “universal”, mas a igreja que Jesus fundou não está restrita a uma instituição específica. Todos os verdadeiros crentes fazem parte da igreja de Cristo, independentemente de denominação.
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (Mateus 18:20 – ARA)
Isso indica que a igreja verdadeira não depende de um sistema religioso centralizado, mas sim da fé em Cristo.
Embora a Igreja Católica Romana tenha sido uma das primeiras denominações cristãs a se organizar como instituição, Jesus não fundou um sistema religioso com um Papa e doutrinas não bíblicas. Ele estabeleceu Sua igreja de maneira espiritual, universal e baseada na fé Nele.
Portanto, afirmar que Jesus fundou a Igreja Católica Romana é um erro histórico e bíblico. Ele fundou a Sua igreja, que é composta por todos os que creem Nele e O seguem em verdade.
Independentemente de denominação. O mais importante não é pertencer a uma instituição religiosa específica, mas sim ter um relacionamento verdadeiro com Cristo, baseado na fé e na obediência à Sua Palavra.