Será que finalmente podemos afirmar que a lendária Arca de Noé foi realmente encontrada no Monte Ararate?
Sabemos que a história da Arca de Noé é uma das narrativas mais conhecidas da Bíblia, fascinando crentes e estudiosos há séculos, além de também irritar os céticos.
De acordo com o relato bíblico, Noé foi instruído por Deus a construir uma grande arca de madeira de cipreste para salvar sua família e um par de cada espécie de animal de um dilúvio global. Após o dilúvio, a arca teria repousado sobre o Monte Ararate, uma montanha localizada na região da atual Turquia.
Ao longo dos anos, várias expedições e testemunhas oculares afirmaram ter encontrado a Arca de Noé no Monte Ararate, mas será que essas alegações são verdadeiras ou apenas mitos?
Nos últimos anos, vimos várias notícias não só de avistamentos da Arca de Noé, mas também vídeos e fotos de descobertas feitas em sítios arqueológicos, onde muitos afirmam conter os restos dessa grande embarcação. Algumas dessas supostas estruturas podem ser acessadas, e os descobridores até conseguiram entrar dentro de uma delas.
Geralmente, quando falamos sobre o descobrimento ou mesmo a procura pela Arca de Noé no Monte Ararate, encontramos posicionamentos distintos por parte das pessoas:
Ou as pessoas riem e declaram não acreditar em um Dilúvio Global e numa embarcação cheia de animais de todas as espécies, considerando qualquer evidência disso como mentira. Ou então, declaram assumidamente que a Bíblia é verdadeira e, portanto, a Arca de Noé existiu e pode mesmo ainda estar escondida nas montanhas do Ararate. Também há aqueles que afirmam que a Arca de Noé é apenas uma metáfora bíblica. No entanto, nenhum desses posicionamentos está totalmente correto.
Não podemos descartar que a Arca de Noé existiu, pois temos muitas evidências históricas de sua presença no Monte Ararate, vindas de uma enorme quantidade de fontes. Além disso, temos também os relatos bíblicos, que para os cristãos são uma fonte fidedigna de informação a ser considerada.
Porém, também não podemos aceitar qualquer evidência moderna como conclusiva apenas porque a Bíblia afirma que a Arca está, ou esteve, no Monte Ararate. Neste caso, não estamos desmentindo a Bíblia, mas sabemos que muita coisa poderia ter acontecido com uma embarcação de madeira no intervalo de milhares de anos, a ponto de sequer vestígios dela serem encontrados. Todavia, lidaremos aqui com o que sabemos que foi encontrado, e com fatos e relatos históricos que podemos levantar ao pesquisar sobre esse empolgante assunto.
Um levantamento histórico sobre a Arca de Noé:
Nesta extensa pesquisa, que será dividida em vários capítulos, vamos examinar todas as evidências da Arca de Noé encontradas até hoje nas Montanhas do Ararate. Faremos um levantamento histórico de toda a informação que tivermos à mão, começando realmente do início, para que possamos distinguir entre fatos e mitos. Vamos verificar registros históricos sobre a existência de uma embarcação de grandes dimensões naquela região do Ararate. Também vamos analisar se as descobertas tanto do passado como do presente são falsas ou verdadeiras.
Todas as referências bibliográficas e fontes da nossa pesquisa serão fornecidas para que qualquer pessoa possa consultá-las e formar suas próprias opiniões.
O que a Bíblia nos diz sobre a Arca de Noé e sua localização no Monte Ararate?
De acordo com a cronologia bíblica tradicional, o Dilúvio de Noé teria ocorrido aproximadamente 1.656 anos após a criação de Adão, o que, em termos de datas históricas, coloca o evento entre 2.500 e 2.300 a.C., dependendo da interpretação e das genealogias utilizadas.
Essa estimativa é baseada nas genealogias apresentadas em Gênesis 5 e 11, que listam as idades dos patriarcas desde Adão até Noé e além. No entanto, as datas podem variar dependendo das versões e traduções da Bíblia, como o Texto Massorético, a Septuaginta ou o Pentateuco Samaritano, cada um oferecendo uma cronologia ligeiramente diferente.
Nos textos bíblicos também encontramos vários detalhes sobre a Arca de Noé, os materiais usados para construí-la, sua aparência e também medidas:
“Faze para ti uma arca de madeira de gôfer: farás compartimentos na arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora”. Desta maneira a farás: o comprimento da arca será de trezentos côvados [133 ou 155 metros], a sua largura de cinquenta [22 ou 26 metros] e a sua altura de trinta [13 ou 15 metros]. “Farás na arca uma janela e lhe darás um côvado [cerca de 50 centímetros] de altura; e a porta da arca porás no seu lado; fá-la-ás com andares, baixo, segundo e terceiro.” (Gênesis 6.14-16.)
Segundo o relato bíblico em Gênesis, o Dilúvio durou 40 dias e 40 noites de chuvas intensas, mas as águas prevaleceram sobre a Terra por 150 dias (Gênesis 7:24). No entanto, o processo completo de recuo das águas levou mais tempo, totalizando aproximadamente um ano até que a terra estivesse seca novamente.
A Arca de Noé repousou no Monte Ararate no 17º dia do 7º mês (Gênesis 8:4). Acredita-se que isso ocorreu cerca de cinco meses após o início do Dilúvio. O Monte Ararate, localizado no leste da atual Turquia, é tradicionalmente identificado como o local onde a arca finalmente repousou após o recuo das águas do Dilúvio.
“No sétimo mês, no dia dezessete do mês, repousou a arca sobre os montes de Ararate. E as águas foram minguando até o décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.” (Gênesis 8.4-5)
Se formos considerar as informações bíblicas, qualquer embarcação ou descoberta arqueológica encontrada que não se encaixe nestas descrições deverá ser descartada.
A Arca de Noé repousou no mesmo Monte Ararate que conhecemos hoje?
O Monte Ararate está localizado no leste da Turquia, perto da fronteira com a Armênia e o Irã. É a montanha mais alta da Turquia, com uma altitude de 5.137 metros (16.854 pés). O monte é uma formação vulcânica composta por dois picos principais: o Grande Ararate e o Pequeno Ararate.
A localização do Monte Ararate, conforme descrita na Bíblia, é associada ao local onde a Arca de Noé teria repousado após o Dilúvio. No entanto, ao longo da história, diferentes culturas e tradições atribuíram a localização da Arca a diferentes montanhas e regiões próximas ao Ararate.
As variações nas localizações e nos relatos podem ser atribuídas a vários fatores:
Tradições Locais e Culturais: Diferentes culturas e comunidades ao redor do Monte Ararate podem ter suas próprias interpretações e tradições sobre onde a Arca repousou, levando a diferentes versões e localizações.
Interpretações Geográficas: A menção bíblica do “Monte Ararate” pode se referir a uma região mais ampla e não a um único pico, o que permite múltiplas interpretações sobre onde a Arca teria encalhado.
No contexto bíblico, o termo “Ararate” aparece pela primeira vez no Antigo Testamento, em Gênesis 8:4, onde se afirma que a Arca de Noé repousou “sobre os montes de Ararate” após o Dilúvio. No entanto, o “Ararate” bíblico se refere mais a uma região geográfica ampla, conhecida na antiguidade como o Reino de Urartu (que compreendia partes da atual Turquia, Armênia e Irã), do que a um único monte específico.
A montanha mais alta dessa região foi também chamada de Massis pelos habitantes armênios locais. Ao lado do Massis de 5.165 metros de altura, fica uma montanha um pouco menor de 3.925 metros, que os armênios chamavam de Pokur Massis (Pequeno Ararate) em oposição a Medz Massis (Grande Ararate).
Em curdo, a montanha é chamada Çiyayê Agirî, que significa a “montanha re” (agir = re, çiya = montanha). Alguns curdos também chamam a montanha de Shaksi Ararate, e o nome turco oficial é Büyük ou Agri Dagi. Do outro lado da fronteira, na língua iraniana farsi, ela é chamada Koh-i-nuh, Montanha de Noé.
Explorações e Relatos de Testemunhas: Ao longo dos séculos, várias expedições e relatos de testemunhas oculares afirmaram ter encontrado vestígios da Arca em diferentes locais, tanto no próprio Monte Ararate quanto em montanhas e áreas circunvizinhas, como as Montanhas Altai ou o Monte Cudi. Essas diferenças nos relatos podem resultar de percepções, condições ambientais ou erros de interpretação.
Condicionantes Históricas e Políticas: As fronteiras geopolíticas e a inacessibilidade de certas regiões também podem ter contribuído para variações nos relatos, especialmente em áreas onde o acesso era restrito ou perigoso.
O Monte Ararate, como é conhecido atualmente, foi associado ao nome “Ararate” em tempos relativamente recentes, principalmente a partir da Idade Média, quando as traduções e interpretações da Bíblia começaram a ganhar forma mais consolidada no Ocidente.
Idade Média: Exploradores e viajantes cristãos, principalmente a partir dos séculos 10 a 13, ao passar pela região, começaram a associar o monte que hoje conhecemos como Ararate à narrativa bíblica da Arca. Isso foi, em parte, devido à sua proeminência e ao fato de ser a montanha mais alta e visível na região.
Identificação Moderna: A identificação do monte específico como “Monte Ararate” foi reforçada pelas traduções da Bíblia para o latim e outras línguas europeias. Com o tempo, o pico se tornou o local aceito pela tradição cristã e, posteriormente, pelo consenso popular e científico, como sendo o local onde a Arca teria repousado.
Relatos de exploradores e missionários, como Marco Polo, no século 13, ajudaram a popularizar essa associação no Ocidente.
Papel da Igreja e Exploradores: A Igreja e vários exploradores europeus contribuíram para fixar essa identificação ao longo dos séculos, especialmente durante o Renascimento, quando o interesse em geografia e explorações bíblicas se intensificou.
Assim, a atual identificação do Monte Ararate como o local onde a Arca de Noé teria repousado é uma evolução de tradições e interpretações que se consolidaram ao longo dos séculos, influenciadas por fatores religiosos, culturais e históricos.
No mapa da Armênia de Ptolomeu encontramos uma representação da Arca de Noé no Monte Ararate. O foi baseado na descrição contida no livro de Ptolomeu “Geographia,” escrito em 150 d.C. Embora o mapa não seja original de Ptolomeu, a Geographia contém centenas de referências a várias partes do velho mundo, com coordenadas para a maioria, o que permitiu aos cartógrafos reconstruir a visão do mundo de Ptolomeu quando o manuscrito foi redescoberto por volta de 1300 d.C.
Irving Finkel, em seu livro The Ark before Noah: Decoding the Story of the Flood, explora as histórias de inundações associadas a três montanhas significativas: o Monte Ararat, o Monte Cudi e o Monte Nisir. Quais seriam seus argumentos?
Monte Ararat (Agri Dagh): O Monte Ararate, localizado no leste da Turquia, perto da fronteira com o Irã e a Armênia, é o pico mais alto. O fato desse monte ser amplamente reconhecido na tradição judaico-cristã como o local onde a Arca de Noé teria repousado após o Dilúvio, à sua proeminência geográfica e o seu simbolismo religioso, podem indicar que este monte seja realmente o local onde a Arca repousou.
Monte Cudi: O Monte Cudi, também situado na Turquia, próximo à fronteira com o Iraque e a Síria, é outra montanha associada ao relato do Dilúvio. Embora menos famoso que o Monte Ararat, o Monte Cudi tem uma rica tradição associada ao descanso da Arca após o Dilúvio. Algumas tradições islâmicas e cristãs locais sugerem que a Arca poderia ter repousado aqui, reforçando a conexão entre essa montanha e a narrativa do Dilúvio.
Monte Nisir (Pir Omar Gudrun): O Monte Nisir, conhecido hoje como Pir Omar Gudrun, é mencionado na Epopéia de Gilgamesh, uma antiga narrativa mesopotâmica, como o local onde a arca teria repousado após uma grande inundação.
Na Epopéia de Gilgamesh, o Monte Nisir desempenha um papel crucial na história do Dilúvio. Embora a Epopéia de Gilgamesh seja anterior à narrativa bíblica de Noé, as semelhanças entre os dois relatos são notáveis. A inclusão do Monte Nisir nesta tradição mostra a diversidade de locais que diferentes culturas associaram ao descanso da arca após uma grande inundação.
Reflexões sobre os Locais:
A análise de Finkel destaca a multiplicidade de tradições que existem em torno das histórias de inundações no antigo Oriente Próximo. Cada uma dessas montanhas carrega consigo um legado cultural e religioso, refletindo como diferentes civilizações interpretaram e narraram suas experiências com desastres naturais, como inundações.
O que é consenso, no entanto, em todas as narrativas e tradição histórica, é que a Arca de Noé se encontra em algum lugar naquelas montanhas. Pode ser no pico principal mais alto ou nas imediações.
Centenas de Lendas em todo o mundo mencionam a Arca e um Dilúvio.
Quando exploramos as narrativas de dilúvio no Antigo Oriente Próximo, deparamo-nos com um rico mosaico de histórias antigas que ecoam o relato bíblico de Gênesis. Entre os textos mais significativos estão o Gênesis de Eridu (cerca de 2150 a.C.), a Lista de Reis Sumérios (aproximadamente 2119 a.C.), as Instruções de Shuruppak (cerca de 2100 a.C.), a Tábua Cuneiforme de Simmonds (entre 1900 e 1700 a.C.), a Epopéia de Atra-Hasis (cerca de 1635 a.C.) e a Epopéia de Gilgamesh (cerca de 1150 a.C.).
Esses relatos antigos compartilham uma estrutura surpreendentemente similar com o Gênesis, incluindo elementos como a ameaça divina de destruir a humanidade, a seleção de um homem para preservar os animais, a construção de uma grande embarcação, a entrada dos animais de dois a dois, o desembarque da arca em uma montanha, o envio de pássaros para verificar a recuo das águas, e o ritual de adoração por meio de sacrifício após a saída da arca.
No entanto, apesar dessas semelhanças, há também diferenças notáveis entre esses textos e o relato bíblico. Por exemplo, o tamanho da arca e a duração do dilúvio variam entre os relatos, refletindo como a tradição do dilúvio foi transmitida e adaptada ao longo do tempo, de maneira semelhante a outras histórias antigas.
Decifrado recentemente, o mapa, datado de mais de 2.600 anos, mostra a Babilônia como o centro do universo e ilustra a Mesopotâmia e o Rio Eufrates. Ele ainda inclui criaturas míticas e detalhes sobre o que os babilônios acreditavam existir além do mundo conhecido.
O mais impressionante é que o mapa menciona uma história semelhante ao relato bíblico da Arca de Noé! Os antigos babilônios acreditavam que os restos da arca estavam além de um “Rio Amargo”, em uma montanha, que se assemelha à descrição da localização da arca na Bíblia.
A maioria desses relatos do Antigo Oriente Próximo é anterior ao relato bíblico, o que leva alguns críticos a argumentar que o Gênesis pode ter sido inspirado por esses mitos pagãos. No entanto, a narrativa bíblica se destaca por sua abordagem única e sua ausência de elementos pagãos, distinguindo-se como uma história com valor histórico e moral, ao contrário dos mitos que se tornam cada vez mais míticos com o tempo.
Entre os Miao, uma etnia chinesa, existem relatos que ecoam os primeiros textos bíblicos, incluindo a história da Criação e o Dilúvio. Esses relatos antigos são preservados através de rimas, o que minimiza a chance de alterações acidentais.
O relato chinês do Dilúvio apresenta uma história notavelmente similar à de Noé. NuWah, um ancestral mítico, sobreviveu ao Dilúvio com sua família e alguns animais, exatamente como Noé. O caractere chinês para “navio” é derivado de um símbolo antigo que representa um barco com oito bocas, o que remete à narrativa bíblica de uma embarcação que salvou apenas oito pessoas.
Os relatos sobre o Dilúvio também aparecem entre os nativos americanos. Os Cherokee, por exemplo, têm uma lenda em que um cachorro avisa seu dono sobre a necessidade de construir um barco para escapar de uma grande enchente. Os Tlingits, no Alasca, narram como eles se salvaram amarrando barcos para criar uma grande jangada. Frei Geronimo Boscana, em seu livro “Chinigchinich”, menciona que os índios Acagchememe na Califórnia também possuem um conhecimento sobre o Dilúvio, com histórias sobre uma grande inundação que cobriu quase toda a terra.
Na Austrália, os aborígenes possuem uma tradição que remonta a um grande ciclone que causou uma inundação, mantendo apenas uma pequena colina acima das águas, onde os sobreviventes se refugiaram.
John D. Morris e Tim F. LaHaye, em seu livro “The Ark on Ararat”, compilam uma lista impressionante de mais de 212 relatos de Dilúvio em diversas culturas ao redor do mundo. Estes relatos abrangem desde o Oriente Médio e África até a América do Sul e as Ilhas do Pacífico, evidenciando à ubiquidade do mito do Dilúvio em diferentes tradições e regiões.
A evidência sugere que tanto os relatos pagãos quanto o bíblico originam-se de uma tradição comum, que foi posteriormente adaptada e moldada de acordo com as particularidades culturais e religiosas de cada sociedade. A tradição do dilúvio, portanto, não apenas reforça a historicidade do Gênesis, mas também ressalta como a arqueologia e as tradições antigas oferecem uma perspectiva rica sobre as histórias bíblicas.
Os povos, os locais, e as tradições no Ararate fazem referência a Arca de Noé e ao Dilúvio.
A relação entre os descendentes de Noé e a região das montanhas de Ararate, conforme mencionada na Bíblia é perceptível e oferece um interessante ponto de reflexão sobre a ocupação inicial desta área por diferentes povos. A tradição e relatos bíblicos sugerem que os descendentes de Noé, particularmente Sem e seus descendentes, foram os primeiros a habitar certas regiões, incluindo as montanhas de Ararate.
De acordo com o Livro de Jasher, uma obra apócrifa que relata eventos bíblicos com mais detalhes, Sem, filho de Noé, permaneceu próximo a ele após o dilúvio. Isso pode indicar que Sem e seus descendentes tiveram uma forte presença na região das montanhas de Ararate. Se considerarmos que os semitas foram os primeiros a habitar essas montanhas, isso poderia estar relacionado aos nomes de lugares que lembram os filhos de Joctã, filho de Eber, que é um descendente de Sem (Gênesis 10:25-30).
Outra teoria sugere que os descendentes de Jafé, um dos filhos de Noé, foram os primeiros a habitar a região das montanhas de Ararat. Os armênios, que reivindicam descendência de Haig, filho de Togarma, que por sua vez era filho de Gomer e neto de Jafé (Gênesis 10:3), se identificam como os habitantes mais antigos dessa área.
Os armênios têm uma longa tradição e presença na região de Ararate, e essa conexão genealógica reflete uma forte identidade cultural ligada aos ancestrais bíblicos. Arqueologicamente, as primeiras civilizações conectadas a esta área, como os hurritas, são de origem indo-europeia, o que também pode sugerir uma ligação com os descendentes de Jafé.
Eles foram uma civilização antiga que ocupou partes do norte da Mesopotâmia e das montanhas adjacentes. A presença hurrita na região pode corroborar a teoria de que os descendentes de Jafé, através de Gomer e Togarma, estavam entre os primeiros a estabelecer-se nessas áreas montanhosas.
A tradução de William Whiston de 1737 da obra de Flávio Josefo trouxe uma interessante interpretação sobre o local onde a Arca de Noé teria repousado após o Dilúvio. Segundo Whiston, o termo grego utilizado para descrever o local, “apo bah tay reon”, pode ter sido uma derivação do nome armênio “Nachidsheuan” ou “Naxuan”, que significa “o primeiro local de descida”. Esse nome, segundo Whiston, remeteria à cidade armênia de Nachidsheuan, que, segundo a tradição, foi a primeira cidade construída após o Dilúvio.
A cidade de Nakhichevan, mencionada no texto, ainda existe hoje e está localizada em um enclave do Azerbaijão, entre o Irã e a Armênia, a aproximadamente 100 quilômetros ao sudeste do Monte Ararate.
O entorno do Ararate também está cheio de lugares que fazem referencia a Noé, a Arca e ao Dilúvio, como o “Vale dos Oito” e a “Aldeia dos Oito.” A associação com os oito sobreviventes do dilúvio é uma possibilidade que desperta o interesse dos estudiosos.
Existem também centenas de túmulos antigos, pedras que se parecem com altares, ancoras gigantes de pedra encontradas a grandes altitudes e a distâncias significativas do mar, com cruzes talhadas. Essas ancoras poderiam ter sido usadas por Noé para estabilizar a Arca enquanto ela navegava pelas águas até finalmente repousar. A presença de cruzes do cristianismo sugere que, mesmo na época das Cruzadas, as pessoas reconheciam a importância dessas pedras e a sua ligação com a história bíblica.
Além disso os habitantes locais contam até hoje muitas lendas de lugares deixados ou erigidos pelo próprio Noé e sua família, como vinhas, vilas, e outras construções.
As tradições que fazem referência a Noé e a Arca permanecem até hoje na Turquia, onde desde o século III d.C., podemos encontrar moedas cunhadas na cidade de Apameia, também conhecida como Kibotos, que apresentam a Arca de Noé com uma representação estilizada de uma arca quadrada ou retangular, e geralmente mostram Noé e sua esposa saindo da arca, ou uma pomba com um ramo de oliveira. Em algumas moedas, há também a inscrição “ΝΩΕ” (Noé).
Essa tradição é tão forte e tão enraizada nas imediações do Monte Ararate que ainda hoje temos cédulas e moedas turcas sendo emitidas em homenagem a Arca de Noé e o Monte Ararate emitidas pela Turquia.
Registros históricos de Avistamentos da Arca de Noé na antiguidade.
Precisamos deixar claro que quando falamos da Arca de Noé, não estamos tratando este assunto como uma lenda. E quando afirmamos isso, não o fazemos apenas porque a Bíblia diz que a Arca de Noé existiu, ou porque estamos escrevendo partindo de premissas e de um viés religioso. Existem muitos registros históricos da provável existência da Arca de Noé mesmo fora da Bíblia Sagrada, que nos sugerem que ela pode realmente ter sido avistada, ou quem sabe, ainda existir nas montanhas do Ararate ou proximidades. Estes registros foram feitos por historiadores antigos, escritores e outras personalidades históricas. Nesta primeira etapa da nossa pesquisa abordaremos alguns destes registros.
O relato de Berossus sobre a Arca de Noé:
Uma das mais antigas menções a Arca de Noé que temos vem de Berossus, um sacerdote babilônico que viveu no século III a.C., e escreveu uma obra chamada Babylonica. Uma parte de sua obra aborda um grande dilúvio que tem paralelos com a história bíblica da Arca de Noé.
Berossus mencionou que a embarcação de “Xisuthros” repousou em uma montanha após o dilúvio, e que os sobreviventes saíram e realizaram sacrifícios aos deuses. Ele também afirmou que restos da embarcação ainda poderiam ser vistos em sua época:
“Diz-se que ainda hoje se veem restos da arca sobre a montanha dos Cordiens, na Armênia, e alguns levam desse lugar pedaços de betume, com o qual ela estava recoberta, e dele se servem como impermeabilizante” (Flávio Josefo História dos Hebreus, Primeiro Livro Capítulo III, CPAD)
Este testemunho nos deixa claro que havia uma embarcação nas montanhas, que ainda podia ser vista e visitada na época de Berossus, que era calafetada com betume. A obra de Berossus se perdeu, mas ela é citada por vários outros historiadores, como Eusebio de Cesaréia e Flávio Josefo. (Eusebius of Caesarea, Preparation for the Gospel (Preparatio Evangelica), translated by Edwin Hamilton Gifford, Oxford: Clarendon Press, 1903. (Ver Livro 9, Capítulo 12).
Embora Berossus esteja se referindo a uma versão mesopotâmica do dilúvio, seu testemunho é significativo porque mostra que histórias de grandes inundações e arcas de salvação eram difundidas em toda a antiga Mesopotâmia e foram registradas por várias culturas, o seu relato se alinha com a história do dilúvio em “O Épico de Gilgamesh” e também com a narrativa bíblica da Arca de Noé.
Nicolau de Damasco menciona a Arca de Noé em uma montanha:
Nicolau de Damasco (c. 64 a.C. – c. 4 d.C.) foi um historiador, filósofo e conselheiro de Herodes, o Grande. Em sua obra História Universal, Nicolau mencionou a Arca de Noé. Segundo ele, a arca teria repousado em uma montanha na Armênia chamada Baris, um nome que pode se referir a uma região próxima ao Monte Ararate.
“Há uma grande montanha na Armênia, situada na cordilheira de Minyas, chamada Baris, para onde muitos se refugiaram durante o Dilúvio e foram salvos; e uma certa pessoa, carregada em uma embarcação, encalhou no topo; e as relíquias da madeira foram preservadas por muito tempo. Esta poderia ser a mesma pessoa sobre quem Moisés, o legislador dos judeus, escreveu.” (Eusébio de Cesareia, Preparatio Evangelica, Livro 9, Capítulo 20).
Epifânio de Salamina menciona os restos da Arca de Noé:
Epifânio de Salamina foi o bispo de Salamina, Chipre, no final do século IV. Ele menciona os restos da Arca de Noé ainda visíveis em seu tempo, em Corduene uma antiga região histórica no atual leste da Turquia:
“Assim, até hoje os restos da arca de Noé ainda são mostrados em Corduene.” ( Epifânio de Salamina (2009). Thomassen, Einar; van Oort, Johannes)
“Você supõe seriamente que não somos capazes de provar nosso ponto, quando até hoje os restos da Arca de Noé são mostrados no país dos curdos? Ora, se alguém procurasse diligentemente, sem dúvida também encontraria no sopé da montanha os restos do altar onde Noé, ao deixar a Arca, demorou-se para oferecer animais limpos e gordos como sacrifício ao Senhor Deus” (A Arca em Ararate, Tim LaHaye e John Morris, 1976, p.21).
João Crisóstomo menciona os restos da Arca de Noé e sua localização:
João Crisóstomo foi um importante arcebispo de Constantinopla, nascido em 347 d.C. Ele também menciona a existência dos restos da Arca de Noé visíveis em seu tempo:
“Vocês já ouviram falar do Dilúvio — daquela destruição universal? Isso não foi apenas uma ameaça, foi? Não aconteceu realmente — essa obra poderosa não foi realizada? As montanhas da Armênia não testemunham isso, onde a Arca descansou? E os restos da Arca não estão preservados lá até hoje para nossa advertência?” (Montgomery, John Warwick (1974) [1972]. The Quest for Noah’s Ark (2 ed.))
Hayton de Corycus, historiador medieval, mencionou a Arca de Noé ainda visível em seu tempo:
O Monge e historiador medieval armênio Hayton (1250 a 1310) mencionou a Arca de Noé no contexto das tradições e relatos históricos da época. Em sua obra, ele descreve a Arca de Noé como sendo encontrada no topo de uma montanha na Armênia e relata que os habitantes locais ainda podiam ver e até mesmo coletar pedaços da arca:
“No cume da montanha algo preto é visível, o que as pessoas dizem ser a Arca.”( Hayton of Corycus (2004) [1307]. “The Kingdom of Armenia”.)
Teófilo de Antioquia também menciona a Arca de Noé visível em seu tempo:
Teófilo de Antioquia (115-185 d.C.) fez referência à Arca de Noé, onde ele menciona que a Arca era visível em uma montanha na região da Arábia.
“E assim a raça de todos os homens que então existiam foi destruída, e somente aqueles que estavam protegidos na arca foram salvos; e estes, já dissemos, eram oito. E da arca, os restos ainda podem ser vistos até hoje, se se dirige à montanha Ararate, na região da Arábia, como se diz, onde ela repousou após o dilúvio.” (Teófilo de Antioquia, Ad Autolycum, Livro III, Capítulo 20)
Além de Teófilo, outros Padres da Igreja também mencionaram a Arca de Noé até meados do século VII d.C.
Isidoro de Sevilha também menciona os restos da Arca de Noé:
Isidoro de Sevilha (c. 560–636 d.C.) foi um importante teólogo e erudito da Espanha visigótica, conhecido principalmente por sua obra Etymologiae (ou Etymologies). Esta obra enciclopédica cobria uma vasta gama de tópicos, incluindo história, gramática e teologia, nela ele não só menciona que outros historiadores antigos já se referiam a Arca localizada no Monte Ararate, mas também afirma que seus restos de madeira ainda podiam ser vistos lá.
“Ararate é uma montanha na Armênia, em que os historiadores atestam que a arca se estabeleceu após o Dilúvio. Daí até hoje restos de madeira da Arca podem ser visto lá.” (Isidore of Seville, The Etymologies of Isidore of Seville, 298 XIV.viii.3–viii.18)
Al-Mas’udi menciona a Arca de Noé visível em seu tempo:
Al-Mas’udi (c. 896 – 956 d.C.) foi um historiador, geógrafo e viajante árabe, frequentemente referido como o “Heródoto dos Árabes” devido à sua abordagem abrangente na descrição de diferentes culturas e eventos históricos. Ele é uma das figuras mais importantes da historiografia islâmica. Ele menciona a existência visível da Arca de Noé no Monte “Jebel Judi” ao invés de Monte Ararate, porque esse é o nome usado no Alcorão.
“El-Judi é uma montanha no país de Masur, e se estende até Jezirah Ibn ‘Omar, que pertence ao território de el-Mausil. Esta montanha fica a oito farsangs [cerca de 32 milhas] do Tigre. O lugar onde o navio parou, que fica no topo desta montanha, ainda pode ser visto.” (Montgomery (1972)).
Marco Polo menciona a Arca de Noé numa montanha da Armênia:
Marco Polo, o famoso explorador veneziano do século 13, mencionou o Monte Ararate em sua obra “O Livro das Maravilhas do Mundo” (também conhecido como “As Viagens de Marco Polo”). Nas Viagens de Marco Polo temos a seguinte citação sobre a Arca de Noé:
“Foi no alto das montanhas dessa província que foi parar a arca de Noé depois do dilúvio.” (As Viagens de Marco Pólo CAPÍTULO XIII, pg 41)
Adão Olearius menciona restos da Arca de Noé:
Adão Olearius (1599–1671), cujo nome original era Adam Ölschläger, foi um matemático, geógrafo, bibliotecário e diplomata alemão do século XVII. Ele é mais conhecido por seus relatos detalhados de viagens e pelas contribuições à geografia e à cartografia da época. Ele menciona em suas obras a existência de restos da Arca de Noé:
“Os armênios, e os próprios persas, são de opinião que ainda há sobre a dita montanha alguns restos da Arca, mas que o Tempo os endureceu tanto, que eles parecem absolutamente petrificados. Em Schamachy, na Média Pérsia, nos foi mostrada uma Cruz de uma Madeira preta e dura, que os Habitantes afirmaram ter sido feita da Madeira da Arca” (A Arca em Ararate, Tim LaHaye e John Morris, 1976, p. 22).
Muitos outros relatos de avistamento da Arca de Noé ainda são registrados por vários outros historiadores e habitantes da região ao entorno do Monte Ararate. Na verdade, existe uma extensa tradição que afirma que a Arca sempre esteve visível naquelas imediações.
Relatos atuais de avistamentos da Arca de Noé no Monte Ararate.
Ao longo dos séculos, inúmeros relatos de avistamentos da Arca de Noé surgiram, especialmente relacionados ao Monte Ararate. Esses relatos variam em detalhes e confiabilidade, mas juntos formam um mosaico fascinante de testemunhos sobre um dos maiores mistérios bíblicos. Militares e fotógrafos, cada um trazendo novas informações e perspectivas sobre a possível localização da arca. Abaixo, apresentamos alguns dos avistamentos mais notáveis de maneira muito resumida.
1856 – Haji Yearam (Armênio): Haji Yearam, um explorador armênio, afirmou ter avistado a Arca de Noé em uma região um pouco abaixo do cume do Monte Ararate. Descreveu a arca como uma caixa ou barcaça, parcialmente coberta de gelo, localizada perto de uma saliência e um penhasco. Havia um pequeno lago próximo que transbordava para um rio, e a estrutura estava em uma depressão.
1883 – Comissão Turca e Capitão Britânico Gascoy: Uma comissão turca, acompanhada pelo Capitão Britânico Gascoy, relatou ter visto a Arca no pé de uma geleira no Monte Ararate. A estrutura foi descrita como parcialmente visível no gelo, mas o relato não forneceu muitos detalhes adicionais sobre sua condição.
1887 – Arquidiácono Nestoriano John Joseph Nouri: John Joseph Nouri, arquidiácono nestoriano, afirmou ter encontrado a Arca em um planalto estreito próximo ao cume do Monte Ararat. Descreveu a estrutura com aproximadamente 900 pés de comprimento e 100 pés de largura, sem fornecer mais detalhes sobre sua condição.
1900-1908 – George Hagopian e seu tio: George Hagopian e seu tio, ambos armênios, relataram ter encontrado a Arca no topo do Monte Ararate. A estrutura foi descrita como uma grande barcaça ou caixa com cerca de 1000 pés de comprimento, 600 pés de largura e 40 pés de altura, parcialmente coberta de gelo e rocha, com uma passarela visível de cerca de 5 pés de altura.
1916 – Soldados Turcos: Durante a Primeira Guerra Mundial, soldados turcos relataram ter visto a Arca no topo do Monte Ararate ou Monte Cudi. A estrutura foi descrita como tendo cerca de 450 pés de comprimento, mas o relato carecia de detalhes adicionais.
1943 – Sargento do Exército dos EUA Ed Davis: Em 1943, o Sargento Ed Davis, do Exército dos EUA, afirmou ter visto a Arca no lado norte do Monte Ararate. Descreveu a estrutura como uma grande barcaça quebrada e virada de lado, parcialmente submersa em um lago de gelo, com evidências de destroços ao redor e uma passarela visível.
Ed Davis foi submetido a um polígrafo e os testes de detecção de mentira deram negativos, atestando que ele não estava mentindo naquilo que afirmou ter visto.
1944 – Soldado Turco Ekrem Akurgal e G.I. Joe Haynes: Em 1944, Ekrem Akurgal e G.I. Joe Haynes relataram ter visto a Arca no lado norte do Monte Ararate, a cerca de 400 pés de altitude. Descreveram a estrutura como uma caixa ou barcaça, com metade visível, medindo aproximadamente 75 pés de largura e 50 pés de altura.
1944 – Armênio Abet Navroodi: Abet Navroodi, um armênio, relatou ter encontrado a Arca no lado norte do Monte Ararate, em um lago de gelo. A estrutura foi descrita como uma caixa ou barcaça, mas sem informações detalhadas sobre suas dimensões.
1946-1947 – Soldados Turcos (Montanhas Altai): Soldados turcos nas Montanhas Altai relataram ter visto a Arca sob o gelo do Monte Ararate após um terremoto. A estrutura foi descrita como uma grande caixa ou barcaça.
1947 – Turco Resit e George Lacey: Em 1947, Resit e George Lacey relataram ter encontrado a Arca no lado norte do Monte Ararate, em uma depressão. Descreveram a estrutura como uma caixa ou barcaça, mas não forneceram detalhes adicionais.
1943 – Sargento Vince Will, Corpo Aéreo do Exército dos EUA: O Sargento Vince Will, durante uma missão de reconhecimento no lado norte do Monte Ararate, a aproximadamente 14.500 pés de altitude, relatou a visão de uma estrutura que ele acreditava ser a Arca de Noé. A descrição da estrutura era de uma caixa ou barcaça, com dimensões variando entre 40 e 75 pés de comprimento e 45 a 50 pés de largura.
1945 – Sargento Gerald Howle, Corpo Aéreo do Exército dos EUA: O Sargento Gerald Howle reportou ter visto a Arca no Monte Ararate, na região da fronteira turco-armênia. Ele descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, com uma altura aproximada de 15 pés. Este relato, no entanto, foi menos detalhado e não incluiu muitas informações adicionais.
1945 – Cabo Lester Walton, Corpo Aéreo do Exército dos EUA: O Cabo Lester Walton também relatou a visão de uma estrutura semelhante à Arca no Monte Ararate, na mesma área da fronteira turco-armênia. Seu relato não detalhou a altura da estrutura, mas confirmou a identificação como uma caixa ou barcaça, com acompanhamento da National Geographic.
1945-1946 – Noticiário Charlie McCallen, Corpo Aéreo do Exército dos EUA: Charlie McCallen relatou ter observado a Arca na região da fronteira turco-armênia. Sua descrição foi semelhante à de uma caixa ou barcaça, mas sem informações adicionais sobre as dimensões ou detalhes específicos.
1948 – Pessoal da US Air Air Corp, Andy Anderson: Em 1948, Andy Anderson, da US Air Air Corp, relatou ter visto a estrutura no Monte Ararate, na mesma área da fronteira turco-armênia. A estrutura foi identificada como uma caixa ou barcaça, mas o relato não incluiu detalhes adicionais.
1952 – Fotógrafo da Marinha dos EUA, William Todd: William Todd, um fotógrafo da Marinha dos EUA, registrou a estrutura no Monte Ararate, acima do desfiladeiro de Ahora, a uma altitude entre 14.500 e 16.000 pés. Descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, com dimensões que variavam de 35 a 75 pés de comprimento e 45 pés de largura.
1953 – Fotos do americano George Greene: George Greene, um fotógrafo americano, capturou imagens da estrutura no Monte Ararate, na área da fronteira turco-armênia. A estrutura foi identificada como uma caixa ou barcaça, e as fotos foram atribuídas a uma culpa generalizada.
1950-1954 – Pastor Francês Armand Pascal e Joe Meilves: O pastor francês Armand Pascal e Joe Meilves relataram ter visto a Arca no lado leste do Monte Ararate, em um caminho das cabras. Descreveram a estrutura como uma caixa ou barcaça, parcialmente visível e fissurada.
1952-1953 – Piloto de Resgate dos EUA Thomas Meiser: Thomas Meiser, piloto de resgate dos EUA, alegou ter visto a Arca no lado leste do Monte Ararate, ao sul do Lago Van. Descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, mencionando que o lago de gelo poderia transbordar.
1956-1962 – Noticiário American Herb Knee: Herb Knee, um repórter americano, relatou ter visto a estrutura na região da fronteira turco-armênia durante este período. Descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, com dimensões variadas, e sua descrição foi apoiada por evidências fotográficas.
1958-1962 – Piloto U-2 e fotos de Omaha Herald: Durante este período, um piloto de U-2 registrou imagens da estrutura no Monte Ararate, na área da fronteira turco-armênia. A estrutura foi descrita como uma caixa ou barcaça, com as imagens sendo publicadas pelo Omaha Herald.
1959 – Capitão da Força Aérea dos EUA, Gregor Schwinghammer: Gregor Schwinghammer relatou ter visto a estrutura no Monte Ararate, na fronteira turco-armênia, durante a primavera e o outono. Descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, com dimensões variando entre 150 e 200 pés de comprimento, 60 a 70 pés de largura e 40 a 50 pés de altura.
1960-1970 – Bob Courtney, Força Aérea dos EUA: Bob Courtney, da Força Aérea dos EUA, relatou ter observado a estrutura no Monte Ararate, perto do cume, durante este período. A descrição foi semelhante à de uma caixa ou barcaça, mas sem detalhes adicionais.
1960-1970 – Sargento-mestre Merritt Van Ostra, Força Aérea dos EUA: O Sargento-mestre Merritt Van Ostra também relatou ter visto a estrutura no Monte Ararate, na fronteira turco-armênia. A estrutura foi identificada como uma caixa ou barcaça, sem informações adicionais.
1968 – David Duckworth, Smithsonian: David Duckworth, do Smithsonian, registrou a estrutura no Monte Ararate. A descrição foi de uma estrutura tipo barco ou pontos, com dimensões de 140 a 450 pés de comprimento e 60 a 80 pés de largura, com uma altura de 6 pés.
1968-1969 – Fotógrafo militar Richard Kalinowski: Richard Kalinowski registrou imagens da estrutura no Monte Ararate, na fronteira turco-armênia, durante este período. O relato não incluiu muitas informações sobre as dimensões ou características da estrutura.
1969-1970 – Coronel Walter Hunter, Força Aérea dos EUA: O Coronel Walter Hunter, da Força Aérea dos EUA, capturou imagens da estrutura no Monte Ararate, com uma descrição de barco ou pontos. A estrutura foi estimada em 450 pés de comprimento, mas sem detalhes adicionais.
1974 – Ed Behling, Força Aérea dos EUA: Ed Behling relatou ter visto a estrutura no Monte Ararate, na fronteira turco-armênia. Descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, com dimensões de 150 a 200 pés de comprimento, 60 a 70 pés de largura e 40 a 50 pés de altura.
1974 – Tenente JG Al Shappell, Marinha dos EUA: O Tenente JG Al Shappell relatou ter visto a estrutura no topo do desfiladeiro de Ahora, no Monte Ararate, a uma altitude entre 14.500 e 15.000 pés. Descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, com dimensões variando de 300 a 400 pés de comprimento e 100 a 200 pés de largura.
1974 – Análise de fotos do SR-71 da Força Aérea dos EUA: A análise das fotos do SR-71 indicou a presença de uma estrutura em arco no Monte Ararate, mas sem muitos detalhes adicionais.
1985 – General Ralph Havens, Força Aérea dos EUA: Em 1985, o General Ralph Havens relatou ter visto a estrutura no Monte Ararate, acima do desfiladeiro de Ahora, perto do penhasco. Descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, com fotos disponíveis para análise.
1989 – Intérprete de fotografia militar dos EUA, George Stephen I: George Stephen I relatou ter visto a estrutura no Monte Ararate, na falha Abich II, a uma altitude entre 15.000 e 16.000 pés. Descreveu a estrutura como uma caixa ou barcaça, com fotos e análise indicando a presença de uma culpa generalizada.
1989 – Turco Ahmet Arslan: Ahmet Arslan, um turco, relatou a visão da estrutura no Monte Ararate, na falha Abich II, com uma descrição similar de caixa ou barcaça.
1992-1993 – Rolando Reyna, Americano: Rolando Reyna, um americano, filmou a estrutura no Monte Ararate, na fronteira turco-armênia. A estrutura foi identificada como uma caixa ou barcaça, com as imagens corroborando a existência de uma estrutura significativa.
Pedaços de Madeira que podem ser da Arca de Noé encontrados no Monte Ararate.
Com o aumento das expedições ao Monte Ararate e o interesse cada vez maior em se encontrar alguma prova da existência da Arca de Noé, outros relatos e possíveis evidências foram aparecendo, principalmente supostos pedaço de madeira que habitantes locais e exploradores afirmavam serem restos da grande embarcação.
O alpinista francês Fernand Navarra. Em 1955, Navarra afirmou ter encontrado uma prancha de madeira enterrada no gelo a uma altitude de cerca de 4.200 metros no Monte Ararat. Ele trouxe um pedaço dessa madeira de volta à Europa, onde foi submetido a testes de datação por carbono. Inicialmente, os testes sugeriram que a madeira tinha cerca de 5.000 anos, uma datação que muitos associaram ao período do dilúvio bíblico.
Outras análises de amostras da mesma madeira indicaram que a idade real era muito mais recente, datando de aproximadamente 500 a 700 anos. Isso levantou sérias dúvidas sobre a autenticidade da madeira como parte da Arca. Alguns críticos sugeriram que a madeira poderia ter sido colocada no local de forma intencional ou que Navarra havia encontrado apenas os restos de uma estrutura antiga, mas não a Arca de Noé.
Navarra, por sua vez, nunca recuou de sua alegação original. Ele sustentou até o fim de sua vida que a madeira que encontrou era realmente da Arca, e que as evidências contrárias eram resultado de testes defeituosos ou de uma conspiração para desacreditar sua descoberta.
Equipe chinesa afirma ter encontrado a Arca de Noé no Monte Ararate na Turquia.
Em 2010, um grupo de exploradores chineses e turcos, membros da organização “Noah’s Ark Ministries International,” anunciou que havia encontrado os restos da Arca de Noé no Monte Ararat, na Turquia. Eles afirmaram ter descoberto uma estrutura de madeira a cerca de 4.000 metros de altitude, que eles acreditavam ser parte da Arca mencionada na Bíblia.
A equipe afirmou que as madeiras da estrutura foram datadas de aproximadamente 4.800 anos atrás, o que coincidiria com o período em que, segundo cronologias bíblicas, o dilúvio teria ocorrido. A descoberta incluiu compartimentos de madeira que, segundo eles, poderiam ter sido usados para abrigar animais.
Eles também divulgaram fotografias e vídeos do que acreditavam ser a Arca, mostrando uma estrutura de madeira com múltiplos compartimentos, e amostras foram coletadas para análise. A organização sugeriu que as condições no Monte Ararat poderiam ter preservado a madeira por milhares de anos.
A alegação atraiu atenção global, mas também ceticismo. Muitos especialistas questionaram a autenticidade da descoberta. Geólogos e arqueólogos expressaram dúvidas sobre a idade e a origem das amostras de madeira, e alguns sugeriram que a estrutura poderia ser uma construção humana posterior, sem qualquer ligação com a Arca de Noé.
Críticos também apontaram para a falta de uma verificação independente e rigorosa das alegações. Enquanto a equipe afirmava que a datação por carbono confirmava a idade antiga da madeira, os métodos e resultados não foram revisados por cientistas independentes naquele primeiro momento.
A noticia desta descoberta foi denunciada como sendo uma falsificação e apareceu em várias agencias de checagem que exibiram o depoimento de supostos ex-membros da equipe, que afirmaram que o sitio arqueológico no alto do Ararate era produzido com o intuito de obtenção de lucro financeiro. No entanto as acusações de fraude provaram-se inverídicas e hoje novas equipes de arqueólogos, geólogos e outros profissionais de vários países estão estudando o sitio arqueológico, incluindo o governo da Turquia.
A equipe do Noah’s Ark Ministries International tem inclusive, novas informações sobre esta descoberta, porém só trataremos dessas novas informações nos capítulos posteriores desta pesquisa.
Outra possível Arca de Noé encontrada no Monte Ararate no sitio arqueológico de Durupinar.
O Sítio Durupınar foi identificado pela primeira vez em 1959 pelo capitão do exército turco İlhan Durupınar durante a análise de fotografias aéreas tiradas para fins cartográficos. Em uma das imagens, Durupınar notou uma formação peculiar em forma de barco, situada a aproximadamente 2.000 metros de altitude nas montanhas perto do Monte Ararate, no leste da Turquia.
A descoberta atraiu atenção imediata, levando a uma pequena expedição organizada pelo governo turco naquele mesmo ano. Participaram dessa expedição o renomado explorador Dr. Arthur Brandenberger, da Universidade de Ohio, e o fotógrafo da revista Life, George Jammal. No entanto, após uma breve inspeção, a equipe concluiu que a formação provavelmente era uma anomalia geológica natural, e o interesse científico diminuiu temporariamente.
Em 1977, o pesquisador e enfermeiro anestesista americano Ron Wyatt se interessou pelo Sítio Durupınar após ler sobre a formação peculiar. Wyatt era conhecido por suas explorações arqueológicas relacionadas a relatos bíblicos, ele realizou diversas expedições ao local ao longo das décadas seguintes, afirmando ter encontrado evidências substanciais de que o Sítio Durupınar era, de fato, os restos fossilizados da Arca de Noé.
O explorador conduziu várias investigações no local e apresentou uma série de evidências para apoiar sua reivindicação:
A formação mede aproximadamente 157 metros de comprimento, o que, segundo Wyatt, corresponderia aos 300 côvados mencionados na Bíblia (Gênesis 6:15), considerando variações na definição da medida antiga de “côvado”.
Ele destacou a simetria lateral da formação, argumentando que as bordas levantadas e a estrutura em formato de casco indicavam uma construção artificial.
Em parceria com outros pesquisadores, incluindo o engenheiro David Fasold, Wyatt utilizou equipamentos de radar de penetração no solo para examinar a formação. Os resultados mostraram padrões que Wyatt interpretou como uma estrutura interna composta por compartimentos regulares, sugerindo a existência de uma embarcação sob a superfície.
As varreduras de radar teriam identificado linhas paralelas e ângulos retos sob a superfície, características atípicas em formações geológicas naturais.
Wyatt alegou ter detectado altas concentrações de metais organizados em padrões lineares, que ele interpretou como possíveis pregos ou fixadores metálicos usados na construção da Arca.
Algumas amostras coletadas no local foram submetidas a análises que, segundo Wyatt, confirmaram a presença de ligas metálicas não naturais na área.
Também foram encontradas várias grandes pedras com orifícios perto do sítio, que Wyatt interpretou como “âncoras de pedra” usadas para estabilizar a Arca durante o Dilúvio.
Algumas dessas pedras apresentavam cruzes e símbolos possivelmente associados a períodos cristãos posteriores, indicando que os habitantes locais antigos reconheceram e veneraram essas pedras por provavelmente serem relacionadas à Arca de Noé.
Ron Wyatt também afirmou ter encontrado amostras de madeira fossilizada no local, que poderiam ser remanescentes da estrutura original da Arca.
Análises laboratoriais posteriores confirmaram a natureza orgânica das amostras, embora detalhes específicos desses testes não tenham sido amplamente divulgados ou verificados de forma independente.
Em 1987, após várias apresentações e pressões de Wyatt e seus colegas, o governo turco reconheceu oficialmente o Sítio Durupınar como um possível local de descanso da Arca de Noé. Foi estabelecido o “Parque Nacional da Arca de Noé”, e um centro de visitantes foi construído próximo ao sítio para acomodar turistas e interessados.
A descoberta atraiu a atenção internacional, e diversos documentários e reportagens foram produzidos sobre o assunto. Alguns pesquisadores e entusiastas apoiaram as reivindicações de Wyatt, vendo nelas uma confirmação tangível do relato bíblico.
Até o presente momento, nenhuma evidência conclusiva foi apresentada que confirme que o Sítio Durupınar abriga os restos da Arca de Noé. A maioria da comunidade científica ainda considera a formação como uma estrutura geológica natural, enquanto alguns entusiastas continuam a defender a possibilidade de sua origem artificial e ligação com o relato bíblico. Sobre esta descoberta também temos acesso a outras informações que traremos nos capítulos posteriores da nossa pesquisa.
Conclusão:
Esta primeira parte da nossa pesquisa teve como objetivo descobrir se a Arca de Noé foi realmente encontrada no Monte Ararate ou se ela é apenas um mito.
No nosso levantamento histórico, abordamos todos os aspectos possíveis sobre a Arca de Noé: suas bases bíblicas, tamanho, localização, o local onde ela teria repousado, centenas de lendas sobre sua existência fora dos textos bíblicos, artefatos arqueológicos que a mencionam, avistamentos registrados na antiguidade e na modernidade, e, por fim, possíveis provas materiais da sua existência no Monte Ararate.
Tudo o que apresentamos até aqui está sujeito a análises. Muitas das grandes descobertas da arqueologia não são confirmadas imediatamente nos primeiros anos de seu descobrimento. Talvez este seja o caso das descobertas que nos foram apresentadas até este momento.
Deixamos a critério do leitor formar sua opinião em relação às evidências que apresentamos até aqui e concluir se a Arca de Noé foi realmente encontrada, se ainda pode vir a ser encontrada, ou se ela não passa de um mito.
Continuaremos a estudar a descoberta da Arca de Noé feita pelos chineses e turcos do Noah’s Ark Ministries International, bem como o sítio arqueológico de Durupinar do americano Ron Wyatt, nos próximos capítulos.
Nos próximos estudos, traremos algumas conclusões sobre todos esses assuntos tratados aqui e também questionaremos essas descobertas de maneira mais profunda.
Fontes pesquisadas:
Eusebius of Caesarea, Preparation for the Gospel (Preparatio Evangelica), translated by Edwin Hamilton Gifford, Oxford: Clarendon Press, 1903. (Ver Livro 9, Capítulo 12).
Gifford, E.H., trans. Eusebius: Preparation for the Gospel. Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1981 (reprint).
Eusébio de Cesareia, Preparatio Evangelica, Livro 9, Capítulo 20
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Teófilo de Antioquia, Ad Autolycum, Livro III, Capítulo 20.
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Montgomery (1972)
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