Profeta Isaías. Existem evidências históricas do cumprimento de suas profecias?

Profeta Isaías. Existem evidências históricas do cumprimento de suas profecias?

O Profeta Isaías é até hoje um dos mais marcantes profetas, tanto para o Judaísmo como para o Cristianismo.

O livro na Bíblia que leva o seu nome, sempre foi um dos mais populares livros proféticos entre os primeiros cristãos.

É do Profeta Isaías que derivam um grande número de citações no Novo Testamento e também mais da metade das citações referentes a Jesus Cristo. Existem na verdade, mais de 400 referências diretas ao livro do Profeta Isaías feitas pelos evangelistas e apóstolos.

O Evangelista Mateus usa referências do Profeta Isaías em seu evangelho apontando o cumprimento de várias das suas profecias no ministério de Jesus,

Mas será que as profecias do Profeta Isaías realmente aconteceram como predito?

Será que este profeta pode ser realmente levado a sério de um ponto de vista histórico, ou devemos considera-lo apenas uma figura religiosa e mítica sustentada pela crença, por lendas, ou por seu valor teológico e cultural?

Neste estudo vamos focar principalmente no conteúdo profético do Profeta Isaías. Tentaremos determinar se os eventos que ele previu e que foram registrados em seu livro realmente possuem correlação com a História que conhecemos e se podemos encontrar alguma evidência histórica ou arqueológica de suas previsões.

Em relação a existência do Profeta Isaías como uma personalidade histórica real e não somente como uma figura religiosa temos outro estudo onde falamos unicamente disso e mostramos citações históricas e descobertas arqueológicas relacionadas a sua pessoa. Confira aqui: Profeta Isaías. Existem provas da sua existência, ministério e morte?

Você também pode ler a nossa série de publicações sobre Escatologia e Profecias Bíblicas aqui no Pesquisador Cristão clicando nos links a seguir:

 

Profecia do Profeta Isaías que se cumpriu: A Queda de Babilônia.

O profeta Isaías proferiu várias profecias no Antigo Testamento, algumas das quais são reconhecidas por estudiosos e teólogos como tendo se cumprido fielmente. A queda de Babilônia é uma delas.

As profecias de Isaías sobre a queda de Babilônia são encontradas principalmente nos capítulos 13 e 14 de Isaías, além de algumas referências em outros capítulos. Essas profecias preveem a queda de Babilônia e a destruição de seu império.

“E Babilônia, a glória dos reinos, a beleza e o ornamento dos caldeus, será como quando Deus destruiu Sodoma e Gomorra.” (Isaías 13:19)

“Por isso as criaturas do deserto habitarão com os chacais, e as corujas morarão ali. Nunca mais será habitada nem povoada por todas as gerações.” (Isaías 13:20-22)

“Eis que eu suscitarei contra eles os medos, que não farão caso da prata, nem tampouco desejarão o ouro.”( Isaías 13:17)

Este último versículo afirma que Deus traria os medos (ou medos e persas, como eram conhecidos) para lutar contra Babilônia, indicando uma intervenção divina na queda da cidade. Ciro, como rei da Pérsia, liderou os medos e persas na conquista de Babilônia em 539 a.C., cumprindo assim a profecia de Isaías de que Babilônia seria derrotada por um poder estrangeiro.

Embora a cidade tenha continuado a existir por algum tempo, ela gradualmente entrou em declínio e se tornou uma ruína desabitada, como foi profetizado.

A queda de Babilônia aconteceu cerca de 140 a 180 anos após a profecia de Isaías ter sido registrada. Portanto, levou aproximadamente um século e meio a dois séculos para que a profecia de Isaías se cumprisse historicamente.

Registros históricos do cumprimento dessa profecia:

Existem registros históricos significativos que documentam a queda de Babilônia. A conquista da cidade por Ciro, o Grande, rei da Pérsia, é amplamente documentada por várias fontes antigas, incluindo:

Heródoto: O historiador grego Heródoto, que viveu no século V a.C., descreve em detalhes a conquista de Babilônia por Ciro em sua obra “Histórias”. Ele relata como Ciro desviou o rio Eufrates, permitindo que suas tropas entrassem na cidade de forma surpreendente e capturassem Babilônia sem grande resistência.

Cilindro de Ciro Museu Britânico em Londres
Cilindro de Ciro, Museu Britânico em Londres

Cilindro de Ciro: Um dos artefatos mais famosos que confirmam a conquista de Babilônia é o Cilindro de Ciro, um documento em argila que descreve a política de Ciro após a conquista. No cilindro, Ciro se apresenta como o libertador dos povos dominados pelo império babilônico e autoriza a restauração de seus templos e santuários.

Outros Historiadores Antigos: Além de Heródoto, outros historiadores antigos como Xenofonte e Berossus também mencionam a queda de Babilônia nas mãos de Ciro e os eventos subsequentes que levaram ao declínio da cidade.

Escavações Arqueológicas: As escavações arqueológicas em Babilônia, localizada no atual Iraque, revelaram evidências das camadas destruídas da cidade que coincidem com o período da conquista persa. Essas escavações confirmam a queda e a subsequente desolação de Babilônia após a conquista por Ciro.

 

Profecia do Profeta Isaías sobre a destruição de Damasco.

Damasco era a capital do Reino de Aram (Síria) e, no tempo de Isaías, uma potência regional frequentemente em conflito com o Reino de Israel e o Reino de Judá. As profecias de Isaías foram pronunciadas durante o período em que Tiglate-Pileser III, rei da Assíria, estava expandindo seu império e ameaçando as nações vizinhas, incluindo Aram e Israel.

Isaías profetizou a destruição de Damasco, que foi conquistada e destruída pelos assírios no século 8 a.C., como parte de sua expansão militar na região.

“Peso de Damasco. Eis que Damasco será tirada de cidade, e será um montão de ruínas. As cidades de Aroer serão abandonadas; serão para os rebanhos, que se deitarão, e ninguém os espantará. E a fortaleza de Efraim cessará, e o reino de Damasco; e o restante da Síria será como a glória dos filhos de Israel, diz o Senhor dos Exércitos.”( Isaías 17:1-3)

Em 732 a.C., quando Tiglate-Pileser III conquistou a cidade ele a anexou a região ao Império Assírio. A conquista é confirmada em registros assírios, onde Tiglate-Pileser III relata sua vitória sobre Rezim, rei de Aram, e a captura de Damasco.

A Bíblia também relata este evento em 2 Reis 16:9:

“E o rei da Assíria deu ouvidos a ele; pois o rei da Assíria subiu contra Damasco, e a tomou, e levou o povo cativo para Quir, e matou Rezim.”

Registros históricos do cumprimento dessa profecia:

Estela de Tiglate-Pileser III no Museu Britânico
Estela de Tiglate-Pileser III no Museu Britânico

As inscrições de Tiglate-Pileser III detalham a campanha contra Damasco e a derrota de Rezim. Esses registros arqueológicos corroboram a narrativa bíblica e a profecia de Isaías.

Uma estela de Tiglate-Pileser III menciona a conquista de Damasco e a submissão de vários estados sírios.

Flávio Josefo: Em sua obra “Antiguidades Judaicas”, Josefo faz referência ao cumprimento da profecia de Isaías sobre a destruição de Damasco e a conquista da cidade por Tiglate-Pileser III. Ele descreve como Tiglate-Pileser III devastou Damasco e anexou Aram ao Império Assírio.

“Tiglath-Pileser, rei da Assíria, vindo em auxílio de Acaz, tomou Damasco e matou Rezim; e ele removeu o povo para a própria Assíria, tendo feito dele prisioneiros, e destruiu o reino de Rezim.”( Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, Livro 9, Capítulo 12, Seção 3)

Esta citação mostra claramente o cumprimento da profecia de Isaías, onde Damasco foi destruída e seu povo levado cativo, alinhando-se com os registros bíblicos e assírios.

 

Profecia do Profeta Isaías sobre a queda de Samaria.

Isaías profetizou a queda de Samaria, a capital do Reino do Norte de Israel, que foi conquistada e destruída pelos assírios em 722 a.C., levando ao cativeiro das dez tribos do norte.

Nesta passagem, Isaías fala ao rei Acaz de Judá sobre a iminente queda de Samaria e do Reino do Norte:

“Porque a cabeça da Síria é Damasco, e a cabeça de Damasco é Rezim (dentro de sessenta e cinco anos Efraim será quebrantado, e deixará de ser povo); e a cabeça de Efraim é Samaria, e a cabeça de Samaria é o filho de Remalias. Se não o crerdes, certamente não ficareis firmes.” (Isaías 7:8-9)

Aqui, Isaías fala sobre a captura de Damasco e Samaria pelos assírios:

“Porque antes que o menino saiba dizer: Meu pai ou minha mãe, as riquezas de Damasco e os despojos de Samaria serão levados diante do rei da Assíria.” (Isaías 8:4)

Nesta passagem, Isaías prevê a destruição de Samaria e do Reino do Norte por causa de seu orgulho e arrogância:

“E todo o povo saberá, Efraim e os habitantes de Samaria, que em orgulho e altivez de coração dizem: Os tijolos caíram, mas nós edificaremos de pedras lavradas; cortaram-se os sicômoros, mas por cedros os substituiremos. Portanto, o Senhor suscitará contra ele os adversários de Rezim, e ajuntará os seus inimigos; pela frente, a Síria, e por detrás, os filisteus; e devorarão a Israel à boca cheia. Com tudo isto não cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.” (Isaías 9:9-12)

A Biblia também menciona isso no livro de Reis:

“E o rei da Assíria subiu por toda a terra, e veio a Samaria, e sitiou-a por três anos. No nono ano de Oséias, o rei da Assíria tomou Samaria, e transportou Israel para a Assíria, e os fez habitar em Hala, e em Habor, junto ao rio Gozã, e nas cidades dos medos.”( 2 Reis 17:5-6)

Registros históricos e arqueológicos do cumprimento dessa profecia:

Prisma de Taylor
Prisma de Taylor 

As inscrições de Sargão II documentam a conquista de Samaria e a deportação de seus habitantes. Uma das inscrições menciona a captura de 27.290 habitantes de Samaria e a redistribuição deles em várias partes do Império Assírio.

O Prisma de Taylor, uma inscrição assíria, também menciona as campanhas de Sargão II, incluindo a conquista de Samaria.

Flávio Josefo: Em “Antiguidades Judaicas”, Josefo descreve a queda de Samaria e a deportação dos israelitas pelos assírios:

“Salmaneser, rei da Assíria, fez uma expedição contra Samaria, e cercou a cidade por três anos e a tomou pelo cerco. Ele removeu todos os habitantes para a Assíria e constituiu gente da sua própria nação na cidade, povoando-a com colonos babilônios e outros.” (Antiguidades Judaicas, Livro 9, Capítulo 14, Seção 1).

A profecia de Isaías sobre a queda de Samaria foi cumprida com a invasão assíria liderada por Salmaneser V e Sargão II, resultando na captura da cidade e na deportação dos israelitas em 722 a.C. Os registros históricos e arqueológicos, incluindo as inscrições assírias e os relatos de Flávio Josefo, corroboram este evento, evidenciando a precisão das profecias bíblicas de Isaías.

 

Profecia do Profeta Isaías sobre a Derrota dos Assírios.

A derrota dos assírios, especificamente a campanha de Senaqueribe contra Jerusalém durante o reinado do rei Ezequias de Judá, é um evento significativo profetizado por Isaías. Ele profetizou que o exército assírio que sitiava Jerusalém seria derrotado, uma profecia que se cumpriu quando um anjo do Senhor matou 185.000 soldados assírios durante a noite, como registrado também em 2 Reis 19:35-37.

Sobre isso Isaías fala:

“E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o Senhor: Não temas por causa das palavras que ouviste, com as quais os servos do rei da Assíria blasfemaram contra mim. Eis que meterei nele um espírito, e ele ouvirá um rumor, e voltará para a sua terra; e nela o farei cair à espada.”( Isaías 37:6-7)

“Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma; tão pouco virá perante ela com escudo, nem levantará contra ela tranqueira alguma. Pelo caminho por onde vier, por ele voltará; mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor. Porque eu defenderei esta cidade, para a livrar, por amor de mim, e por amor do meu servo Davi. Então saiu o anjo do Senhor, e feriu cento e oitenta e cinco mil no arraial dos assírios; e quando os homens se levantaram pela manhã cedo, eis que todos estes eram corpos mortos. Assim Senaqueribe, rei da Assíria, se retirou, e se foi, e voltou, e habitou em Nínive.”(Isaías 37:33-37)

Registros históricos e do cumprimento dessa profecia:

A profecia de Isaías sobre a derrota dos assírios foi cumprida de maneira dramática, com a destruição do exército de Senaqueribe e sua subsequente retirada para Nínive. Os registros históricos e arqueológicos, incluindo os relatos de Flávio Josefo e o Prisma de Senaqueribe, corroboram a narrativa bíblica, destacando a precisão das profecias de Isaías.

O prisma de Senaqueribe: Também conhecido como Prisma de Taylor, descreve a campanha de Senaqueribe em Judá, mencionando o cerco de Jerusalém e a captura de várias cidades, mas curiosamente não menciona a tomada de Jerusalém, sugerindo que algo impediu a conquista total.

Embora os registros assírios não relatem a destruição do exército de Senaqueribe da maneira que a Bíblia descreve, eles confirmam que Senaqueribe voltou a Nínive, onde ele continuou a reinar até ser assassinado.

O interessante é que este fato também é descrito no Livro de Reis exatamente como no Prisma de Senaqueribe com detalhes bem semelhantes:

“E aconteceu que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e quando se levantaram os restantes pela manhã cedo, eis que todos estes eram corpos mortos. Assim Senaqueribe, rei da Assíria, se retirou, e se foi, e voltou, e habitou em Nínive. E sucedeu que, estando ele a adorar na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; e escaparam para a terra de Ararate. E Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”( 2 Reis 19:35-37)

Flávio Josefo: Em “Antiguidades Judaicas”, Josefo relata a derrota dos assírios de maneira semelhante ao relato bíblico:

“E assim foi que naquela mesma noite um grande número dos exércitos de Senaqueribe pereceu, e ele, com o resto de seus exércitos, fugiu para sua própria terra.” (Antiguidades Judaicas, Livro 10, Capítulo 1, Seção 4).

Existem também outras profecias bem claras sobre a destruição dos Assírios proferidas por Isaías.

Em Isaías 10:12-19, o profeta fala como Deus trará juízo sobre o rei da Assíria por seu orgulho e arrogância.

Isaías profetiza que o Senhor quebrará o jugo assírio e que a Assíria será derrotada em Isaías 14:24-27.

Também em Isaías 30:31-33, o profeta prevê a destruição dos assírios e como o Senhor os punirá.

 

Profeta Isaías e a profecia sobre a Libertação dos Judeus por Ciro.

Isaías profetizou que Ciro, rei da Pérsia, libertaria os judeus do cativeiro babilônico e permitiria que eles retornassem a Jerusalém para reconstruir o templo, uma profecia que se cumpriu quando Ciro emitiu um édito permitindo que os judeus retornassem e reconstruíssem o templo em Jerusalém.

Isaías mencionou Ciro pelo nome cerca de 150 anos antes de seu nascimento, algo bastante raro nas profecias bíblicas, e pela descrição de sua missão como instrumento de Deus para a restauração de Israel.

“Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante dele; e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão; Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. E te darei os tesouros das escuridades, e as riquezas encobertas, para que possas saber que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome. Por amor do meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito, eu te chamei pelo teu nome; pus o teu sobrenome, ainda que não me conheceste. Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.”(Isaías 45:1-13)

“Assim diz o Senhor, teu Redentor, que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus, e espraiei a terra por mim mesmo; que desfaço os sinais dos mentirosos, e enlouqueço os adivinhadores; que faço tornar atrás os sábios, e converto em loucura o conhecimento deles; que confirmo a palavra do meu servo, e cumpro o conselho dos meus mensageiros; que digo a Jerusalém: Tu serás habitada; e às cidades de Judá: Vós sereis edificadas, e eu levantarei as suas ruínas; que digo à profundeza das águas: Seca-te, e eu secarei os teus rios; que digo de Ciro: Ele é meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz; dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao templo: Funda-te.”(Isaías 44:24-28)

Todo este contexto também é mencionado nos livros de Esdras e Neemias.

Registros históricos do cumprimento dessa profecia:

Quando Ciro, o Grande, rei da Pérsia, conquistou Babilônia em 539 a.C. ele emitiu um decreto permitindo que os judeus exilados retornassem a Jerusalém e reconstruíssem o templo (registrado em Esdras 1:1-4). Esse evento é um cumprimento direto das profecias de Isaías, onde Ciro é mencionado como o libertador escolhido por Deus para restaurar Jerusalém e o templo.

A Crônica de Nabonido
A Crônica de Nabonido

A Crônica de Nabonido: Também conhecida como Crônica de Nabonidus, é um antigo texto babilônico que documenta o reinado de Nabonido, o último rei da Babilônia, e a subsequente conquista da cidade por Ciro. Esta crônica corrobora a data da queda de Babilônia e a entrada pacífica de Ciro na cidade, alinhando-se com a narrativa de Isaías sobre a intervenção divina e a libertação.

Josephus (Flávio Josefo): O historiador judeu Flávio Josefo, em sua obra “Antiguidades Judaicas”, descreve a queda de Babilônia e a libertação dos judeus por Ciro. Ele menciona como Ciro permitiu que os judeus retornassem a Jerusalém e reconstruíssem o templo, referindo-se às profecias de Isaías:

“Nas crônicas dos nossos livros sagrados, lemos que Isaías, o profeta, predisse que Deus permitiria a destruição da Babilônia por um rei persa; e que o povo judeu, depois de ter sido capturado e escravizado pelos babilônios, será restaurado novamente ao país dos seus pais. Isso Isaías previu cento e quarenta anos antes que o templo fosse destruído. Em consequência, quando Ciro leu isto, admirou-se da visão divina e um entusiasmo e um desejo poderoso tomou conta dele para cumprir o que foi escrito.” (Antiguidades Judaicas, Livro 11, Capítulo 1)

Relatos de Heródoto: Também encontramos nos relatos de Heródoto, em suas “Histórias”, no mesmo texto onde ele registra a conquista de Babilônia por Ciro, a política geral de tolerância e benevolência de Ciro para com os povos conquistados. Embora Heródoto não mencione especificamente os judeus, ele descreve a abordagem de Ciro de permitir que os exilados voltassem às suas terras e restaurassem seus cultos religiosos.

Esta mesma afirmação feita por Herodoto também é registrada no Cilindro de Ciro, antigo artefato de argila encontrado na Babilônia em 1879, que confirma a política de Ciro de permitir que os povos exilados retornassem às suas terras e reconstruíssem seus templos. Embora o cilindro não mencione os judeus especificamente, ele descreve a abordagem de Ciro que está alinhada com o relato bíblico.

 

Profecias de Isaías sobre a Restauração de Israel que se cumpriram no passado e estão a se cumprir.

Isaías profetizou a restauração de Israel em vários capítulos de seu livro. Essas profecias se concentram na promessa de Deus de trazer de volta os exilados e restaurar a nação após o período de cativeiro. Vamos explorar algumas dessas profecias e analisar seu cumprimento histórico.

“Naquele dia o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo que restar da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate e das terras do mar. Ele levantará um estandarte para as nações, ajuntará os exilados de Israel e reunirá os dispersos de Judá desde os quatro cantos da terra.”(Isaías 11:11-12)

“E os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo, alegria eterna coroará suas cabeças; regozijo e alegria se apoderarão deles, e a tristeza e o suspiro fugirão.”(Isaías 35:10)

“Não temas, pois eu estou contigo; trarei os seus descendentes desde o oriente e os ajuntarei desde o ocidente. Direi ao norte: ‘Entregue-os!’ e ao sul: ‘Não os retenhas!’ Tragam meus filhos de longe e minhas filhas dos confins da terra.”( Isaías 43:5-6)

“Assim diz o Senhor Soberano: ‘Vejam, eu acenarei para as nações, erguerei minha bandeira para os povos; eles trarão seus filhos em seus braços e carregarão suas filhas em seus ombros. Reis serão os seus tutores e suas rainhas serão suas amas; eles se inclinarão diante de você com o rosto em terra e lamberão o pó dos seus pés. Então você saberá que eu sou o Senhor; aqueles que esperam em mim não ficarão decepcionados.”(Isaías 49:22-23)

Cumprimento Histórico desta profecia:

O cumprimento destas profecias também ocorre quando o rei Ciro da Pérsia, após conquistar Babilônia, emitiu um decreto permitindo que os judeus exilados retornassem a Jerusalém e reconstruíssem o templo. Este evento está registrado em Esdras:

“No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias, despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem há entre vós, de todo o seu povo, que seu Deus seja com ele, e suba a Jerusalém, que está em Judá, e edifique a casa do Senhor Deus de Israel (ele é o Deus) que está em Jerusalém.”( Esdras 1:1-4)

Registros Históricos: Também encontramos no Cilindro de Ciro este decreto transcrito de forma bem parecida com o texto que encontramos na Bíblia:

“Eu (Ciro) devolvi a essas cidades sagradas … os santuários de longa data, cujas fundações estavam agora abandonadas. Eu reuni todos os seus habitantes e devolvi-os às suas habitações.” (Kuhrt, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Period. Routledge, 2007. ISBN 978-0-415-43628-2.)

Cumprimento Posterior, em 1948. Além do retorno do exílio babilônico, as profecias de Isaías sobre a restauração de Israel também são vistas como cumpridas na era moderna com a fundação do Estado de Israel em 1948. Esse evento foi considerado por muitos como um cumprimento das profecias bíblicas sobre a reunião dos exilados judeus de todo o mundo.

Criação do Estado de Israel em 1948.
Criação do Estado de Israel em 1948.

As profecias de Isaías sobre a restauração de Israel são notáveis tanto pelo seu cumprimento histórico imediato, com o retorno dos judeus do exílio babilônico, quanto pelos eventos modernos relacionados à fundação do Estado de Israel. A precisão e a realização dessas profecias reforçam a importância de Isaías como um dos mais significativos profetas bíblicos, cujas palavras continuam a ter um impacto profundo na fé e na história do povo judeu.

 

Será que os escritos do Profeta Isaías são verdadeiros?

Existem dúvidas sobre os textos de Isaías, em relação as datas em que seu livro foi escrito e se ele é o verdadeiro autor dos textos proféticos que viriam a se cumprir centenas e centenas de anos depois?

Mais uma vez temos que citar que, quando se trata da Bíblia, encontramos um rigor absurdo por parte de cético, que se pudessem exigiriam até o DNA das próprias figuras históricas apresentadas nas Escrituras. Com relação a Isaías não é diferente.

Existe uma teoria levantada por alguns estudiosos que defende a ideia que dos 66 capítulos do livro de Isaías, nem mesmo 20 capítulos teriam realmente sido escritos pelo profeta original em seu tempo.

Segundo esta teoria, em resumo, o livro do Profeta Isaías não teria sido escrito completamente em 740 e 700 a.C. Parte dele, mais especificamente os capítulos 40-55 de Isaías, teriam sido escritos em 550 e 539 a.C. por um profeta anônimo e não pelo próprio Isaías. Já os capítulos 56-66 teriam sido escritos aproximadamente entre 538 e 520 a.C., também por um profeta anônimo, após o retorno do exílio, pois aborda a restauração de Jerusalém e do templo, e as novas realidades e desafios enfrentados pela comunidade judaica.

Existe a alegação que o texto de Isaías apresenta descontinuidade entre o Primeiro e Segundo Isaías onde é apontada uma mudança repentina do Século VIII a.C. para o Exilio Babilônico nos séculos VI c.C., onde a Assíria parece ser substituída pala Babilônia e são citados os nomes de Ciro II.

Qual é o principal problema em aceitarmos esta teoria?

Se esta conclusão estiver certa, então Isaías não deveria mais ser chamado de profeta e nem o conteúdo de seu livro de conteúdo profético. Na verdade, a figura de Isaías poderia ser preenchida por qualquer outra pessoa ou escriba, já que segundo esta ideia o livro do Profeta Isaías continuou sendo escrito por mais de 300 anos após sua morte.

A teoria também defende que várias profecias anteriores foram inclusive modificadas para se encaixarem melhor aos fatos que ocorreram em cada século.

Mas no que se baseiam estes estudiosos que afirmam isso?

Todo este estudo se baseia em uma pressuposição naturalista que analisa a Bíblia considerando o que seria possível apenas do ponto de vista natural. Partem de uma premissa já contaminada com o ceticismo, onde eles mesmos afirmam que seria impossível alguém prever acontecimentos futuros, como por exemplo a profecia de Isaías em relação ao Rei Ciro, que é mencionado pelo nome com 150 anos de antecedência e que destruiria Babilônia.

Logo, se Isaías fala de alguém com 150 anos de antecedência e profecias não existem sob o ponto de vista naturalista, a única explicação possível é que o livro de Isaías foi escrito posteriormente, quando Ciro já havia nascido. Dessa maneira, as profecias do livro de Isaías seriam perfeitamente possíveis, já que os escritores só registraram os fatos que vivenciaram sem precisar prever o futuro. Muitos afirma que é justamente por isso que as profecias são tão exatas em seu cumprimento.

 

Por que podemos confiar que o livro do Profeta Isaías foi realmente escrito por ele?

Como falamos anteriormente o objetivo por trás de se afirmar que o livro do Profeta Isaias teve mais de um autor, que foi construído em um período de 400 anos, compilado com base em acontecimentos correntes em cada época, foi concebida por naturalistas para justificar o fato do Profeta Isaías na verdade não prever de qualquer forma acontecimentos futuros, negando assim qualquer influência sobrenatural de Deus em relação a História.

Todas estas ideais vão começar a surgir a partir do século XX. Antes dos séculos XX e XI nunca se questionou sobre a singularidade da autoria do livro de Isaías.

Como podemos então refutar essas ideias?

Em primeiro lugar a dúvida sobre os textos de Isaías trata-se de uma teoria, baseada em suposições e observações, que já partem de uma premissa contaminada com um viés cético. O que significa que seria basicamente impossível provar se ela está certa, ou não.

Na verdade, isso só seria possível, se encontrássemos o livro original e completo do Profeta Isaias e pudéssemos constatar sua datação. Dessa forma poderíamos saber com certeza qual lado está com a verdade.

Porém existem fatores que podem nos trazer certa segurança e nos fazer confiar na autenticidade do livro do Profeta Isaías:

Nos rolos do Profeta Isaías encontrados nas cavernas de Qumran, localizadas perto do Mar Morto, na Cisjordânia, descobertos em 1947 e datados de aproximadamente 150 a 100 a.C., na parte que os críticos afirmam existir uma divisão de autores, á partir do capítulo 40 em diante, nestes rolos não encontramos quaisquer alterações ou indicações na coluna de que o autor teria mudado. A parte que se refere à divisão de autores, afirmada pelos críticos, não existe nestes rolos.

A última linha do capitulo 39 de Isaías é sucedida na mesma linha pelo do capitulo 40, sem mudar sequer o estilo de escrita, tinta, ou qualquer outro elemento que nos mostre uma ruptura.

Grande Manuscrito de Isaías, o mais preservado dos Manuscritos do Mar Morto Aproximadamente do século II a.C.
Grande Manuscrito de Isaías, o mais preservado dos Manuscritos do Mar Morto Aproximadamente do século II a.C.

De acordo com a tradição judaica os copistas não poderiam trocar, substituir palavras, fazer adições a textos sagrados, pois acreditavam também que se o fizessem poderiam sofrer maldições divinas. Eles produziam as copias com muito cuidado, mesmo as copias com erros gramaticais não apresentavam variações muito relevantes no sentido do que era escrito, havendo revisores para conferir todo o trabalho.

Se os copistas soubessem que havia mais de um escritor, assim declarariam e fariam uma clara divisão das partes do livro, como ocorre no que temos hoje compilado dos livros de Salmos e Provérbios, além de outros.

Claro que alguns poderão afirmar que mesmo estes rolos antigos possuem uma diferença de 400 anos dos escritos originais, e poderiam ter sido copiados por um único copista de um documento já compilado.

No entanto isso seria forçar de mais uma teoria moderna sobre aquilo que já está estabelecido.

Temos um livro de Isaías completo, que data de apenas 400 anos depois dos escritos originais e ele não possui nenhuma nota ou referência de descontinuidade. Por que então preferir crer em uma teoria naturalista que visa principalmente desmentir a fé, ao invés de crermos naquilo que já está estabelecido e reconhecido inclusive teologia tradicional judaico-cristã e tradição judaica?

Você também pode ler a nossa série de publicações sobre Escatologia e Profecias Bíblicas aqui no Pesquisador Cristão clicando nos links a seguir:

 

Fontes pesquisadas:

Echegary, J. González et ali (2000). A Bíblia e seu contexto. 2 2 ed. São Paulo: Edições Ave Maria. 1133 páginas. ISBN 9788527603478

Pearlman, Myer (2006). Através da Bíblia. Livro por Livro 23 ed. São Paulo: Editora Vida. 439 páginas. ISBN 9788573671346

Bíblia de Jerusalém, Nova Edição Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Impressão (2004), Ed. Paulus, São Paulo, p 1.237

Perguntas mais Frequentes sobre o Profeta Isaías Arquivado em 20 de setembro de 2010, no Wayback Machine., acessado em 14 de agosto de 2010

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Monteiro Junior

Pastor e estudante das Escrituras, idealizador do Projeto "O Pesquisador Cristão." Estudou Teologia e Sistemas de Informação. Atualmente dedica-se a pesquisas relacionadas a História do Cristianismo, Novo e Antigo Testamento. Acredita e defende a "busca e compartilhamento do conhecimento nos tempos modernos..."

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