Jesus Cristo comprovado

Jesus Cristo e os registros históricos que comprovam a sua existência.

Jesus Cristo e os registros históricos que comprovam a sua existência.

Jesus Cristo comprovado

“Até mesmo o historiador mais crítico pode confiantemente afirmar que um judeu chamado Jesus viveu como um mestre e operador de milagres na Palestina, durante o reinado de Tibério, foi executado por crucificação sob o prefeito Pôncio Pilatos e continuou a ter seguidores após sua morte.” (Luke Timothy Johnson, Universidade Emory).

Em estudos anteriores nós afirmamos que existe uma tradição histórica ininterrupta durante os séculos que pode ser seguida através de documentos, citações, achados arqueológicos, e outras provas, que são capazes de nos conectarem diretamente a Jesus Cristo ainda no primeiro século.

Jesus é uma das poucas personalidades históricas, ou talvez a única, em que podemos observar esse fenômeno.

Testemunhos e registros históricos que podem ser usados para confirmar a crucificação de Cristo, a perseguição dos cristãos e outras narrativas do Novo Testamento como a citação de Tácito por exemplo, um renomado historiador, orador, etnógrafo e senador romano, existem em quantidades consideráveis.

Não deixe de conferir mais sobre isso em nosso estudo anterior: Existem evidências da existência de Jesus Cristo fora da Bíblia?

É por causa desses registros históricos que podemos ter certeza absoluta que vários detalhes do Novo Testamento mencionando Jesus Cristo são verdadeiros. Vou lhes dar um exemplo claro disso:

Inúmeros documentos, tanto pergaminhos como depoimentos escritos e reconhecidos por contemporâneos desse Messias são encontrados aos montes. Estes documentos e narrativas gozam de total reconhecimento em seu próprio tempo. Ou seja. É um período histórico registrado que não foi desmentido por ninguém, mas corroborado mutuamente por muitos até mesmo por inimigos da religião cristã.

Estes documentos e registros históricos comprovam que o Novo Testamento era literatura corrente ainda no primeiro século. É possível através de escritos feitos por homens como Justino Mártir, Ireneu, Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano e outras personalidades históricas, reconstruir completamente o novo testamento.

Fizeram tantas citações do Novo Testamento (36.289 vezes, para ser mais exato) que todos os versículos, com exceção de apenas 11, poderiam ser reconstituídos simplesmente através de suas citações.

Neste estudo vamos continuar explorando estes panoramas do contexto do Novo Testamente fora da Bíblia, analisando mais uma citação histórica que menciona detalhes sobre Jesus, seu culto, seguidores, e acontecimentos ligados a Ele.

Você também pode ler todos os capítulos dessa série clicando nos links a seguir: 

 

Escritos de Luciano de Samósata mencionam Cristo e os cristãos.

Luciano de Samósata foi um escritor, retórico e satirista do século II d.C. Ele nasceu por volta de 125 d.C. em Samósata, uma cidade situada na província romana da Síria, que hoje faz parte da Turquia. Ficou conhecido por suas obras satíricas e diálogos filosóficos.

Ele era famoso por seu estilo irônico, sagacidade e habilidade literária.

Algumas de suas obras mais conhecidas incluem “Diálogos dos Deuses”, onde ele apresenta conversas imaginárias entre divindades mitológicas, e “Vida de Peregrino”, uma sátira sobre os cultos religiosos da época. Luciano também escreveu várias obras que abordam temas filosóficos e retóricos.

Na biografia zombeteira de um homem convertido ao cristianismo que depois termina por apostatar da fé, Proteus Peregrino, em “A Passagem do Peregrino,” é narrado por ele que Proteus era um fílosofo adepto da corrente cínica. Neste texto ele menciona Jesus, como o “sofista crucificado” que era adorado pelos seus seguidores cristãos.

“Foi então que ele [Proteus] conheceu a maravilhosa doutrina dos cristãos, associando-se a seus sacerdotes e escribas na Palestina. (…) E o consideraram como protetor e o tiveram como legislador, logo abaixo do outro [legislador], aquele que eles ainda adoram, o homem que foi crucificado na Palestina por dar origem a este culto (…) Os pobres infelizes estão totalmente convencidos que eles serão imortais e terão a vida eterna, desta forma eles desprezam a morte e voluntariamente se dão ao aprisionamento; a maior parte deles. Além disso, seu primeiro legislador os convenceu de que eram todos irmãos, uma vez que eles haviam transgredido, negando os deuses gregos, e adoram o sofista crucificado vivendo sob suas leis.” [1]

Em outra abordagem do trecho de sua obra “A Morte do Peregrino” ele faz essa citação sobre Jesus Cristo, os cristãos, seu culto e a crucificação:

“Os cristãos, vocês sabem, adoram um homem até hoje – o personagem distinto que introduziu seus novos rituais e foi crucificado por causa disso … Veja, essas criaturas equivocadas começam com a convicção geral de que são imortais para sempre , o que explica o desprezo pela morte e auto-devoção voluntária que são tão comuns entre eles ; e então foi impresso neles pelo legislador original que eles são todos irmãos , desde o momento em que são convertidos , e negam os deuses da Grécia , e adoram o sábio crucificado e vivem de acordo com suas leis. Eles assumem tudo isso pela fé , com o resultado de que desprezam todos os bens mundanos da mesma forma , considerando-os meramente como propriedade comum.” [2]

Luciano também menciona várias vezes os cristãos em Alexandre, o Falso Profeta, seções 25 e 29.

 

O que podemos concluir sobre Jesus e os cristãos pelas citações de Luciano de Samósata?

Podemos concluir que a teoria difundida por céticos e ateus de que Jesus Cristo seria apenas um mito estabelecido á partir do quarto século é completamente improvável quando contrastada com os escritos de Luciano.

Mas por qual motivo podemos afirmar isso?

Acredita-se que Luciano de Samósata tenha nascido por volta de 125 d.C. Já a data tradicionalmente aceita para a morte de Jesus Cristo é por volta do ano 30 ou 33 d.C. Portanto, aproximadamente 95 a 98 anos se passaram entre a morte de Jesus Cristo e o nascimento de Luciano de Samósata e depois disso poucos anos para as suas zombarias aos cristãos e a Jesus Cristo serem escritas.

Ou seja. Naquela época a religião dos cristãos já era bem conhecida e com crenças bem estabelecidas e estruturadas a ponto de até escritores satíricos a estarem mencionando com os mesmos detalhes que encontramos nas narrativas do Novo Testamento. Não foi um mito construído quatro séculos depois por romanos ou pela Igreja Católica como alguns defendem.

Também podemos retirar uma coletânea de confirmações além dessa dos textos satíricos de Luciano de Samósata que concordam plenamente com o culto e comportamento cristão descritos nas Escrituras, como por exemplo:

  1. Os cristãos seguiam um Jesus Cristo que foi crucificado na Palestina.
  2. Jesus era um legislador ou mestre para os cristãos.
  3. Os cristãos adoravam a Jesus como Deus.
  4. Os cristãos faziam tudo isso movidos pela fé.
  5. Cristãos desprezavam os bens mundanos.
  6. Consideravam os bens mundanos propriedade comum.
  7. Jesus iniciou novos ensinos na Palestina.
  8. Jesus foi crucificado por causa dos seus ensinos.
  9. Jesus ensinou aos seguidores “certas doutrinas.”
  10. Cristãos acreditavam na vida eterna.
  11. Por acreditarem na vida eterna não temiam a morte.
  12. Não tinham medo de serem presos por causa de sua fé, até se entregavam a isso.
  13. Se tratavam como irmãos.
  14. Não adoravam aos deuses gregos.
  15. Cristãos seguiam as Leis de Jesus Cristo.

Portanto é muito interessante encontramos registros históricos tão exatos sobre os cristãos e o culto a Cristo feitos por um escritor inimigo do cristianismo que ao escrever um texto depreciando e zombando da fé acabou por servir como fonte de comprovação para o que tanto desprezava.

 

É possível que as citações de Luciano de Samósata sejam falsas?

É importante lembrar que as obras de Luciano de Samósata são escritas do ponto de vista da sátira e não podem ser consideradas como relatos históricos precisos e fiéis. Luciano estava familiarizado com várias religiões e crenças da época, em suas obras ele usa o sarcasmo e a ironia para criticar essas crenças e práticas religiosas, incluindo o cristianismo, por isso é inevitável que ele não mencionasse várias das práticas ou características destas religiões.

Por que alguém escolheria um escritor impreciso, que usa de sarcasmo, para comprovar alguma coisa?

E por ser um escritor satírico seria pouco provável que os textos de Luciano fossem escolhidos por falsificadores com o intuito de servirem de alguma forma para embasar ou apoiar a religião cristã, ou mesmo para comprovarem os escritos do Novo Testamento, a ponto de sofrerem falsificação e interpolação de copistas.

Aliás a ideia de falsificação de textos parte principalmente de céticos modernos, Sempre que um texto antigo citando Jesus Cristo surge como confirmação a um ponto de vista religioso contido na Bíblia, aparecem desculpas e teorias nunca acompanhadas de provas palpáveis de que ocorreu interpolação de copistas, falsificação de textos, etc.

E mesmo que consigamos encontrar muitos paralelos entre o que Luciano escreveu e o Novo Testamento narrou sobre Jesus Cristo e os cristãos, todavia os textos satíricos deste escritor não seriam a melhor escolha para se fazer uma interpolação ou falsificação. Por que alguém se daria ao trabalho de falsificar suas obras quando existem inúmeras outras fontes muito melhores e de maior significância histórica?

Vale lembrar que Luciano não era favorável aos cristãos, tanto que os chama de “criaturas equivocadas” e a Jesus ele chama de “sofista crucificado.” Que pode ser um termo usado para descrever ensinadores trapaceiros que ensinavam por dinheiro.

Luciano desprezava os cristãos por adorarem alguém considerado um criminoso digno de morte, desprezando principalmente “o homem que foi crucificado.”

Também podemos observar que, embora os textos satíricos deste escritor descrevam detalhes que corroboram com os escritos do Novo Testamento, as suas palavras e termos não possuem nenhuma harmonia com o texto religioso. Sobre isso, Van Voorst escreve:

“O uso das palavras não pertencentes ao Novo Testamento ‘patrono’, ‘legislador’ e, especialmente, sua palavra característica para ‘crucificado’ também argumenta claramente contra uma fonte do Novo Testamento. Portanto, não há conexão literária ou oral entre Luciano e o Novo Testamento e outras literaturas cristãs primitivas em relação à pessoa de Jesus.”

 

As citações de Luciano de Samósata não são falsas pois concordam com o pensamento pagão da época sobre os cristãos e Jesus Cristo.

Em vários dos seus escritos Luciano de Samósata descreve os cristãos como ignorantes, ingênuos, incapazes de raciocinar, tolos por dividirem suas posses e seguirem uma religião que não lhes apresenta vantagens. Mas ele parece reconhecer um pouco de virtude nessas pessoas pela forma como elas cuidam umas das outras e deixou isso registrado em seu ensaio “Da Amizade”, no que se refere a assistência de Demétrio a Antífilo na prisão [23].

Essa forma de enxergar os cristãos era a mentalidade pagã corrente na época e podemos observar a mesma visão através dos escritos de Galeno que era contemporâneo de Luciano de Samósata e era médico da corte do Imperador Marco Aurélio. Ele escreveu praticamente na mesma época, em sua obra ‘República de Platão’ várias citações que corroboram com os pensamentos de Luciano.

Galeno menciona que os cristãos assim como “a maioria das pessoas não eram capazes de seguir uma linha contínua de raciocínio”, no entanto, “mesmo extraindo sua fé de parábolas e milagres, agiam como os filósofos”.

Ele elogia o fato dos cristãos não se preocuparem com a morte, se dedicarem a abstinência e controle da sexualidade, controlarem o desejo por comida e bebida, por possuírem anseio pela justiça “assim como os verdadeiros filósofos”. [25] Apesar de criticar os da “escola de Cristo” por serem simplórios e pouco letrados, por aceitarem tudo pela Fé, mesmo assim os admira por terem em alta conta os valores morais extraídos do seu evangelho de “parábolas e milagres”. Ensinos que permitem aos discípulos atingirem as virtudes fundamentais de coragem, temperança e justiça.

Esta visão em parte também aparece nos escritos de Trifo que escreveu quarenta anos antes de Luciano de Samósata e de Porfirio que escreveu cem anos depois.

Em todos os escritos desses homens os cristãos são retratados como simplórios, ingênuos, seguidores de Jesus Cristo que abandonaram os deuses gregos e também as leis mosaicas e como possuidores de uma excessiva credulidade.

Portanto depois de avaliarmos o que Luciano de Samósata escreveu sobre Jesus e os cristãos podemos perceber que embora ele não pretendesse registrar um fato histórico favorável a Cristo e a religião cristã, acabou por fazê-lo, pelo simples fato de que isso era inevitável, já que Cristo e os cristãos existiram neste período. Temos inúmeras provas a respeito disso e os escritos de Luciano são apenas um pequeno fragmento das provas concretas da existência de Jesus Cristo.

Você também pode ler todos os capítulos dessa série clicando nos links a seguir: 

 

Fontes pesquisadas:

(JOHNSON, Luke Timothy. The Real Jesus (O Jesus Real). São Francisco: Harper San Francisco, 1996, p. 123.)

Passagem do Peregrino, 11 e 13.

Passagem do Peregrino, 12.

A Morte do Peregrino, 11-13.

Luciano de Samosata, Passagem do Peregrino, 11 e 13

Aulio Gélio, Noites Àticas, Livro XII, cap11

Mark Alan Powell, Jesus as a Figure in History: How Modern Historians View the Man from Galilee, page 33

David Flusser (1998), Jesus, fl. 13

Porfírio, Da Filosofia dos Oráculos, citado por Santo Agostinho em Cidade de Deus, Livro 19, capítulo 23

Justino Martir, Dialogo com Trifo, capítulo X.

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Monteiro Junior

Pastor e estudante das Escrituras, idealizador do Projeto "O Pesquisador Cristão." Estudou Teologia e Sistemas de Informação. Atualmente dedica-se a pesquisas relacionadas a História do Cristianismo, Novo e Antigo Testamento. Acredita e defende a "busca e compartilhamento do conhecimento nos tempos modernos..."

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Pastor e estudante das Escrituras, idealizador do Projeto "O Pesquisador Cristão." Estudou Teologia e Sistemas de Informação. Atualmente dedica-se a pesquisas relacionadas a História do Cristianismo, Novo e Antigo Testamento. Acredita e defende a "busca e compartilhamento do conhecimento nos tempos modernos..."